Alerta aos conservadores!
Um dos grandes temores de todos os que têm compromisso histórico com a redemocratização é que a iminente mudança de governo dê fôlego aos populistas de direita, os ultra reacionários do velho conservadorismo.
(Brasília-DF) Entramos numa contagem regressiva para vermos o afastamento provisório de uma Presidenta da República reeleita pela maioria dos brasileiros. Estamos às vésperas de vermos o início de um segundo processo de julgamento de Impeachment desde o fim da última ditadura, que confirmou a terceira redemocratização do século passado para cá!
Goste-se ou não, quem sai ou quem fica, existe uma rotina de poder que impressiona o mundo afora e que nos assusta a ponto de ficarmos com meias impressões. O regime presidencialista surgiu nos Estados Unidos, nossa referência de República mas que não nos inspirou como deveria no Federalismo. Lá, eles nunca souberam lidar com o instrumento, apesar das regras sobre crime político deles serem bem mais abertas que nosso confuso crime de responsabilidade. Por temos um país com milhões e um processo eleitoral gigante, o mundo está aturdido com nossa experiência.
Um dos grandes temores de todos os que têm compromisso histórico com a redemocratização é que a iminente mudança de governo dê fôlego aos populistas de direita, os ultra reacionários do velho conservadorismo. Talvez seja esse o maior combustível que faz com que gente de bem, e respeitável, ainda prefira se encantar com a manutenção do atual governo mesmo sabendo que ele caminhou para a completa inviabilidade. As dúvidas sobre a legitimidade de um governo provisório e sua possível efetivação são pertinentes, porém existem algumas coisas boas na tão criticada Constituição Federal de 1988 que nos dão garantias de que os ultra reacionários não têm chance de êxito.
O artigo terceiro da chamada Constituição Cidadã, como dizia Ulysses Guimarães, estabelece os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil que envolvem em seus dispositivos construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais assim como promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Aviso aos reacionários e direitistas ferrenhos: isso, meus caros, é a base de uma República Social Democrata. Isso não é base de uma República Liberal. Ter compromisso com a erradicação da pobreza não é compromisso liberal, mas, certamento dá fôlego a populismos.
Não existe base constitucional para um governo de direta neste País. Muitos vão dizer que esta mesma constituição deu condições para os piores dias de um governo neoliberal, nos piores momentos de Fernando Henrique Cardoso. Em verdade, os anos 90 do século passado não deixam envergonhados só os brasileiros. Os bons anos de crescimento econômico e as conquistas nas políticas exitosas de transferência de renda que se consolidaram no final da década passada se arraigaram no País. As políticas de transferência são uma conquista nacional para o Planeta, isso deu convicções e legitimidade ao que diz nossa Constituição Cidadã.
Aos que têm dúvidas sobre o nosso futuro, lembro que o que teremos pela frente não vai esquecer o melhor dos que vieram antes.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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