31 de julho de 2025
OPINIÃO

Jogo jogado

O que estamos vendo não é o fim do petismo hegemônico, mas o fim do pacto que montou a Nova República que surgiu em 1985.

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(Brasília-DF)  Nesta semana, certamente, veremos o fim de uma era na política brasileira. Depois de 13 anos e pouco de poder, o PT deixará de ocupar a Presidência da República. Na disputa política muitos irão comemorar e outros tantos irão lamentar. A política é cheia disso, muita paixão!  A razão aponta noutro rumo! Face a Lava Jato, que foi grande catalizador do fim desse tempo na política brasileira, deveremos ver algo de novo.

O que estamos vendo não é o fim do petismo hegemônico, mas o fim do pacto que montou a Nova República que surgiu em 1985.   O retorno da democracia exigia um novo pacto constitucional que moldou a busca pelo resgate social. Não é bom esquecer que a palavra de ordem naquele governo de Sarney era a busca pelo social. Nos anos que se seguiram, a sociedade brasileira veio tentando fazer esse resgate. Os melhores momentos do Plano Real fizeram grandes resgates. Depois tivemos a crise do neoliberalismo que nos legou o petismo. Agora, sai de cena em face dos erros atentados à economia, marcadamente, e face aos exageros na apropriação do Estado(noutros tempos também vimos isso, é bom que se diga).

O que virá ainda não sabemos, porém é necessário que os ganhos sociais se baseiem nos avanços de cidadania e não só de consumo e que teremos que enfrentar a questão orçamentária de frente. Isso era para ter sido resolvido quando montamos o Plano Real, porém o neoliberalismo brasileiro não soube fazer a conta.

Sobre o processo de Impeachment, que se encerrará nesta semana, é bom ressaltar alguns detalhes importantes. Quando vimos a votação na Câmara, só estados como Ceará, Bahia e Piauí deram maioria destacada contra o Impeachment da Presidenta Dilma Rousseff.  É bom lembrar que o Nordeste tem 9 estados e vem ser onde existe mais resistência ao Impeachment. Nessa votação do Senado, são 27 senadores – 3 senadores por estado.  Pela maioria das tabelas feitas por alguns jornais e sites, tudo caminha para os apoiadores do Impeachment terem entre 15 e 18 votos.   Particularmente, acredito  que os apoiadores de Dilma Rousseff serão 10 senadores nordestinos.  Enfim, a votação de pouco mais de 2 estados entre os 9.

A classe política faz das suas, porém ela não caminha em sentido oposto a seus representados, no máximo em diagonal.  O movimento dos senadores nordestinos não poderia ser oposto aos dos deputados. Passados mais de 100 dias do afastamento provisório, a articulação que apoiava a Presidenta Dilma Rousseff se esqueceu que a melhor forma de convencer os senadores seria mostrar que reatou uma articulação com a Câmara Federal. Isso, em nenhum momento se viu!  Insistir na teoria do golpe fazia com que os deputados mais se distanciassem da Presidenta afastada.  O modelo de democracia representativa tem muitos problemas, mas é bicameral. O estados estariam no Senado e o povo na Câmara Federal. Dilma só poderia arrastar os representantes dos estados se se comunicasse com todo o povo. Não o fez, nem tentou. Não se sabe se fruto de sua conhecida imperícia política ou por algum ardil partidário.

O jogo está jogado. Não tenham duvidas, vendedores e vencidos, a sociedade brasileira saberá fazer novas escolhas.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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