Vão continuar vivos, vivíssimos!
Como vão ficar os candidatos que se auto posicionam como de esquerda, e o PT, em si, no Nordeste? Existem na região onde nasceu o Brasil algo como 45 cidades-polo, centros importantes
(Brasília-DF) Faltam menos de 15 dias para o primeiro turno das eleições municipais de 2016.
Apesar de minguada, imperceptível para muitos, se tem muito o que falar dessas eleições. Será a mais curta da história na mais recente redemocratização, iniciada em 1.985. A mais nacionalizada depois de 25 anos, sem financiamento privado - o que se fez recuar ao período dos militares; a mais ignorada; a mais odiada. Muito se pode falar dessas eleições que vem a ser a primeira depois que as grandes cidades brasileiras viveram um ‘boom‘ de investimentos públicos(principalmente) e privados por conta dos grandes eventos.
Como vão ficar os candidatos que se auto posicionam como de esquerda, e o PT, em si, no Nordeste? Existem na região onde nasceu o Brasil algo como 45 cidades-polo, centros importantes. Uma média de 5 cidades em cada um dos 9 estados do Nordeste.
Nos melhores anos de Lula, quando o país crescia e existia uma onda positiva que colocava o Brasil como referência entre os Brics, o PT tinha no máximo duas capitais. O PSB e o PDT outras três. Das nove capitais, os partidos de esquerda e centro-esquerda chegaram a ficar com algo como 5 capitais. Assim foi com Fortaleza, Recife, Aracaju, Natal e João Pessoa. A tendência agora não é das melhores.
O PT tem alguma chance ainda em Fortaleza e Recife. O PDT, com nomes pouco identificados com a centro-esquerda, tem possibilidades concretas em São Luís, Fortaleza e Natal. Desses, o PDT tende a levar em primeiro turno em Natal e vai para disputas ferrenhas, duríssimas, em Fortaleza e São Luís. A vida do PT não está nada fácil quando se vê um balanço geral. Em Salvador, a maior capital nordestina, o partido nem candidato lançou, mesmo tendo o Governo do Estado e seu parceiro PC do B não parece ter fôlego para muita coisa. O PC do B tem chances, esse sim, mas à esquerda, em Aracaju, mas deverá enfrentar um final de campanha difícil!.
A verdade é que ao término do processo as esquerdas ainda estarão vivas no Nordeste. Era natural que isso se desse, mesmo com essa momento difícil em que Dilma Rousseff está fora do Governo Federal e Lula está às portas de virar réu na Lava Jato. O Nordeste é a região do país onde mais existe presença de Estado. Os tentáculos do poder público estão em toda parte. Houve o crescimento do Estado, mesmo com o enfraquecimento do Dnocs e da Sudene. Vieram as agência reguladoras e os muitos conselhos. Existe meia centena de grandes obras do PAC inacabadas no Nordeste, que mostram o tamanho das expectativas e das especulações que se geram quando se destaca, agora abertamente, que muitas não têm futuro.
Esse quadro gera uma motivação para o discurso que confronta os interesses da sociedade e do Estado.
Os novos donos do poder estão convencidos que a sociedade só voltará a ter condições de ter mais do poder público se o Estado se reorganizar. A sociedade nordestina é a que tem mais presença pública e a que mais demanda do Estado. Esta encruzilhada de interesses é suficiente para manter vivo o discurso.
Gostem ou não os novos poderosos.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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