31 de julho de 2025
OPINIÃO

Muita além de um rua limpa!

Existe uma sensação de que o governo interino ainda não é grande coisa e de que o governo de outrora ainda é pior.

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(Brasília-DF)  Vamos para a quarta semana do governo do presidente da República, em exercício, Michel Temer.

Ficou evidente que esta turma não estava preparada para assumir o comando do País - muitos erros nas escolhas evidenciam tal constatação. É uma turma de profissionais da política que apesar de não terem sido protagonistas, faziam e fizeram parte dos últimos governos.  São tantos equívocos que fizeram e fazem com que se coloquem dúvidas se valeu à pena a sociedade chancelar a saída provisória da presidenta Dilma Rousseff.

A semana passada começou com esse tom. No início desta, com revelações de mais uma delação premiada, agora do ex-presidente da Oderbrecht, Marcelo Oderbrecht, de que a presidenta afastada teria lhe pedido, de todo jeito, milhões para a campanha presidencial de 2014, aliadas às revelações – também em delação premiada - do empresário Benedito Oliveira Neto, o Bené, que funcionou como operador do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, de que o assessor pessoal  de Dilma Rousseff, o senhor Giles Azevedo, teria usado recursos do Planalto para pagar contas de campanha presidencial petista de 2014 , são um duro golpe nas pretensões daqueles que ainda sonham com o retorno, agora, de um governo petista.

Existe uma sensação de que o governo interino ainda não é grande coisa e de que o governo de outrora ainda é pior.  A sociedade como um todo não tem muita paciência com os erros, os agentes mais qualificados, que olham as razões objetivas - como economistas e analistas doutra ordem, como os jornalista mais experientes e os cientistas políticos  - estão muito preocupados com o rumo das coisas.

Não podemos esquecer que esse governo ainda não completou um mês e que o cenário difícil, para não dizer aterrador, com uma produção 23% abaixo de seu último pico(setembro de 2013), 62% mais desempregados que há dois anos, PIB acumulando perda de 7,3% em oito trimestres e o somatório entre consumo e investimento murchando 13,3% faz com que exista uma margem muito grande para uma retomada. 

Estamos à beira de uma eleição municipal onde o prefeito mais bem avaliado no Nordeste é o senhor ACM Neto, em Salvador - ele serve de exemplo, guardadas proporções. Não existem mudanças profundas, à primeira vista, na capital dos baianos. Então, por que ele é tão bem avaliado?  Como o que se tinha era tão desordenado, ao deixar as ruas limpas funcionou como o construtor de coisas mínimas de caráter gigantesco.  Temer é fustigado por conta de revelações de que pessoas próximas a ele teriam trabalhado contra a lei e a moralidade. Agora, Dilma Rousseff tem seu véu rasgado! Exagero? Não, pois os apoiadores de Dilma dizem que Temer estaria fustigado por delações que agora também atingem Dilma.

Se a Lava Jato não chegar, turbinada em revelações, contra Michel Temer não vejo condições de se reverter o quadro de interinidade com cara de efetividade. O governo interino só terá o que dizer de solene quando virar efetivo. Só aí teremos uma clareza sobre o que temos. Os grandes agentes econômicos e sociais que atuam no Nordeste, nossa região preferida – não vão ter algo a falar enquanto isso não for definido. Falar que se garante os programas sociais e se avança com programas como o Minha Casa Minha Vida não é suficiente. O sucesso de crescimento acima da média nacional, que marcou o Nordeste nos bons tempos, não foram só fruto de uma rua limpa!

Eis o mistério da fé!

Por Genésio Araújo Jr

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