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- Contato Brasil, 11 de julho de 2025 22:28:48
( Publicada originalmente às 18h 00 do dia 10/07/2025)
(Brasília-DF, 11/07/2025) O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu uma entrevista na saída do edifício da pasta na Esplanada dos Ministérios no final da tarde. O já tradicional “quebra-queixo” os setoristas. Os jornalistas queriam saber sobre a avaliação sobre o tarifaço de 50% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos. Ele disse que se foi a extrema direita que tratou de mobilizar o presidente Donald Trump para tomar as medidas contra o Brasil que ela trate de resolver.
“...A extrema direita brasileira está envolvida no ataque dos Estados Unidos ao Brasil, que ela, agora, procure corrigir o estrago que fez. “, disse.
Veja a íntegra da entrevista:
Jornalistas: Ministro, eu queria uma avaliação sua sobre essas tarifas, surpreendeu o governo brasileiro 50%, essa tarifa de 50%, e o que pode ser feito a partir de agora?
Olha, é o que o presidente tem dito, é uma tarifa que não se justifica sob nenhum ponto de vista, menos ainda do seu ponto de vista econômico, os Estados Unidos tiveram um superávit junto ao Brasil, fora a América do Sul, junto ao Brasil, nos últimos 15 anos, de mais de 400 bilhões de dólares, um superávit.
Então, quem poderia estar pensando em proteção era o Brasil, o Brasil não está pensando nisso, então esse tipo de retaliação com finalidade política ideológica, ele é contraproducente, ele desrespeita os 200 anos de tradição diplomática entre os dois países, que se dão muito bem, os povos brasileiros e norte-americanos se dão muito bem, e tem relações diplomáticas estabelecidas há muito tempo, tem tradição de conversa.
Então, na minha opinião, isso não tem a menor justificativa, e nós vamos, obviamente, ter um grupo de trabalho para analisar a lei da reciprocidade, que foi aprovada com larga margem pelo Congresso, inclusive com setores conservadores da sociedade que defendem a soberania nacional, enquanto isso, os canais diplomáticos sempre estarão abertos para buscar um entendimento e a superação desse impasse.
Seria bom que os setores extremistas da sociedade brasileira, que concorreram para esse resultado, se desmobilizassem nos Estados Unidos e passassem a defender o interesse nacional, então, nós temos a expectativa também de que, diante da evidência, inclusive da pública, de que eles se envolveram num ataque ao Brasil, a extrema direita brasileira está envolvida no ataque dos Estados Unidos ao Brasil, que ela, agora, procure corrigir o estrago que fez.
Lembrando que nós temos ainda algumas semanas e nós temos que diplomaticamente agir, o grupo de trabalho que vai ser formado sob a condução do vice-presidente Geraldo Alckmin vai analisar a lei de reciprocidade e todos os instrumentos que estão à disposição do governo brasileiro para levar ao presidente da república, mas nós esperamos que até lá esse tipo de atitude seja repensado pelas vias diplomáticas e pela desistência dos setores de extrema direita do Brasil em atacar a soberania nacional.
Jornalista: Qual o impacto na economia brasileira se essa taxa de 50% for mantida e, também, se o Brasil aplicar a reciprocidade?
Olha, o comércio bilateral já foi muito maior entre o Brasil e os Estados Unidos.
Hoje ele está na casa de 12%. É relevante. E, independentemente disso, do impacto, nós queremos ter boas relações com os Estados Unidos.
Os governos vão passar e as nações vão continuar. Então, nós vamos buscar, independentemente do impacto... Agora, há setores específicos que vocês conhecem bem, o agronegócio, sobretudo de São Paulo, a indústria, sobretudo de São Paulo, serão fortemente afetados se isso continuar. O mesmo pode acontecer com setores de lá afetados pela lei da reciprocidade.
Nós não queremos prejuízo de ninguém, nem dos brasileiros que vendem para os Estados Unidos, nem dos americanos que vendem aqui, vendem muito aqui. Tem, inclusive, superávit conosco. Então, não é razão para isso.
Nós temos que buscar o entendimento, imaginar que alguém com juízo vai aparecer e fazer o que é certo. É sentar à mesa, sopesar os argumentos, se tiver uma distorção aqui ou outra ali, que é sempre possível ter abertura para corrigir de parte a parte, não é só o Brasil, e buscar a forma de cooperar, como o Brasil faz com o mundo inteiro. O Brasil não pode ser apêndice de um bloco econômico.
Nós queremos o acordo União Europeia-Mercosul, queremos manter as nossas exportações para a Ásia, que é um grande parceiro comercial, queremos investimentos norte-americanos no Brasil, que é o que detém o maior estoque de capital no país. Tudo isso nós queremos continuar fazendo com normalidade, com tranquilidade. Se houvesse uma razão para isso, que fosse de ordem econômica, nós estaríamos dispostos a sentar.
Mas não há razão econômica para isso. Então, nós não podemos misturar ideologia com economia, e menos ainda, alinhar setores da sociedade brasileira contra a soberania nacional. Isso é inaceitável.
Jornalista: Quais setores da sociedade brasileira se mobilizaram para que o Trump...
A extrema-direita, não sou eu... Pode ser mais claro. Pode ser mais claro. Tem um filho do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, nos Estados Unidos, celebrando a decisão tomada e ameaçando o Brasil com novas decisões, a partir de 1º de agosto.
Então, me parece que não se trata nem de pedir uma investigação, a pessoa declaradamente está agindo contra os interesses nacionais. E o Urdiu gestou essa retaliação ao Brasil de lá. Não é uma coisa aceitável uma pessoa fazer uma coisa dessa.
Isso realmente deveria indignar a todos nós brasileiros. Mas eu quero dizer para vocês, 99% das pessoas são Brasil. São Brasil.
Vão lutar pelo Brasil. Agora, se tem uma minoria de 1% que está conspirando contra o país, eu penso que eles vão receber a devida resposta da sociedade brasileira. Ninguém está falando nisso por enquanto.
Tem muitas medidas não tarifárias que podem ser pensadas. É um rol enorme de medidas que estão sendo estudadas. Tem um grupo de trabalho, conforme eu disse, nós temos um tempo, mas há muitas medidas não tarifárias.
Há medidas tarifárias que não impactam a inflação. Há uma série de alternativas que vão ser consideradas. Isso não significa que vão ser acionadas, porque o nosso desejo é que até lá isso tenha sido superado.
Teremos tempo para superar. Se houver boa vontade, nós vamos superar esse mal-entendido. Há um grande mal-entendido que envolve, infelizmente, o interesse pessoal de um indivíduo, e isso não pode afetar a relação de 200 anos entre dois países.
Jornalista: O senhor leu o relatório do ministro?
Não vi.
Jornalista: Ele está lendo agora na comissão, mas de qualquer forma, o senhor disse da outra vez que já tinha conhecido algumas linhas, e uma dessas linhas...
Eu não tenho certeza se aquilo que ele compartilhou conosco é aquilo que foi lido. Então, em respeito ao deputado Arthur Lira, eu vou ver o que foi apresentado e me manifesto em seguida.
Jornalista: Tinha alguma coisa sobre créditos para não-residentes?
Não tenho conhecimento disso, não. Tá bem? Obrigada, gente. Eu vou cotejar os dois documentos.
(da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)