Sempre ao lado dos vencedores!
Cunha partiu para o ataque e muitos especulam que ele terá sua data de validade encurtada. Dilma, dizem muitos, também tinha data de validade curta.
(Brasília-DF) Esperava-se iniciar o chamado recesso parlamentar “branco” especulando sobre como seria agosto. Esse vem a ser um mês trágico para a humanidade, especialmente no Brasil. Grandes acontecimentos nos perseguem quando se inicia o mês do cachorro doido. Na história ocidental, temos a noite de São Bartolomeu, quando os católicos massacraram os protestantes naquele 23 de agosto de 1572. Temos a declaração da Primeira Guerra Mundial, no 3 de agosto de 1914.
No Brasil, temos a morte de Getúlio Vargas, quando ele deu fim a sua própria vida para entrar para a história, naquela noite de 24 de agosto de 1954. No 22 de agosto de 1976, morre em acidente nebuloso, o ex-presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira. Temos muito a contar sobre agosto. Ele ainda nem chegou e o anunciado rompimento, oficial, do senhor Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, com o Palácio do Planalto e a Presidenta Dilma Rousseff - dá a esse mês uma dimensão ainda mais trágica.
Cunha partiu para o ataque e muitos especulam que ele terá sua data de validade encurtada. Dilma, dizem muitos, também tinha data de validade curta. Qualquer dona de casa mais atenta sabe que é possível alongar produtos à beira da invalidação. Na Política não seria diferente, até porque na vida só se morre uma única vez, mas na Política se morre e se revive muitas vezes.
Muitos dizem que Cunha está agindo de forma desesperada frente a uma situação limite e que está à beira de ser preso. Os apoiadores de Dilma Rousseff alegam que esse risco ela não corre. Os políticos nordestinos, tradicionalmente fiadores da política brasileira, também são reféns deste momento de grande tensão nacional. Boa parte deles está envolvido nos desdobramentos dessa nova fase da Operação Lava Jato, às vésperas da definição se os políticos serão efetivamente denunciados pelo Ministério Pública Federal. Os que não estão nesse grupo são fiados ou se interlaçam com os envolvidos.
Ficou evidente que houve um afastamento dos espertos políticos nordestinos apesar dos governadores nordestinos, num evento realizado em Teresina(PI), o IV Encontro dos Governadores do Nordeste, terem dado apoio a Presidenta Dilma Rousseff que vive o terror político de um afastamento constitucional, seja pelo TSE ou TCU, ou com os ecos de uma nova manifestação contra seu governo, marcada para 16 de agosto. Renan Filho(PMDB), governador de Alagoas e filho de Renan Calheiros, presidente do Senado Federal, também assina a nota.
Cunha arrisca seu capital político. Ele tem a seu favor a fragilidade da Presidenta Dilma. Contra si tem a dura acusação feita pelo delator Júlio Camargo, da Toyo Setal, de que teria recebido US$ 5 milhões em propina por conta de compra de navios-sonda pela Petrobras.
Cunha age como um hábil jogador de xadrez, age milimetricamente. Lida com a política como poucos. Não duvido que ele tenha calculado boa parte dos lances que estamos vivendo. Ele esteve tenso durante a coletiva de rompimento na última sexta-feira,17 de julho, o que nos leva a crer que existe emoção naquele jogador duro. Ele estava fazendo o que queria com a fragilidade de Dilma, resta saber se saberá lidar com a nova fase de sua fragilidade.
Dessa vez, os grandes jogadores nordestinos da política brasileira vão ter que ficar olhando o que vai dar. Certamente, eles estarão ao lado dos vencedores.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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