31 de julho de 2025
OPINIÃO

O Retorno da Política e o Nordeste

Com o fim da era Cunha e o retorno do prevalência dos grandes partidos, não só dos blocos partidários, é natural acreditar que os mais robustos grupos de pressão voltarão a atuar na lógica tradicional do poder

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(Brasília-DF)  Muito pode ser dito sobre a eleição de Rodrigo Maia para o comando da Câmara Federal para ocupar uma mandato complementar, que terminará em 1º de fevereiro de 2017.  Ele estará à frente de um momento histórico para a República brasileira, que será o marco fiscal com a PEC do Limite de Gastos.

Os expansionistas, aqueles que avaliam que o orçamento cabe tudo e o Estado não foi feito para dar lucro, mas para atender a sociedade, estão temerosos. Acreditam que os pobres vão perder.  Os mais ortodoxos acreditam que teremos uma avanço, pois o orçamento não cabe tudo, e que o pobres não vão perder. Democracia é isso mesmo! Dá trabalho e face ao expansionismo irresponsável  recente não é exagero entender que a sociedade tem o direito de apostar. Se não der certo, que se ajuste. Os consensos dão feitos para isso!

Agora, voltamos para as coisas do Nordeste e o poder! No período em que Eduardo Cunha deu as cartas, para combater o bonapartismo que vivia seus estertores, tivemos um fortalecimento do Parlamento sobre o Executivo. O que chocou foi a baixa qualidade de ambos. Um Executivo incompetente e um Legislativo desqualificado. Já abordei por aqui que o Legislativo, depois do que vimos, nunca mais vai perder o gosto pelo protagonismo. Até que venha outra grande onda de crescimento econômico sem uma efetiva reforma política, claro!

Com o fim da era Cunha e o retorno do prevalência dos grandes partidos, não só dos blocos partidários, é natural acreditar que os mais robustos grupos de pressão voltarão a atuar na lógica tradicional do poder. Cunha chamou pra si todos os temas e quase sempre, quando desejava dominar um tema, criava uma comissão especial e as discussões normais eram apropriadas pela vontade do mesmo! Isso fez com que o presidente do Senado, Renan Calheiros, para não ficar de lado fez das suas. A Comissão Especial para a Agenda Brasil foi um ensaio.

A Bancada do Nordeste que por anos foi, junto com a Bancada Ruralista, Frente Ambientalista e a Bancada da Saúde - era das mais proeminentes no Congresso e na Câmara, em especial, também perdeu importância. As lideranças nordestinas foram desmontadas por um habilidoso e aguerrido Eduardo Cunha. Isso passou e a nova dimensão política e orçamentária que deverá surgir com a PEC do Limite de Gastos vai impor uma questionamento: qual o modelo de Estado que desejamos?

Não custa lembrar que as bancadas nordestina, centro-oestina e nortista são maioria. Discussões sobre o modelo de desenvolvimento surgirão naturalmente, apesar da aparente desqualificação do parlamento. Já disse aqui que a Constituição Brasileira é, em sua formação, social democrata ao definir a necessidade do Estado bancar o desenvolvimento e perseguir o fim da pobreza. Apesar de ter crescido a sensação de que os grupos centristas associados com os direitistas serem maiores no país, face ao fracasso do último governo petista – não deveremos ver o fim disso. Constituição tem suas coisas que não mudam, a não ser por revoluções.

A bancada nordestina é protagonista nas questões que envolvem desenvolvimento. Tem empresas que pensam isso, as universidades nordestinas são mais antigas nessa discussão. A forma como o novo presidente da Câmara Federal, Rodrigo Mais, se relaciona com temas econômicos é um breve oportunidade que se dá a temas de fundo. Resta saber se a oportunidade será aproveitada.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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