31 de julho de 2025
OPINIÃO

Previsível de uns, imprevisível para outros

O grande ator do momento é o deputado Eduardo Cunha, o ovo da serpente gerado por Dilma Rousseff e os anos de menosprezo ao Legislativo. Eduardo Cunha, diferente do alagoano Renan Calheiros, não blefa, age no vazio do poder.

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(Brasília-DF)  O mês de maio começou histórico. Não vai dar para tirá-lo de nossos calendários. Não é para menos!  Vimos o mais importante partido sindical, ou trabalhista, do País votar pela redução de direitos trabalhistas, assim como a chegada de um desemprego consistente no Nordeste, acima da média nacional, a região que mais ganhou nos melhores anos dos governos petistas. Em algumas capitais nordestinas o índice chegou a mais 11%.

É verdade que, apesar de tudo isso, o Governo Federal tem o que comemorar: aprovou parte do  Ajuste Fiscal, na Câmara, e a inflação parou de crescer, apesar de já estar acima do centro da meta para o ano, em pleno abril!

Todo mundo sabe, ou já ouviu falar, que o Poder deixou o Palácio do Planalto e se mudou para o Congresso Nacional. Só se fala do alagoano Renan Calheiros e do carioca Eduardo Cunha. Todos reclamam, também, e especulam se saímos do caldeirão para cair no fogo! Uma coisa é certa, é bom vermos que uma democracia deve funcionar com todas as suas engrenagens, ficou evidente que não tem essa de imaginarmos que os instrumentos de democracia direta são inadiáveis. Não são!  Se o Executivo fizer o dele, o Legislativo cumprir suas tarefas, o Judiciário julgar e a Sociedade atuar as coisas podem ser melhores.

O grande ator do momento é o deputado Eduardo Cunha, o ovo da serpente gerado por Dilma Rousseff e os anos de menosprezo ao Legislativo.  Eduardo Cunha, diferente do alagoano Renan Calheiros, não blefa, age no vazio do poder.

Eduardo Cunha sabe que as incapacidades e equívocos de Dilma Rousseff levaram todas as esquerdas para um despenhadeiro.  Os tucanos ajuizados já sabem disso.  Se Eduardo Campos estivesse entre nós, ele não permitiria, mesmo com a crise do Ajuste Fiscal, que as esquerdas enveredassem no mesmo buraco que o atual desgoverno teima em cavar.

Cunha é previsível, fiquem certos; ele, se não for abatido pela Lava Jato, tende a se manter num crescente na ocupação de um nicho de centro-direita, ou conservador.  Cunha sabe que a direita escancarada, representada por Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e(em menor  cotação) Ronaldo Caiado – é residual no país, mas tem convicção, face sua formação econômica, que os recursos humanos quando abominam um modelo tendem a migrar para outro exatamente oposto mesmo que não estejam convencidos de que é a melhor alternativa.  Os conservadores, ou a direita, num Brasil de classe média que se move não por valores mas por ganhos competitivos, nem sabem se este é o melhor caminho, mas sabem que não vale à pena mais ficar com que tiveram!  Cunha cresce nesse ambiente e vai continuar crescendo num ambiente onde as perdas tendem a continuar avançando.

As principais lideranças na política nordestina ainda não sabem para onde vão nisso tudo. Não podemos esquecer que temos um grande número de novos deputados federais na região e que a maioria dos governadores cumprem um primeiro mandato, são sucessores de projetos que cresceram nos melhores anos dos governos petistas. O resultado das eleições municipais vai ser fundamental para o rumo desses senhores do Nordeste.

Uma coisa é certa, tá animado!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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