Calmaria?! Tão cedo!
A sequência na devastadora delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e os desdobramentos(a divulgação do vídeo, em especial), fizeram muitos estragos e deverão continuar fazendo
(Brasília-DF) A semana era para ser mais amena para o Novo Governo. A chegada de temas polêmicos, mas importantes para o país no Congresso Nacional, como o limite de gastos, e a propalada sanção de uma definitiva lei de renegociação das dívidas dos agricultores, especialmente para o Nordeste – recomendavam bons ventos. Acabou não saindo como encomenda de boas vontades!
A sequência na devastadora delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e os desdobramentos(a divulgação do vídeo, em especial), fizeram muitos estragos e deverão continuar fazendo. Obrigaram o Presidente da República, em exercício, Michel Temer, a mudar o roteiro, cancelar a agenda positiva que desejava impor ao acordo da renegociação das dívidas dos agricultores, e ter que vir a público para dizer que nada tinha a ver com as delações do cearense Sérgio Machado.
Para engrossar, mais ainda o caldo desse caldeirão de bruxas e belzebus em plena temporada das fogueiras de São João veio a forma como o Presidente do Senado, Renan Calheiros, passou a lidar com o Ministério Público Federal. Ele disse que vai despachar, sem medo e em nome do Senado, os pedidos de Impeachment apresentados ao Senado contra o procurador geral da República, Rodrigo Janot! Outro ministro deixou o governo, o potiguar Henrique Eduardo Alves. Surgiram denúncias no final de semana contra os ministro da Educação, Mendonça Filho, e retomada de processo contra o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Como podemos ver, o novo governo surgiu com 10 nordestinos sendo protagonistas em Ministérios e cargos de importância proeminente, porém alguns deles estão ficando pelo caminho. Primeiro foi o pernambucano, que faz política em Roraima, o senador Romero Jucá, depois veio Henrique Alves. A pressão agora se volta para outro pernambucano, Mendonça Filho, que vai ter que se explicar.
Quem conhece o poder em Brasília sabe que não se faz política na Capital da República sem essa gente que nasceu acima do paralelo 20º, onde nasceu o Brasil.
Dilma Rousseff caiu pois não se serviu dos nordestinos. Só no final quando estava na casa-do-sem-jeito decidiu se servir de alguns dos bons. Os políticos nordestinos são muito hábeis ,mas não são milagreiros. Temer ao contrário de Dilma sabe o que faz na política, apesar de ter errado em muitas escolhas ministeriais. O tempo dirá porque, mas fica evidente que um governo parlamentar, como foi montado por ele, inicialmente, se impõe e se desfaz num toque de caixa.
As perdas de um primeiro time de políticos nordestinos gerarão grandes problemas para o Novo Governo. O que ajuda Temer é que o mundo político e econômico augura por algum tipo de normalidade. Isso, de fato, só virá com o julgamento final do Impeachment.
A imprevisibilidade da Lava Jato é flagrante. Existe um sentimento em Brasília de que não teremos calma tão cedo.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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