31 de julho de 2025
OPINIÃO

Mais uma cilada brasileira

Estamos no sexto mês do ano, mês das fogueiras, mês das quadrilhas. Costuma-se dizer nos terreiros de junho, antes das fogueiras criptarem, que se se deseja fazer um alarido, um barulho, o faça enquanto queimam os fogos de Santo Antônio, São João ou São P

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(Brasília-DF)  A prisão de Marcelo Bahia Oderbrecht e Otávio Marques de Azevedo na 14ª fase da Operação Lava Jato, nominada de Erga Omnes, e o resultado de mais uma pesquisa Datafolha apontando que 65% dos brasileiros rejeitam o Governo Dilma, que teria só 10% de apoio marcaram o final da semana e irão fazer balançar a penúltima semana do mês de junho.

Estamos no sexto mês do ano, mês das fogueiras, mês das quadrilhas. Costuma-se dizer nos terreiros de junho, antes das fogueiras criptarem, que se se deseja fazer um alarido, um barulho, o faça enquanto queimam os fogos de Santo Antônio, São João ou São Pedro. Vai ser difícil.  Os fogos e seus estampidos, papoucos, não poderão fazer calar tão sonoros e guturais sons que saem deste momento político temperado por uma crise econômica que não dá trégua nenhuma. 

Falou-se em Brasília neste final de semana, entredentes, sob sussurros, zombeteiros ou sonorizados, sobre o fim da vida pública do ex-presidente Lula.  Tudo porque é sabida e pública a relação entre a maior multinacional brasileira Oderbrecht e o Ex-Presidente. Fazia tempo que Marcelo Odebrecht vinha dourando a pílula, vinha ocupando espaços públicos de uma forma estudada, espaços na mídia e mandou divulgar que se fosse encurralado não tombaria sozinho. Imediatamente, associou-se que tanto o Ex-Presidente como a Presidenta Dilma Rousseff poderiam ser atingidos, efetivamente, pela Operação Lava Jato.

A situação ganha contornos mais amplos para a República e não só para o Governo Federal, o poderio petista.  Não podemos esquecer que PT e seus antagônico PSDB são face das mesma moeda de poder que toma conta do país nos últimos 20 anos. O que vemos hoje não apareceu ontem, ganhou tintas mais coloridas, é verdade, mas permeia nosso jeito de fazer política e poder desde muito.  Empresas como a Odebrecht e Andrade Gutierrez são financiadoras do PT, PSDB e do PMDB, que manda no Congresso Nacional. O nosso modelo de vida pública está aos pandarecos.

Afirmar, categoricamente, que Lula e Dilma serão efetivamente arrastados para o buraco  é tão presunçoso como dizer o oposto.  Por outro lado não seria presunçoso duvidar que muitos acreditam que os desvarios cometidos nos últimos anos não eram de conhecimento dos dois.  Isso é um grande problema para nossas democracia ainda tão precária, apesar de o Mundo acreditar que somos muito mais robustos do que imaginamos. 

O grande segredo da política brasileira sempre foi achar saídas para as ciladas que encontra pela frente.  Antes, tínhamos o golpismo, quarteladas - simples.  O Estado de Direito que passamos a ter como a conta de chegada, é uma ação liberal do modelo democrático.

Os grandes empresários presos não eram primários a ponto de imaginarem que são seriam encurralados. Essa gente não se move pela opinião pública, eles controlam a opinião pública. Neste momento eles são senhores de seus limites. Já calculavam isso, certamente. Fiquem certos, não é jogo de gato e rato. Eles sabem os caminhos e viram os erros dos outros. Resta saber quem pisca primeiro.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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