Obama e o Nordeste
Ele diz que os melhores vão estar mais atentos ao efeito desta visita
Publicado em
( Brasília-DF) A visita do presidente Barack Obama, dos Estados Unidos da América, ao Brasil antes mesmo da presidenta Dilma Rousseff ser recebida no salão oval da Casa Branca é um marco não só brasileiro, mas global.
A declaração do presidente Obama de que o o futuro já chegou para o Brasil é um advento. A geração que esperou a redemocratização aprendeu a detestar a maior democracia capitalista. Durante anos, especialmente nos anos de chumbo, era comum jogar pedra em Tio Sam. Adorávamos usar Levi’s 505, usar tênis All Star mas falar mal de Nixon, Ford e outros tais. Esta geração está no poder no Brasil e agora é brindada com este momento e tanto. Nós do Nordeste temos uma desafio maior que o resto dos brasileiros. Alguns governadores nordestinos estiveram no evento desse sábado no centro de convenções Brasil 21, num encontro organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, Amcham Brasil, e a Confederação Nacional da Indústria – CNI. Eles estiveram frente a frente com Obama e com a história.
Não tenham dúvidas: Obama veio ao Brasil para criar empregos na América e garantir seu segundo mandato. O encontro do presidente Obama com Dilma também foi muito bom para a sucessora de Lula. Enfim, e nós nesse momento?
O grande apelo, observado por especialistas que vem se detendo sobre esses dois dias do homem mais importante do planeta no Brasil, é a questão da energia e da tecnologia. No século passado quem controlava o petróleo, a forma mais intensiva de se ter energia, era o dono do planeta. Os americanos souberam lidar com isso como ninguém. O ouro negro do terceiro milênio é a tecnologia. Os americanos também o tem, mas têm que lidar com os mercados que os Brics geraram. O Brasil é o mais sofisticado, ocidentalmente, dos membros dos Brics. Não precisa falar mais para entender tudo isso, mas nós do Nordeste temos energia e vamos ser importantes antes e depois do Pré-sal. Temos refinarias Premium para ser inauguradas que vão ser fundamentais para esvaziar o efeito Venezuela/Colômbia na América.
Isto é só a ponta de lança. O Nordeste, antes mesmo do Brasil vir a ter a China como o seu maior parceiro econômico - já testemunhava este pais como maior investidor na região. Os Estados Unidos prometem encher nossas ruas, em breve, com seus muitos profissionais de ponta, tanto para atuar nas refinarias e empresas ancoradas como nos tradings. O Nordeste, ansioso pelo ‘boom’ de infraestrutura, observa a questão da superestrutura ainda de lado. Especialistas ouvidos pela Política Real, tanto no Etene/BNB como na FGV, revelam que a chegada da infraestrutura não tem o mesmo impacto da chegada da superqualificação da superestrutura. É tudo de impressionar. Os nossos governantes mais qualificados, e serão cobrados por isso, serão tanto quanto históricos e célebres na medida desta conta.
Estamos frente a frente com uma encruzilhada de propósitos e urgências. Se governar é fazer escolhas ficamos imaginando o tamanho desta conta.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: [email protected]