31 de julho de 2025
OPINIÃO

A política da turma de baixo!

Não sei se já contei isso por aqui para vocês. Mas face ao que virá, vou contar. Uma vez participei de um encontro na residência do presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade.

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(Brasília-DF)  Nesta semana, teremos uma boa movimentação em Brasília, pelo menos está previsto. A última antes das eleições municipais, em segundo turno. Um dos assuntos que estão previstos será a definição, e talvez, constituição, de uma Comissão Especial de Reforma Politica. Isso é fruto de um acordo entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, e presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para votar, em comum acordo, uma mudança nas regras políticas do Brasil. O foco se voltará aos projetos de lei em que existe sintonia entre as duas casas. Tudo por conta do massacre de votos brancos e nulos observado no primeiro turno do processo eleitoral, ainda em curso em várias cidades com mais de 200 mil eleitores.

Não sei se já contei isso por aqui para vocês. Mas face ao que virá, vou contar. Uma vez participei de um encontro na residência do presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade. Muitos não sabem, mas muita coisa neste país se resolve bebericando licores alcóolicos em torno de uma mesa de mogno perfumada por charutos. Neste caso não tinha mogno, nem charutos, mas poderosos. Tive a sorte de poder falar mais do que devia. Eles queriam saber o segredo de um homem público do Nordeste. À mesa, estavam diretores da CNI, presidentes de Federações do Nordeste e um ex-presidente da Fiesp.

Disse para eles que os nordestinos eram destaque na política, especialmente parlamentar, pois face a incipiência da atividade econômica numa terra de poucos recursos naturais e longe dos destinos financeiros a elite, tanto conservadora como popular e considerada mais progressista(?!), mandava os seus para a política pois era uma forma de protagonismo e ascensão econômica. Dizia a eles que nos centros mais desenvolvidos, as elites mandavam para a política nomes financiados por elas, pois os seus filhos, ao voltarem dos centros mais sofisticados de formação, como MIT, Harvard, Cambrigde, New York, London, Paris, entre outros – iram para suas tradings, companhias e bancos. Quem ia para a política, eram prepostos. Antes de terminar, um dos comensais, um ex-presidente da Fiesp, disse, em meio da sorrisos de convicção,” é verdade, e pagamos mal!”.

A política tem o dever de ser profissional. Mesmo em sociedades em que a política é bem recebida, como os países nórdicos e os políticos não tem as regalias que os que aqui, e na maioria dos países, tem, como carros oficiais e verbas – existe uma clara profissionalização. Uma sociedade da informação cada vez mais sofisticada  precisa de homens públicos dedicados. Tem duas formas de se fazer política, se vive dela para servir a política, e se vive dela para se servir.  Os políticos do Nordeste estão nesse meio, uns acima e muitos abaixo.  Os nordestinos continuam sendo a elite da política, porém o modelo brasileiro que a Lava Jato desnudou não permite o modelo de baixo. O Congresso, especialmente a Câmara Federal, está cheio de nordestinos vindos de sucessões familiares e de castas partidárias. A Reforma Política vai ter que enfrentar isso.

Não é mais possível que a política continue aprisionada por grupos e poderosos partidários. Os jovens têm que ser chamados à vida pública. Os movimentos das ruas têm que enfrentar isso! Vimos, infelizmente, os jovens que participaram das manifestações de 2013 não se inscreverem para votar nessas eleições.  O jogo é duro e a sociedade tem se apresentar, pois os políticos não vão abdicar de suas vantagens por livre e espontânea vontade!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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