Nordeste e Rio 2016
O esporte de alto rendimento é ainda mais elitista que se poderia imaginar. Os desportistas pobres das regiões mais ricas do Brasil tem mais oportunidades que os desportistas pobres das regiões menos desenvolvidas.
(Brasília-DF) As Olímpiadas Rio 2016 começaram. Todos falam sobre o assunto. A abertura foi sensacional e o Mundo se rendeu ao nosso jeito de fazer festa, mesmo em meio a maior crise política, econômica e moral que se tem notícia na Terra de Santa Cruz.
A vaia que o Presidente, em exercício, da República, Michel Temer, recebeu foi destacada. Ele decidiu matar no peito o transtorno, que, provavelmente, qualquer chefe de Estado que por lá se apresentasse com um desemprego de mais de 11% da população economicamente ativa e com uma seguida redução da atividade de quase 4% do PIB, também vivenciaria. Estranho que o ex-presidente Lula, que trouxe o evento para o País, numa histórica ação, importantíssimo para o Brasil e para a América do Sul – não tenha ido ao evento; ele está aparecendo bem em muitas pesquisas presidenciais voltadas para 2018.
Nos Anos Lula, os que tiveram mais avanços sociais no período petista, foram marcantes para o Nordeste do Brasil. Os ganhos de renda e de avanços sociais foram inquestionáveis. É verdade, infelizmente, que esses anos ruins da Presidenta, afastada, Dilma Rousseff estão servindo para tirar com as duas mãos o que Luiz Inácio Lula da Silva deu com uma. A medalha de ouro da piauiense Sarah Menezes em Londres, 2012, parecia retratar a chegada dos nordestinos no paraíso da elite do esporte olímpico. A moça fez toda a caminhada no Brasil e no Piauí. Seria o desenvolvimento regional, a luta contra as desigualdades regionais, chegando no esporte? Parecia. O Piauí, um dos estados com piores IDH’s e PIB per capito, foi onde nasceu o Fome Zero que se transformou no exitoso Bolsa Família.
No ocaso do Governo Dilma, período onde deveria ser preservado o aqui especulado desenvolvimento regional no esporte olímpico, infelizmente, a nossa brava nordestina Sarah Menezes não conseguiu se manter no mais alto lugar do pódio. É bom não deixar de esclarecer que repetir um ouro olímpico não é fácil. Sua incapacidade frente ao novo momento, aqui na Rio 2016, não é pecado. Deverá continuar lutando e voltará a ter novos êxitos. Uma guerreira. Nada, por outro lado, na política é coincidência. O erro pune. Não temos números, porém descontado o fato da pernambucana Yane Marques, atleta medalhista do pentatlho moderno, ter conduzido a bandeira do Brasil na abertura – muito provavelmente os nordestinos olímpicos não avançaram como deveriam em todos os anos petistas.
O esporte de alto rendimento é ainda mais elitista que se poderia imaginar. Os desportistas pobres das regiões mais ricas do Brasil tem mais oportunidades que os desportistas pobres das regiões menos desenvolvidas. O avanço da violência em estados como Ceará, Bahia e Alagoas, os mais perigosos para jovens pobres não só no Nordeste mas em todo Brasil - é uma prova que o esporte, mesmo como instrumento de inclusão, não evoluiu com a propalada inciativa venturosa nos Anos Lula. Destacamos aqui os nordestinos, porém os jovens do norte do Brasil também não têm muito a comemorar.
Um estudo mas apurado cairia bem para esclarecer todas as dúvidas, no entanto um olhar frente aos flagrantes mostra que, no mínimo, se Lula ofertou ao esporte de alto rendimento mais oportunidades nas regiões menos desenvolvidas, com um das mãos, Dilma Rousseff tirou com as duas! Uma pena.
O Brasil precisa avançar muito no esporte de alto rendimento. As regiões menos desenvolvidas do País, precisam, ao menos, de mais ofertas. A excelência virá. O nordestino é forte, outras Sarah Menezes virão, porém de uma forma mais sustentável
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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