Agora é para valer, Lula!

(Brasília-DF) Começa um novo tempo, acredite. Desde novembro de 2022, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva começou a governar mesmo sem ter sido diplomado e empossado. Algo inédito neste país, cheio de ineditismo faz tempo!

Tivemos uma eleição onde nunca se teve tanto dinheiro público envolvido, ao arrepio da lei e sob o beneplácito da lei, um presidente que perdeu a eleição e um eleito que esteve 580 dias preso, um país à beira da loucura ideológica e da ruptura democrática.

Nesta semana que se inicia, ainda no aparentemente interminável janeiro de 2023, teremos a escolha dos novos, ou renovação, dos comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.  Posse dos novos congressistas. Se esperava um Congresso com muito reeleitos e não foi isso que se viu. O Orçamento Secreto que parecia garantir uma reeleição sem precedentes desde a Nova República não foi o que se viu.

Ficou provado aquilo que todos sabem: o sol é para todos mas a sombra é para poucos. O Orçamento Secreto não era para todos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou de mão beijada do Governo Bolsonaro o sufoco de ter que governar antes do 1º de Janeiro, mas teve também o 8 de janeiro e a crise humanitária dos Yanomamis,

A princípio isso faz com que se tenha deixado para lá um Ministério com 37 ministros, um grande rearranjo, várias besteiras ditas pelo senhor presidente, especialmente a briga com o Mercado que ele não perdoa, apesar de ter dito que não tem ódio no coração, pelo fato dele ter aceito todos os tipos de barbaridades de Bolsonaro. 

Lula chega aqui com amplo apoio internacional, nas Américas, e fora dela, mas a declaração de que houve golpe no afastamento de Dilma Rousseff, chamando Michel Temer de golpista foi um grande equívoco para o novo momento.  Ele tem um vice-presidente, Geraldo Alckmin, que apoiou o impeachment e um bom número de ministros, assim como o atual presidente do Senado e Congresso, Rodrigo Pacheco, que à época, deputado, também foi artífice legal do impedimento.

Lula ao receber tantos beneplácitos, quase octagenário, pode até imaginar que está sendo brindado pelo brilho de estrela histórica, mas a história, como disse Marx e Engels em 18 Brumário, se não estou enganado, quando se repete o faz mediante farsa.

O Mundo desta segunda década do Século 21 não é o mesmo. Lula sabe que o seu “Lula 3” não tem os ingredientes dos anteriores.

Num ponto Lula sabe usar o que já conhece de sobra - o Brasil das convergências necessárias, isso deverá lhe ajudar a ter nesta semana chefes do Legislativo, seja na Câmara como no Senado, comprometidos com a governabilidade, mas ele não se equivoque a ponto de imaginar que eles devidamente instalados, como aquele que coloca a mão na ponta da faca, vão deixar de atender seus públicos.

Lula, tendo esta sorte a favor, tem que atuar com um esmero que vem lhe fugindo nos últimos tempos.  Ele terá que lidar com um Congresso, em que boa parcela, não está nem aí com o melhor do país. A Extrema Direita prefere o discurso mais que tudo e vai preferir o caos.

A Lula não é mais permitida a boba conquista retórica, agora o jogo é outro. A tribuna é livre. Tem que vencer a boa construção social, econômica e política. Tem que vencer também nas redes.  

Agora é para valer, Lula!

Por Genésio Araújo Jr.

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