Rússia faz 550 ataques aéreos sobre Ucrânia, no pior ataque desde do início da guerra; Vladimir Putin conversou com Donald Trump nessa quinta e disse que iria atender os apelos de buscar a paz com a Ucrânia
A capital ucraniana, Kiev, foi o principal alvo dos ataques, que deixaram ao menos 23 feridos
Com agências
(Brasília-DF, 04/07/2025) Uma coisa é que o Vladimir Putin, presidente da Rússia, fala em conversas com Donald Trump, presidente dos Estados Uniidos, prometendo avançar em discurso de paz com a Ucrânia, outra coisa é o que ele faz na prática.
Na noite dessa quinta-feira, 04, para sexta-feira, 4, a Ucrânia viveu sua pior noite de bombardeio desde o início da guerra, tendo sido alvo de 11 mísseis e 539 drones disparados pela Rússia– um novo recorde em pouco mais de três anos de conflito, segundo a Força Aérea ucraniana.
A capital ucraniana, Kiev, foi o principal alvo dos ataques, que deixaram ao menos 23 feridos, danificaram a infraestrutura ferroviária e incendiaram prédios e automóveis pelas ruas. A embaixada da Polônia também registrou danos.
Vídeos nas redes sociais mostravam pessoas correndo em busca de abrigo dos bombardeios, bombeiros combatendo as chamas na escuridão e edifícios arrasados pelas explosões.
As Forças Armadas ucranianas afirmam ter abatido 270 dos 550 ataques aéreos, incluindo dois mísseis de cruzeiro. Outros 208 drones aparentemente tiveram a navegação desviada com sucesso. Em contrapartida, nove mísseis e 63 drones atingiram em cheio seus alvos, e destroços de drones interceptados caíram em pelo menos 33 localidades.
Seis dos dez distritos de Kiev registraram danos nos dois lados do rio Dnipro, que corta a metrópole. Destroços de drones – a maioria do tipo Shahed, de fabricação iraniana – provocaram um incêndio em uma instalação médica no distrito de Holosiivskyi, segundo o prefeito Vitali Klitschko.
Embora tanto a Rússia quanto a Ucrânia neguem visar civis em seus ataques, milhares já foram mortos em ataques do tipo desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022 – a maioria, ucranianos.
EUA suspenderam envio de armas
O bombardeio ocorreu momentos depois de um telefonema entre o presidente americano, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin. Na ligação, Putin reafirmou que a "Rússia continuará a perseguir seus objetivos" na Ucrânia, a despeito dos apelos por um cessar-fogo. Já Trump declarou posteriormente a jornalistas que ele não acha que Putin vai deixar de guerrear.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, chamou o ataque russo de "cínico" e afirma que ele foi "praticamente simultâneo" ao início da ligação entre Trump e Putin. "Tudo isso é prova óbvia de que sem pressão em larga escala, a Rússia não mudará seu comportamento estúpido e destrutivo", disse.
Os bombardeios russos na Ucrânia têm se tornado cada vez mais agressivas nas últimas semanas, quebrando recorde atrás de recorde.
Mais cedo nesta semana, os Estados Unidos anunciaram a suspensão do fornecimento de algumas armas cruciais para a defesa ucraniana, com Kiev alertando que a decisão comprometeria sua capacidade de repelir ataques aéreos e de frear o avanço de tropas russas. O assunto deve voltar a ser discutido entre Trump e Zelenski em telefonema nesta sexta-feira.
Trump afirmou na quinta-feira que seu governo estava "tentando ajudar" a Ucrânia, mas que o governo de seu antecessor, Joe Biden, teria desfalcado os estoques de armas americanas ao entregá-las a Kiev. "Demos tantas armas [...], estamos tentando ajudá-los [Ucrânia]", disse Trump. "Mas, sabe, Biden esvaziou nosso país dando armas a eles, e temos que garantir que temos [armas] o suficiente para nós mesmos", disse Trump.
Menos de 24 horas após telefone de Donald Trump com Vladimir Putin. Eles voltaram a se comunicar nesta quinta-feira,3.
O assessor presidencial Yuri Ushakov deu detalhes à imprensa do que foi discutido entre os líderes mundiais:
Putin disse a Trump que a Rússia continua a buscar uma solução negociada para o conflito ucraniano;
O líder russo disse ao presidente dos EUA que Moscou não desistirá de eliminar todas as causas do conflito;
Trump levantou a questão de um fim antecipado da ação militar na Ucrânia;
O presidente norte-americano informou Putin a respeito da aprovação bem-sucedida de um projeto de lei sobre reforma tributária e imigratória no Senado;
Durante a conversa, Putin e Trump abordaram os acontecimentos na Síria. Moscou e Washington continuarão o diálogo sobre o assunto;
Os presidentes discutiram uma série de projetos econômicos conjuntos promissores em energia e exploração espacial, mas não discutiram um encontro pessoal;
Putin parabenizou Trump pelo próximo Dia da Independência dos EUA, observando que a Rússia desempenhou um papel importante na formação do Estado norte-americano;
Os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos continuarão a se comunicar e poderão pegar o telefone a qualquer hora do dia se precisarem conversar.
( da redação com informações da DW e Sputnik News. Edição: Política Real)