Dúvidas sobre o Nordeste no Governo Temer
A semana terminou bem com a clareza da nova meta fiscal. Era um absurdo aprovar um orçamento com receitas “imaginárias”, como CPMF e recursos da repatriação.
(Brasília-DF) É uma falsa verdade afirmar que os primeiros sete dias do governo interino do Presidente Michel Temer são um indicativo de que teremos fracasso nos próximos meses. É claro que poderia ter começado melhor, no entanto um governo iminentemente parlamentar não poderia ser muito diverso do que se vê. As idas e vindas são fruto de um controle, um hedge, que a sociedade lhe impõe.
A semana terminou bem com a clareza da nova meta fiscal. Era um absurdo aprovar um orçamento com receitas “imaginárias”, como CPMF e recursos da repatriação.
Tem um assunto que deve ser motivo de nossa atenção. Os deputados e senadores nordestinos votaram majoritariamente pelo afastamento da Presidenta Dilma Rousseff, porém muitas avaliações feitas por empresas de pesquisa nos estados da região apontam que a maioria da população mesmo contra o governo afastado não era a favor do Impeachment e ainda apoiam o ex-Presidente Lula. Existe muito receio nesses estados de que as conquistas dos bons anos petistas virem pó em nome do rigor fiscal que o Brasil rico exige mais que tudo. Em geral, a população dá de ombros se o Estado está bem e o povo está mal!
Não podemos deixar de lado algumas constatações sobre o governo interino. Dos 24 ministérios, visto que o Ministério da Cultura retornará - temos 10 nordestinos entre efetivos ministros e algo parecido(caso da secretaria de PPI da Presidência), se incluirmos o pernambucano Romero Jucá e o piauiense Moreira Franco. Tudo indica que todos os líderes do Governo Temer serão nordestinos. Já está confirmado o deputado sergipano André Moura , na Câmara Federal, e estão muito bem cotados para serem confirmados, nessa semana que se inicia, como líderes o senador Raimundo Lira(PMDB-PB), para o Governo no Senado, e o senador Roberto Rocha(PSB-MA), para liderança do Governo no Congresso Nacional.
Se os nordestinos estão inseguros, não restam dúvidas, também, de que a maior parte da classe política da região será decisiva no governo interino, que é visto no mundo político e econômico como efetivo, e que conduzirá o país nos próximos dois anos e meio.
Existe um problema a se ressaltar. A classe política nordestina é notoriamente governista, poucos os estados que teimaram em peitar a União. Historicamente, só Pernambuco se atreveu a isso e ,em face de tamanha insistência, passou 20 anos vivendo dificuldades frente ao avanço de cearenses e baianos. É bom ressaltar que muitos desses políticos preferem garantir seus interesses, tão somente, e deixam de lado o povo que lhes sufraga. É o poder pelo poder em detrimento da origem desse mesmo poder. Não é bom esses falsos poderosos deixarem de atentar que a presidenta afastada pode ser ruim de serviço, mas é de um partido que tem forte influência na base social e ficou 13 anos e meio no poder.
Não dá para insistir nos mesmos erros. Existe uma população pronta para reagir. Não tenham dúvidas.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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