Terminou! E aí!?
Em verdade, nenhum dos lados, nem o vencido nem o vencedor, que tenha alguma razoabilidade, pode estar satisfeito com o que tivemos.
(Brasília-DF) Terminou! Foi assim que muitos de nós jornalistas encaramos o início da tarde do dia 31 de agosto de 2016. A sensação de alívio era notória entre os profissionais brasileiros e de perplexidade entre muitos profissionais estrangeiros que cobriram o Julgamento do Impeachment.
Em conversa com uma amiga americana da Bloomberg, num misto de perplexidade e alívio , me afirmou que não esperava que isso terminasse como terminou, brinquei, de ponto, dizendo que os britânicos inventaram o futebol, mas que os melhores praticante seríamos nós brasileiros. Eles têm um título de Copa do Mundo e nós, brasileiros, temos cinco copas. Os estadunidenses inventaram o Impeachment, mas formos nós tupiniquins que fizemos dois! Ela me deu um sincero parabéns. Imediatamente, retruquei: obrigado nada, estamos todos arrasados!
Em verdade, nenhum dos lados, nem o vencido nem o vencedor, que tenha alguma razoabilidade, pode estar satisfeito com o que tivemos. Não pelas miudezas, mas no hemisfério da Grande Política! Sim, este “País” existe e não está na poesia de Bandeira, mas na racionalidade da vida cidadã. Aquela cunhada quando ficou certo que a lei esta acima de tudo e o Estado serve para todos, não para dele nos servir, assim como sua vontade criadora!
Em verdade, um País que enfrenta tamanha provação sem guerra civil e sem hiato constitucional – especialmente um do tamanho dos nosso, uma das 20 economias do Planeta, impressiona o Mundo. Contestações serão expostas pela história, não resta dúvida. Ela julgará a todos. O que virá adiante justificará ou desmoralizará os empolgados agentes políticos, protagonistas do momento!
Já escrevi por aqui, ou noutros espaços, que a Constituição Brasileira de 1988 é eminentemente social democrata ao cunhar a obrigação do Estado em erradicar a pobreza ,antes de tudo. Como sabemos isso é impossível na democracia. É democrática a opção pela parcimônia extrema. Nada mais social democrata que essa ambição constitucional. Já afirmei aqui que os conservadores extremos, que não vêm o Estado fazendo certos papéis , nunca terão êxito neste molde constitucional. Não é invenção de gabinetes face a prática reacionária, seja de esquerda ou de direita. Já estamos crescidos para vermos que não, gostem os extremados ou não!
O dilema do pós impeachment não são as miudezas sobre isso ou aquilo, mas o que deverá ser esquerda ou direita amanhã. O dilema (ou seria falso dilema?) é ser fiscalista ou não fiscalista. Os apoiadores desse Novo Governo, rotulados de conservadores, dizem que o Brasil só vai adiante se fizer opções de extremada Responsabilidade Fiscal. Os que se consideram de esquerda, opositores originais deste Novo Governo, não vêm assim. A Responsabilidade Social é mais importante. Os primeiros dizem que Estado é para dar lucro e os outros dizem que Estado não é para encher burras mas para atender, simples assim.
De fato, é um falso dilema. Estado ora é para dar lucro, ora é para gastar! Vamos enfrentar ao longo dos próximos meses esse blábláblá interminável. Os nordestinos, região que mais precisa de Estado, serão obrigados a virar um case de todas essa retórica.
O que é mais importante para nós: um Estado que promete e não oferece ou um que não promete e entrega? No momento, precisamos que o Estado esteja em pé!
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Para encerrar: foi impressionante que uma líder conservadora como Ângela Merkel, Premier da Alemanha, dissesse no primeiro dia de G 20 que o mais importante neste momento é retomar o crescimento com as garantias sociais.
Boa semana a todos!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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