ESPECIAL DE FIM DE SEMANA: Governo sem previsão de boas notícias em 2015
Líder do PT no Senado, Humberto Costa, espera problemas na economia ao menos pelos próximos seis meses enquanto a oposição luta pelo impeachment de Dilma Rousseff
(Brasília-DF, 10/07/2015) Pelo menos até o final do ano o Brasil enfrentará problemas na economia. Enquanto isso, a oposição continuará tentando retirar o mandato da presidenta Dilma Rousseff. A previsão é do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), numa semana que terminou com notícias ruins para a população e para o governo.
Em entrevista a Política Real, ele disse que “uma parte da oposição, ressentida com a derrota nas eleições”, continuará “pressionando as instituições” em busca de “um atalho” para chegar ao poder. Junto com a divulgação do alto índice de inflação, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ― quase 9%, a maior taxa em 19 anos ― veio também outra notícia negativa.
Desemprego
O IBGE também divulgou que taxa de desemprego teve aumento de mais de 8%. Este índice fez o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), dizer que só há uma saída para se resolver os problemas econômicos: retirar Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. O impeachment da presidenta passou a ser defendido com vigor pelos oposicionistas, como o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e combatido pelos petistas e seus aliados.
Uma nota assinada por Aécio Neves, por exemplo, provocou a divulgação de outra nota, desta vez da bancada do PT no Senado, lida por Humberto Costa no plenário da Casa. Na Câmara, a bancada petista também divulgou nota acusando a oposição tentar dar um golpe para tirar Dilma Rousseff do Palácio do Planalto.
Contra-ataque
Os oposicionistas reagiram com o argumento de que golpe quem está querendo dar são os petistas e seus aliados, tentando constranger o trabalho das “instituições” que apontam irregularidades no governo. Humberto Costa acredita que este embate continuará.
“E se nós não estivermos absolutamente vigilantes em relação a isso, é perfeitamente possível que isso possa se transformar num movimento mais amplo”, afirmou Humberto Costa à Política Real. Ele enxerga nos cidadãos importantes aliados por entender que “a população brasileira não quer isso, não deseja isso, o Brasil não precisa disso”.
"Bom debate"
O líder do PT promete não dar trégua na reação dos petistas e seus aliados. “E nós vamos fazer o bom debate combater essas tentativas”, frisou. Sobre o aumento da inflação, ele acredita que seja mais um resultado de “uma certa insegurança da população” por causa do clima político. Ou seja, a atualização dos preços administrados pelo governo acabou elevando o valor de outros produtos.
Humberto Costa foi ministro da Saúde no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2005. E já ocupou vários cargos públicos antes de ser eleito senador em 2011. A própria página da bancada do PT no Senado informa que o senador já perdeu eleição por causa de denúncia de envolvimento em corrupção.
“Atingido injustamente por denúncias no período pré-eleitoral ― que mais tarde foram esclarecidas, com a absolvição unânime dos 14 desembargadores do Tribunal Regional Federal de Pernambuco ― Humberto Costa não foi eleito para o governo do estado em 2006”, de acordo com a página oficial na internet.
Íntegra da entrevista
O senhor acha que a oposição ainda continuará insistindo no impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
Eu acredito que uma parte da oposição, ressentida com a derrota eleitoral de 2014, e querendo um atalho para chegar ao poder, vai continuar insistindo nessa tecla, pressionando as instituições, procurando de todas as maneiras retirar a presidenta Dilma do exercício da Presidência da República. E se nós não estivermos absolutamente vigilantes em relação a isso, é perfeitamente possível que isso possa se transformar num movimento mais amplo. Mas acho que a população brasileira não quer isso, não deseja isso, o Brasil não precisa disso. E nós vamos fazer o bom debate combater essas tentativas.
Recrudescimento da inflação. A que o senhor atribui a elevação do índice?
Isso realmente é algo que nos preocupa a todos. Eu acho que tudo tem a ver com expectativa. Na medida que o governo fez uma atualização dos preços administrados, imaginava-se que isso não geraria um envolvimento nos outros preços, mas terminou acontecendo. Eu acredito que não se trata de uma inflação de demanda. Não há hoje gente procurando bens mais do que são produzidos. Ao contrário. Nós temos capacidade ociosa na indústria, nós temos capacidade de crescer a produção na agricultura. Eu só posso entender como sendo reflexo desse clima, um efeito muito mais psicológico, digamos de uma certa insegurança da população também.
Essa semana que terminou, o senhor a classifica em que nível de dificuldade para o governo?
Foi muito grande. Uma dificuldade muito grande e acho que os próximos seis meses, pelo menos, também serão de muitas dificuldades. Mas eu sou otimista em considerar que nós vamos conseguir superar esse momento difícil que estamos vivendo.
(Valdeci Rodrigues, especial para Política Real. Edição de Valdeci Rodrigues)