31 de julho de 2025
OPINIÃO

A crise e as eleições municipais

Aqui na Capital Federal, surgiram informações de que o governo provisório terá alguma tranquilidade vinda da Lava Jato até se transformar em efetivo.

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(Brasília-DF)  O governo provisório do Presidente Michel Temer caminha para 50 dias contabilizando ganhos econômicos e solavancos políticos.

No final da semana passada ele deu várias entrevistas aos jornais nacionais, estrangeiros e redes de rádios importantes, nenhum no Nordeste, é verdade. A Lava Jato continuou fazendo estragos, dessa vez no PT, depois de deixar vários peemedebistas em pânico.  Chamou atenção os movimentos de juízes, procuradores e policiais federais além Curitiba e mais dificuldades petistas, com o novo estágio de investigação contra o ex-presidente Lula.

Não resta dúvida que o governo provisório ganhou corpo e os prenúncios de que os senadores indecisos poderiam fazer a presidenta afastada Dilma Rousseff retornar perderam força. Os apoiadores da petista afastada perderam mais ainda com a fragilidade imposta à senadora Gleise Hoffman(PT-PR), que teve o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, preso dentro de sua residência em Brasilia(DF). 

Aqui na Capital Federal, surgiram informações de que o governo provisório terá alguma tranquilidade vinda da Lava Jato até se transformar em efetivo. Depois disso, quem for fraco que se seguro.  O problema para nossa rotina política é que isso se dará em meio as eleições municipais de 2016.

No Brasil de muitas eleições, costuma-se dizer que as eleições municipais não têm projeção sobre as eleições nacionais. Quase nunca os vencedores das eleições nos municípios serão os vencedores das eleições seguintes, principalmente para Governos de Estado, Senado e Presidência da República.  No Nordeste, basta ver que os prefeitos das grandes cidades nordestinas não são sempre aliados dos governos estaduais. No Nordeste, das 9 capitais só três tem prefeitos alinhados com seus governadores.  Nenhum desses prefeitos foram definitivos para as eleições presidenciais de 2014.  Em muitos estados existe a boa prática de não colocar todos os ovos no mesmo cesto!

Esses eleições de 2016, por outro lado, face a ânsia da população pós-impeachment, deverá servir de laboratório das eleições nacionais de 2018, sim!  O esvaziamento do processo pré-eleitoral nos municípios que ficou à reboque da crise nacional não deverá permitir muitas candidaturas. A ausência de financiamento privado, por empresas, e a possibilidade de alguns desses candidatos municipais serem atingidos pela lista de doações da Oderbrecht que caminha para uma explosiva delação premiada, poderão fazer estragos em candidaturas de reeleições de prefeitos hoje bem avaliados.

As eleições 2016, face a mais recente reforma eleitoral que travou o financiamento privado, também teve reduzida sua duração. Não haverá muito tempo para o bom debate, que foi deixado de lado pelo combate ao alto custo das campanhas.

Temas como a redução das prerrogativas dos homens públicos, como verbas de representação e foro privilegiado não tendem a entrar na pauta municipal. Como 2018, pede logo passagem , é quase certo que 2016 tende a ter uma eleições bem estranha, quase bizarra. Nas eleições municipais as pessoas querem saber de suas vidas comuns, seu convívio urbano, saber como cuida de sua rua. Temas nacionais trazidos pela crise política. Como eles vão influenciar as disputas municipais? Boa pergunta.

Foi Genésio Araújo Jr, jornalista

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