Um risco nada calculado
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
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( Brasília-DF) O momento é bom para o Governo Dilma Rousseff. As notícias positivas são sempre mais evidentes que as notícias negativas. Especialmente, quando associamos a figura pública da Presidenta. Esta última dos juros tem deixado sem brilho os seus mais luminosos críticos.
A Política e os poderosos nem sempre se movimentam sob a ótica do cidadão comum. O mundo real nem sempre é igual a Política Real.
O mundo político está em polvorosa com o caso Demóstenes/Cacheira.
O PT decidiu encampar a investigação contra as relações do bicheiro-empresário com o senador Demóstenes Torres, ex “xerife” da oposição. A investigação vai se ater a relações com empresas, especialmente financiadoras dos principais partidos.
Estive, semana passada, no jantar do PMDB, que esteve de aniversário. Conversei com os principais nomes do partido, recheado de nordestinos na sua primeira linha. Sarney não esteve, pois já apresentava sinais dos problemas que lhe atormentam nos últimos dias. Eles não queriam passar recibo, mas não negavam, reservadamente, o espanto com o partido da Presidenta Dilma, o PT, em querer tal investigação.
Já virou batida a expressão que CPI´s se sabem como começam mas não se sabe como terminam( sic). Esta está sendo mais bizarra, ainda: não se sabe como começa e nem se sabe como terminará. Em tese, a CPI, que será mista e dai se chamará CPMI, deputados e senadores juntos – deverá vir ao mundo nesta semana, porém só deverá se instalar no fim do mês. O senador Demóstenes Torres, inteligentemente, partiu na frente e disse que quer ação na Comissão de Ética. Acabou pautando os senadores e com isso deverá dar um tom nas investigações da CPMI, se esperava o contrário, a CPI pautando o Conselho de Ética.
Os partidos estão preocupados. Acham que o PT está mais irresponsável do que na época em que estava na oposição. Em tese, a CPMI vai dar o que falar, em meio às eleições municipais. Quem conhece o poder sabe que o jogo e os empreiteiros interessam a todos os políticos. São conhecidos financiadores, tanto do caixa um como no caixa dois. Com o modelo político que temos, é fácil, e nada leviano, dizer que quase ninguém escapa. Campanhas são permeadas por essa gente. Alguns políticos, os mais desatentos, acabam pegos nessa rede mesmo de forma indireta.
A empreiteira Delta, que recebeu mais de R$ 4 bilhões nos anos do PAC, que, em tese foram conduzidos pela então ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, será investigada. Isso se dá no ano em que, provavelmente, será julgado o “ Caso do Mensalão” - tudo isso nos dá a sensação de que muita coisa estará em jogo.
A Presidenta Dilma parece não perceber que está crise não é dos políticos, é do poder. Ela é a chefe do poder! Se pensa que isso não vai chegar a ela é uma loucura.
Bem, vamos ver até onde vai isso.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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