( Brasília-DF) Estamos completando neste início de semana o primeiro mês do Governo Dilma Rousseff, justo com o início de uma nova legislatura no Congresso Nacional.
É a regra constitucional. Há quem diga que tudo deveria ser iniciado ao mesmo tempo, que não tinha porque uma nova chefe de Estado e Governo ser recebida por um Congresso velho e por vezes, como é o caso daquele que lhe deu assunção, extremamente alterado.
Dilma teve uma primeiro mês difícil, mas no geral não se comprometeu. Dizem que quem fala demais dá bom dia a cavalo. Dilma preferiu falar pouco, no entanto quando o fez não declinou contra o bom senso. É verdade que não foi fácil, desde os primeiros movimentos para empossar os novos ministros, as polêmicas, as primeiras declarações dos novos colaboradores, a disputa entre PT e PMDB, a crise das chuvas no Sudeste, as discussões sobre o salário mínimo, a inflação do mês de janeiro, os impostos que tanto irritam. Quem vem acompanhando sua agenda pessoal se impressiona quando compara com a de seu antecessor. Sabe-se que presidentes têm uma agenda bem diferente daquela que anuncia. Dilma, informam fontes e seus interlocutores habituais, vem cuidando todos os pormenores desses encontros.
Costuma-se dizer que os homens olham para frente, miram seus objetivos e não ligam para o caminho que vão fazer. As mulheres miram seus objetivos, mas procuram, minudentes, cuidar de cada metro quadrado do caminho que vão percorrer. Os detalhismos e perferccionismos femininos quando associados ao poder geram belas surpresas, que o digam os escandinavos. Os poderosos do Nordeste, e de outros cantos, preferiram observar – estão certos. Dilma agora vai ter que lidar com o novo parlamento que toma posse nessa terça-feira. Teremos uma mudança de 45% no parlamento.
Dizem que um parlamento não pode, e nem deve, mudar em demasia. Nosso modelo de presidencialismo forte, mas com moldes parlamentares, impressiona esta máxima. Ao se alterar em excesso vão embora os maus parlamentares, mas também vão embora bons construtores de idéias e políticas públicas. No Nordeste, teremos muita gente nova. Em quase todas as bancadas, estaremos vendo novos parlamentares, em idade e idéias. Essa gente, na maioria dos casos, sucede políticos de suas famílias – uns prometem outros nem um pouco. Não é uma renovação, é uma perpetuação, pois nem continuidade pode ser dita! Se Rui Barbosa fosse vivo iria escrever bem melhor do que eu sobre este processo.
Se Dilma Rousseff não tem ido tão mal, se compararmos de mal ou bem com o episódio da ida a Serra Fluminense, o poder dado a Temer e o bate-cabeça na questão do mínimo e reajuste da tabela do IR, com as origens que tem, agora, pensar com o novo parlamento que pode ser tudo, ou até nada, do que se espera dele, acaba por nos assustar.
O desafio que fica é saber, isso sim, se o protagonismo da classe política nordestina vai continuar nos idos de Dilma Rousseff. O ideal seria ela fortalecer, se houver condições, novos nomes dessa nova classe. FHC tentou com Luiz Eduardo Magalhães, mas Lula nem tentou, apesar do sucesso de Eduardo Campos. O momento é de aguardar.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr