31 de julho de 2025

Maranhão

Serra se redime com nordestinos mas ainda se confunde – ele trocou Maranhão por Alagoas

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(Brasília-DF,21/11/2003)  José Serra fez de tudo para agradar os nordestinos, logo em seu primeiro dia  como novo  presidente nacional do PSDB.

O novo presidente tucano, em seu  longo discurso de 12 páginas, entrecortadas com vários trechos de improviso – fez de tudo para citar os nordestinos. Sua fala foi dedicada a salientar o novo perfil tucano, agora na oposição. Ele fez questão de colocar em relevo, e isso foi repetido por todos os líderes tucanos procurados pela nossa reportagem, que o PSDB é a favor do Brasil mesmo sendo contra o Governo. Em sua visão, o PSDB diferente de muitos, a partir da sua origem, nasceu na oposição e que em 15 anos conseguiu ser o mais importante partido político brasileiro das últimas décadas. Sempre colocando juntos o partido e os anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, salientou que eles conseguiram dar credibilidade internacional ao país, acabou com a hiperinflação  - que ele aproveitou para lembrar como “ a verdadeira herança maldita recebida”, numa provocação ao senador José Sarney(PMDB-AP) -, criaram a lei de responsabilidade fiscal , deram impulsos nas políticas sociais, além de terem materializado “o sonho republicano ‘ de todas criança na escola’” .

 

 

Serra evidenciou as iniciativas de três líderes nordestinos: o deputado Jutahy Magalhães(BA), líder do Partido na Câmara, que foi chamado para discursar mas delegou para o senador Arthur Virgílio(AM) - que também não pôde falar pois já não mais estava no auditório e sim no Plenário do Senado, conforme informou o mestre de cerimônias, o radialista Rudinei -, o deputado Sebastião Madeira(MA), novo presidente do Instituto Teotônio Vilela, ITV, e o senador Tasso Jereissati. Jutahy é um histórico aliado de Serra, mas no caso de Madeira e Jereissati ele destacou a proposta alternativa formulada pelo primeiro ao projeto do Governo que criaram o “Fome Zero” e o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar, MESA, e o projeto alternativo do senador cearense que já promete ser aceito pelo Governo na reforma tributária.

 

 

ALAGAOS NO LUGAR DO MARANHÃO -  O novo presidente tucano se esforça mas ainda se confunde com as lideranças nordestinas. Quando elogiou Madeira, ele trocou os estados, citando o parlamentar maranhense como se ele fosse de Alagoas, que vem a ser estado natal de Teotônio Vilela Junior, que, por acaso, já foi presidente do Partido. Serra também citou Cássio Cunha Lima, governador paraibano, como referência de bom administrador, mesmo sabendo que o governador já estaria todo afinado com o presidente Lula, com quem viajou para a Europa e conseguiu o Instituto Nacional do Semi Árido além de ter influenciado na saída de vários deputados federais do Partido que migraram para agremiações aliadas do novo governo

 

 

SETE PONTOS – Alegando nenhum passionalismo Serra desfiou um série de criticas ao novo governo e não ao presidente Lula, do qual se diz um admirador - comprovando sua fama de atento observador de pesquisas de opinião – as últimas apontam que o Governo vai mal porém o Presidente nem tanto. Serra elencou “sete pontos da singularidade da experiência do governo do PT”: o bolchevismo sem utopia, agenda antiga, a conquista do Estado, discurso e prática, sem continuidade de mudança, o arrocho social e ,finalizando, o retrocesso lento, gradual e seguro.

 

 

Na visão do candidato derrotado no segundo turno da últimas eleições presidenciais esse retorno a vida pública se deve, exclusivamente, a vontade de seu pares, dando o tom do atual estágio de união partidário. Ele fez questão de abordar vários outros assuntos, como o novo foco do crescimento, fala de política econômica, mercado e Estado além de cuidar do que ele chama “ativismo estatal”, fundamental para atividades voltadas ao agronegócio, O seu foco na questão da política econômica seria a busca de superávits comerciais.  Ele disse que é importante aproveitar a conjuntura no momento que surge; criticou o arrocho na saúde e educação.   Ele não  poderia deixar de falar de assuntos quase impossíveis, como a reforma política. Tratou do assunto como se fosse algo que pudesse ser tratado com facilidade, além de lembrar ao Partido o compromisso histórico com o parlamentarismo, algo que ele reconheceu não ser possível voltar a tratar em médio prazo.

 

PELOS  ESTADOS

 

 

O novo secretário-geral do PSDB, deputado Bismarck Maia(CE), vem a ser indicação pessoal do senador tucano, Tasso Jereissati, que chegou a disputar a indicação para presidente na chapa tucana.  O governador Lúcio Alcântara, do Ceará, que foi o primeiro a discursar - além de agradecer José Aníbal(SP), o presidente que se despedia e que atuou determinado pela indicação de Serra naquela eleição contra  o interesse do aliado cearense do governador – disse, lembrando a época em que participou com Serra da Constituinte, há 15 anos atrás, que dissera a ele que “ estava destinado a algo grande na política nacional”.

 

 

PARAÍBA - O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, evitou participar ativamente da sexta Convenção Nacional Tucana há pouco finalizada. Cunha Lima que chegou ao auditório Petrônio Portella, do Senado Federal, quando faltavam poucos minutos para o encerramento das votações, no final da manhã e início da tarde foi um dos poucos governadores tucanos, são oito ao todo, e o único do Nordeste que não quis aparecer nas fotos com a nova presidência e executiva do Partido.  Antigos desafetos do  novo presidente nacional tucano, como Tasso Jereissati(CE) e Aécio Neves(MG), que chegou a ameaçar apoio a  Ciro Gomes no final do primeiro turno da eleição presidencial do ano passado, estiveram presentes.  Aécio Fez questão de ficar sempre ao lado de Serra.

 

 

O governador Cássio Cunha Lima não apareceu  na mesa dos trabalhos nos momentos mais entusiasmados, motivados pelo mestre de cerimônias que chamava os governadores, senadores ou deputados e prefeitos. Ele foi citado duas vezes, inclusive pelo próprio José Serra como um governador tucano que era exemplo do sucesso das administrações tucanos que “ sabem mais e podem fazer”. Serra destacou em sua longa fala, de quase 35 minutos, que o PSDB, repetindo José Aníbal, que falou antes dele – seria o partido que mais reelegeu administradores.  Mesmo tendo governador, a Paraíba não teve postos de destaque na Executiva Nacional, anunciada por José Aníbal no final dos trabalhos ,logo após a fala de Serra, que foi de encerramento.

 

 

O prefeito Cícero Lucena, de João Pessoa, foi o único prefeito citado por José Aníbal, como exemplo e referência.

 

 

( por Genésio Araújo Junior e Toni Duarte)