31 de julho de 2025
OPINIÃO

Eduardo Cunha e o Nordeste!

Vamos guardar as proporções. Naquela época, nos anos 50 e 60, tínhamos uma elite política saída da ditadura de Vargas pronta para grandes debates, tínhamos a Guerra Fria e as ideais fervilhavam. Lacerda tinha gente extremamente preparada para levantar a b

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(Brasília-DF)  O dia 19 de outubro de 2016 vai entrar para a breve história da democracia brasileira moderna como aquele em que foi preso, em Brasília, o senhor Eduardo Cunha. O mais poderoso presidente da Câmara dos Deputados depois de Ulysses Guimarães.

Muito vai ser dito e escrito sobre esse senhor, uma das figuras públicas mais detestadas e impressionantes da vida pública nacional recente. Parece ser uma sina dos homens públicos vindos da antiga Guanabara! Carlos Lacerda era famoso por sua inteligência mercurial.

Tanto Carlos Lacerda como Eduardo Campos, por virem do Rio de Janeiro, que não tem histórico de uma elite política consistente e arraigada na República, mesmo tendo sido Capital do Brasil por tanto anos – se serviram da elite política nordestina, conhecida por sua capilaridade e proeminência.

Vamos guardar as proporções. Naquela época, nos anos 50 e 60, tínhamos uma elite política saída da ditadura de Vargas pronta para grandes debates, tínhamos a Guerra Fria e as ideais fervilhavam. Lacerda tinha gente extremamente preparada para levantar a bola para sua genialidade.  Nordestinos como Octávio Mangabeira, José Américo de Almeida, Juarez Távora, Antônio Carlos, Juraci Magalhães, Carlos de Lima Cavalcanti. Eram nordestinos conservadores, gente da elite política nacional.

Eduardo Cunha não tinha o mesmo plantel.  Ele chegou ao poder porque trouxe para seu lado os melhores quadros da elite parlamentar do seu PMDB, gente preparada para a política atual que tanto se contesta. Eram seus vice-líderes num PMDB que transformou numa máquina política orgânica, como fazia tempos que não se via, deputados nordestinos como Marcelo Castro, Danilo Forte, Lúcio Vieira Lima, Manoel Junior entre outros. Assim que se aboletou na cadeira de Presidente da Câmara Federal ele jogou todos na lata do lixo, alguns até saíram do PMDB.

Fez o mesmo que Getúlio Vargas quando amarrou seus cavalos no Obelisco da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Só que Vargas após tomar o poder em 1.930 se livrou de seus companheiros gaúchos, pois eles eram prontos para a guerra e ele queria montar um concerto. Eduardo Cunha se livrou de quase todos os nordestinos que lhe ajudaram a montar uma estratégia para enterrar o bonapartismo que tinha se instalado no Brasil, agora conduzido por uma inapropriada para a política. Se livrou de quase todos eles pois não podia manipulá-los como queria. Ele não queria concerto, ele queria uma guerra bem sua.

Eduardo Cunha montou um novo grupo de nordestinos que nunca tinham sido nada no Congresso, gente que não mal sabe soletrar certas palavras do cotidiano parlamentar e que nunca nem leram orelhas de livros básicos para se entender de Política com “P” maiúsculo.

Muito se especula que Eduardo Cunha, preso por tempo indeterminado, irá fazer uma vareio na política com “p” minúsculo. Ele manipulou, inequivocamente, um grupo grande de políticos nordestinos que têm muito a perder com sua possibilidade de predar. Não podemos esquecer que a relação dele com grandes construtoras, verdadeiros  conglomerados nascidos no Nordeste, como OAS, Oderbrecht e Queiróz Galvão, tem inequívoca capacidade de mexer com gerações de interesses. 

Os capítulos de um possível livro de Eduardo Cunha sobre o Brasil recente fará o Nordeste ser muito mais que interessante aos brasileiros que suas praias e belezas nas férias de janeiro!

Resta aguardar!

Foi Genésio Araújo Jr, jornalista

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