Nordeste e Poder

ESPECIAL DE FIM DE SEMANA - Mangabeira Unger diz que “Nordeste é a china brasileira” e há na região ‘forças construtivas’ e um ‘empreendedorismo emergente assombroso’

Ministro está à frente de m grande Plano de Desenvolvimento Estratégico para a Região Nordeste a pedido da presidente Dilma Rousseff

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(Brasília-DF, 24/07/2015) "A política regional não é para ser de compensações para o atraso. Tem que identificar e acalentar vanguardas e vanguardismos de alternativas para o país. Como, por exemplo, os empreendedores emergentes do Semiárido nordestino".

A declaração é do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Mangabeira Unger, feita em dos encontros com governadores do Nordeste.

Por solicitação da presidente Dilma, Mangabeira Unger está à frente de um novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Região Nordeste, que foi apresentado no Encontro de Governadores nordestinos realizado no Rio Grande do Norte.

Desde março ele vem percorrendo a região e encontrando com gestores estaduais, com vistas a colher sugestões, elementos e subsídios para o seu projeto.

O ministro já visitou vários estados para colher subsídios e discutir pontos desse trabalho, tendo reunido separadamente com os governadores Flávio Dino (Maranhão) e Paulo Câmara (Pernambuco), dentre outros.

Estratégia comum

O projeto ainda está em discussão, mas o objetivo é criar uma estratégia comum de desenvolvimento entre todos os estados do Nordeste com uma nova concepção de política regional.

Mangabeira Unger não tem revelado os detalhes sobre o projeto, como os eixos e frentes que estão sendo trabalhadas. Mas pensa atinge todo um contexto social e econômico, abrangendo setores da indústria, comércio, agricultura (empresarial e familiar), turismo, cultural, educação, além das tecnologias avançadas, energias alternativas, empreendedorismo, dentre outros. E fazem um link do desenvolvimento do Nordeste como o Brasil, como um todo.

O ministro de Assunto Estratégicos  tem criticado a falta de estratégias para o desenvolvimento sócio e econômico da região

“O vazio de estratégias é o culpado pela busca de subsídios e incentivos e por algumas ilusões, que eu chamei de o ‘pobrismo’ e o ‘são paulismo’, que são iniciativas de escala artesanal, que ocupam as pessoas sem abrir horizonte, provocando fascínio com grandes obras do litoral”, declarou em um encontro.

Empreendedorismo emergente

É o próprio ministro que anima os governadores e eleva a auto estima dos nordestinos nas suas declarações públicas.

“Agora nós precisamos fazer diferente, há grandes forças construtivas atuando no Nordeste, há um empreendedorismo emergente assombroso, há uma inventividade tecnológica popular difusa, o caminho é prover aquelas forças de asas, braços e olhos, e com isso o Brasil terá no Nordeste, uma segunda chance”, frisa.

Mangabeira afirma que é preciso utilizar o potencial econômico e cultural da região Nordeste, como elemento decisivo na construção de um novo modelo de desenvolvimento nacional e a qualificação do ensino básico, capaz de ampliar oportunidades para aprender e trabalhar também é uma das metas destacadas pelo ministro.

“O Nordeste tem que ser soerguido pelo Nordeste, sem buscar soluções em Brasília, uma estratégia produtivista para si”, acentua.

Reorganizar os mercados

O ministro também destaca a  necessidade de reorganizar os mercados agrícolas para aumentar o poder de barganha do produtor. Mangabeira ressaltou a necessidade de um desenho institucional que combine acesso ao crédito e acesso à tecnologias avançadas visando uma melhoria das condições de gestão por parte dos empreendedores.

Mangabeira chega a dizer que o Nordeste “é a China brasileira, no bom sentido, se virar uma fábrica de engenho e inovação”.

“Aqui (no Nordeste) deve ser o terreno do vanguardismo tecnológico”, declarou o ministro, em recente encontro com governadores nordestinos, ao destacar as capacidades da região e seu papel num contexto econômico desenvolvimentista.

“Produtivismo includente”

O ministro Mangabeira Unger vem, ainda, mantendo uma série de encontros com os governos dos estados nordestinos na perspectiva de buscar apoio à agenda do “produtivismo includente”, que consiste em qualificar a produção de pequenas e médias empresas com uso de moderna tecnologia e adoção de práticas avançadas de gestão.

 “Se quisermos uma escalada de produtividade, temos que dar um choque de ciência e tecnologia na economia”, acrescentou.

(Por Gil Maranhão, Especial para Agência Política Real, com informações da assessoria e edição de Genésio Jr.)