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- Contato Brasil, 03 de junho de 2025 11:31:38
( Publicada originalmente às 13h 20 do dia 27/05/2025)
(Brasília-DF, 28/05/2025) Nesta terça-feira, 27, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que foi senadora, abandonou uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, à qual ela havia sido chamada para falar da criação de áreas de conservação na região Norte, após ser alvo de declarações de senadores consideradas machistas e ofensivas.
Marina foi convidada a partir de requerimento do senador Lucas Barreto (PSD-AP).O convite surgiu pela preocupação do parlamentar de que a instituição dessas áreas impossibilitasse a prospecção e exploração de petróleo na Margem Equatorial no Amapá.
O senador Plínio Valério (PSDB-AM), ao cumprimentar Marina, afirmou que desejava "separar a mulher da ministra", porque a mulher "merecia respeito" e a ministra, não.
"Ministra Marina, que bom reencontrá-la. E ao olhar para a senhora, eu estou vendo uma ministra. Não estou falando com uma mulher. Porque a mulher merece respeito, ministra não. Por isso que eu quero separar", disse Valério, líder do PSDB no Senado.
Marina Silva exigiu um pedido de desculpas e, como não foi atendida, retirou-se da audiência. Ela lembrou ainda que o senador, em outra ocasião, chegou a falar em "enforcá-la".
“Sou ministra de Meio Ambiente, foi nessa condição que eu fui convidada e ouvir um senador dizer que não me respeita como ministra, eu não poderia ter outra atitude — disse Marina Silva em coletiva após a audiência.”, disse Marina.
Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a fala de Plínio Valério não cabe num debate institucional:
“O debate político pode ser caloroso, pode expressar as divergências, os pontos de vista, mas manifestação de desrespeito é inaceitável.”, disse.
Anteriormente, a ministra já havia se desentendido com outros senadores. Ao presidente da CI, senador Marcos Rogério (PL-RO), ela disse que não é "uma mulher submissa". Na sequência, ele a mandou se "pôr no seu lugar".
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) acusou o presidente da comissão de machismo, e o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), saiu em defesa de Marina, apoiando sua decisão de deixar a audiência.
Após deixar a sessão, a ministra disse a jornalistas que se sentiu agredida. "Fui agredida fazendo o meu trabalho tecnicamente", afirmou.
"Hoje ele [Plínio Valério] chega lá numa sessão em que fui convidada como ministra do Meio Ambiente e diz que ia fazer uma separação entre a mulher e a ministra, que a mulher deveria ser respeitada e a ministra não", continuou na coletiva de imprensa.
"Não é pelo fato de eu ser mulher que vou deixar as pessoas atribuírem a mim coisas que eu não disse."
Rodovia na Amazônia também foi motivo de embates
Durante a audiência, a ministra também enfrentou críticas do senador Omar Aziz (PSD-AM), com quem discutiu sobre o asfaltamento da BR-319, estrada que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM). Aziz afirmou que Marina não era "mais ética" que os demais presentes e defendeu o compromisso do presidente Lula com a obra.
Marina respondeu dizendo que tem sido usada como bode expiatório na discussão e lembrou que esteve fora do governo por 15 anos, entre 2008 e 2023.
O asfaltamento da rodovia é considerado também um tema delicado no governo Lula.
Entre os que o defendem estão o Ministério dos Transportes, comandado por Renan Filho (MDB), e parlamentares da Região Norte.
Eles alegam que a rodovia pode diminuir o isolamento de Estados como o Amazonas e Roraima em relação ao resto do país. Juntos, os dois têm 4,5 milhões de habitantes. A rodovia é a única ligação terrestre desses dois Estados com o Centro-Sul.
Do outro lado, porém, estão membros da ala ambiental do governo, cientistas e ambientalistas. Eles alertam que o asfaltamento completo da BR-319 sem as devidas medidas de mitigação e governança pode gerar um aumento desenfreado do desmatamento na Amazônia e comprometer uma das principais bandeiras do terceiro mandato do petista: a defesa do meio ambiente.
Em meio à indefinição sobre o futuro da obra, parlamentares da bancada da região Norte passaram a pressionar o governo pela liberação da obra desde o início do ano passado.
( da redação com informações da Agência Brasil e BBC. Edição: Política Real)