Essa história será contada por séculos!
Eduardo Cunha era o mais improvável dos prováveis. Ele é um deputado fluminense de um grupo de cariocas dos menos aptos ao posto de presidente da Câmara dos Deputados.
(Brasília-DF) Todas as atenções estão voltadas nessa semana para a votação final, é o que se espera, do processo de cassação do deputado federal afastado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Será a redenção de muitos, será o anti-climax para tantos outros. Os apoiadores do governo que se foi vêm em Cunha a purgação de seus pecados. Dizem que só caíram porque não se curvaram a chantagem do deputado fluminense, que desejava sofregamente o apoio dos petistas para não encarar um processo de cassação no Conselho de Ética por ter gerado prova contra si, mentido aos parlamentares em depoimento público. A fala dos apoiadores da ex-presidenta Dilma Rousseff é igual a do demônio, o anjo caído expulso do Céu. Contendo os exageros metafísicos, poderíamos dizer que não é ética, mas moral. Ao bom entendedor basta, pois entre pecadores bárbaros não existe ética, mas uma moral bem própria!
Eduardo Cunha era o mais improvável dos prováveis. Ele é um deputado fluminense de um grupo de cariocas dos menos aptos ao posto de presidente da Câmara dos Deputados. Os fluminenses, desde Célio Borja – não ocupavam o comando da Câmara desde os anos de chumbo. Borja foi presidente da Câmara entre 1975 e 1977. As regras democráticas eram para lá de fajutas. Na verdade, Cunha era o primeiro fluminense, carioca, com protagonismo nacional grandioso desde Carlos Lacerda. Essa é a verdade. Os fluminenses não são craques na política parlamentar.
Cunha surgiu como fruto do bonapartismo que embarcou o parlamento e teve seu ápice nos Anos Lula. Cunha só surgiu pois estava sentado no principal gabinete do Palácio do Planalto uma pessoa que não entendia e não respeitada essa lógica. Todo bonapartismo tem seu prumo, quem o monta sabe como faz, mas quem o herda pensa que ele funciona de per si! Não é bem assim, a história vai contar bem isso no futuro, mas estamos aqui contando o que vimos.
Já disse aqui que nunca mais(?!) o parlamento brasileiro, especialmente a Câmara dos Deputados, vai aceitar os pratos feitos que lhe eram mandados. A regra de financiamento eleitoral mudou, mas deverá ser novamente alterada sob a vigilância de força tarefas que devem virar uma constante em nossa República cheia de problemas com um federalismo, que não sabemos onde vai parar, nessa época de crise profunda da lógica de concentração de poderes na União.
Analisar a chegada e queda de poder de Eduardo Cunha será uma das muitas páginas preciosas que a história politica brasileira vai nos legar. Um festival de ensinamentos. Estamos cheio de rancores e estupor, a razoabilidade é deixada de lado frente as paixões.
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No ano em que uma mulher é afastada do comando do País, uma outra mulher assume o mais histórico de todos os Supremos Tribunais Federais deste País. A mineira Carmen Lúcia é nascida em Montes Claros, a mais nordestina das importantes cidades mineiras. Católica, solteira e austera deve marcar seu tempo e nossas vidas.
Boa semana a todos!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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