Lula, ao inaugurar nova fase na Hemobrás, fala agora em soberania na saúde
A Hemobrás, hoje, abastece o sistema público com produtos obtidos por meio de acordos de transferência de tecnologia
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(Brasília-DF, 14/08/2025) Como parte de sua agenda em Pernambuco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Goiana, participou da cerimônia de inauguração de mais dois blocos de produção de medicamentos hemoderivados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana (PE). As novas unidades permitirão que o Brasil alcance autonomia no fracionamento de plasma humano, que é extraído do sangue doado por brasileiros em hemocentros espalhados pelo país.
Resultado de investimento de R$ 1,9 bilhão, a planta industrial vai produzir medicamentos de alto custo, como albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação VIII e IX. Os produtos são usados no tratamento de queimados graves, pacientes de UTIs, hemofilias, doenças raras e em grandes cirurgias.
O presidente destacou que a nova unidade também é um marco para a soberania nacional na produção de medicamentos essenciais ao Sistema Único de Saúde (SUS) e um passo a mais para a autossuficiência do país no setor.
“Um país soberano, ele tem que cuidar de três coisas: da educação, de garantir alimento para todo mundo, porque a segurança alimentar é uma coisa primordial. E, ao mesmo tempo, a gente garantir a questão da saúde. Isso aqui chama-se soberania nacional. A Hemobrás veio para ficar e vai ser a maior fábrica da América Latina. E veio para mostrar que o Brasil é soberano”, disse Lula
A Hemobrás, hoje, abastece o sistema público com produtos obtidos por meio de acordos de transferência de tecnologia. Em 2024, entregou um recorde de 552 mil frascos de hemoderivados e 870 milhões de Unidades Internacionais de medicamentos recombinantes. A nova fábrica permite que o Brasil produza, em quatro anos, até 500 mil litros de plasma fracionado por ano e seis tipos de medicamentos.
Com a inauguração dos blocos B02 (fracionamento do plasma) e B03 (envase e liofilização) e a entrega dos equipamentos, a nova fábrica inicia a qualificação de processos, uma condição obrigatória no setor farmacêutico. A expectativa é que no próximo ano a empresa comece a fracionar o plasma, processo onde são obtidas as proteínas que servem de matéria-prima e que, após refinadas, se transformam nos medicamentos.
ligada ao Ministério da Saúde, atualmente, a Hemobrás recolhe plasma excedente de 72 hemocentros públicos e serviços de hemoterapia em todo o país. Esse insumo, que hoje é enviado para processamento no exterior, agora passa a ter maior parcela de produção no território nacional.
No ano passado, Lula inaugurou a fábrica de medicamentos produzidos por biotecnologia, no bloco B07 do complexo industrial da Hemobrás. A unidade já embala o Hemo-8r, fundamental para o tratamento da hemofilia A.
Após passar por todas as fases de qualificação de equipamentos e processos, a planta recebeu inspeção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em julho e certificado de boas práticas de fabricação. Assim, está apta a realizar a primeira das três etapas de produção nacional e vai entregar aos SUS 300 mil frascos do Hemo-8r até o final do ano.
O próximo passo, ainda no segundo semestre, será o início da segunda etapa, envasando o primeiro lote de medicamentos. E até o final de 2026, fecha a última etapa, com a fabricação do insumo farmacêutico ativo (IFA).
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O ministro da Saíde, Alexandre Padilha, lembrou que, antes da Hemobrás, o Brasil vivia uma realidade muito dura no setor de hemoderivados.
“A luta pelo SUS começou em parte pela luta contra o descalabro que eram os bancos de sangue no país. Quando a rede era só privada, quando as pessoas eram pagas para doar sangue e se comprava o sangue. Quando os hospitais, as santas casas, hospitais privados, para garantir a albumina, para garantir o plasma, para garantir um fator fundamental para garantir a coagulação, tinham que comprar esse produto no banco de sangue. Quantos pacientes não morreram de hepatite A, de hepatite B, de hepatite C e do HIV, de doenças que a gente nem sabia que existiam lá no final dos anos 70, anos 80?”.
“Hoje é, acima de tudo, um dia de segurança para as famílias brasileiras. De segurança para as pessoas que sofrem com essas doenças, de segurança para cada profissional de saúde, seja do SUS ou do setor privado. A segurança desses profissionais que vão prescrever um medicamento 100% produzido no Brasil, 100% certificado pela Anvisa, com 100% qualidade”, frisou Padilha.
A presidenta da Hemobrás, Ana Paula Menezes, destacou o caráter altruísta de todos aqueles que doam sangue no país. “Aqui no Brasil o plasma que vem da doação voluntária, altruísta, do nosso povo tem que voltar como medicamento para o nosso povo”, afirmou.
“Temos hoje em média 800 empregados e colaboradores na nossa fábrica. Já fomos autorizados neste ano a contratar pelo concurso mais 300 profissionais. Na inspeção da Anvisa, há 15 dias, o que a Anvisa mais destacou foi a qualidade do nosso time, a qualidade técnica e o compromisso com o que eles estão fazendo no dia a dia. E esse compromisso não é somente porque eles estão produzindo medicamentos para salvar vidas e melhorar a vida da população. Só isso já seria suficiente. Mas é o compromisso também de quem sabe que está desenvolvendo um projeto de cidadania, garantindo que o plasma do brasileiro venha para a nossa fábrica e se transforme em medicação”, reforçou Ana Paula Menezes.
A vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause, afirmou que a inauguração da Fábrica de Hemoderivados da Hemobrás é mais um passo para que o país se torne autossuficiente na produção de hemoderivados.
“É mais um importante ponto de chegada de uma longa batalha de muitos. Um momento histórico, que aponta de forma firme, consistente e esperançosa para a tão desejada autossuficiência da produção de hemoderivados, essencial para a saúde de milhões de brasileiros, bem como para a soberania nacional. A inauguração da fábrica de hemoderivados nos possibilita entrar em outra fase do processo de transferência de tecnologia para a fabricação nacional de albumina e imunoglobulina, fator 8 e fator 9”, declarou.
( da redação com informações da Ag. Brasil. Edição: Política Real)