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- Contato Brasil, 04 de janeiro de 2025 20:41:37
( Publicada originalmente às 09h 53 do dia 01/01/2025)
Com Euro News.
(Brasília-DF, 02/01/2025) No ano passado, o Mundo viveu a sua maior quantidade de eleições, foi o período que mais pessoas foram às urnas. Neste ano de 2025, vai ser um ano decisivo de muitas eleições na Europa que prometem grandes mudanças políticas - a votação antecipada na Alemanha, a corrida presidencial na Romênia, o referendo na Polónia sobre o governo de Tusk e a ascensão de forças populistas na República Tcheca ou na Noruega poderão mudar o futuro da União Europeia.
Eis um resumo das principais eleições que terão lugar em 2025 e o que podemos esperar:
Alemanha: de volta ao jogo político europeu?
Após a moção de desconfiança do chanceler Olaf Scholz no parlamento alemão, em 16 de dezembro de 2024, estão previstas eleições antecipadas para 23 de fevereiro de 2025.
A campanha eleitoral se iniciou, porém marcada pelo ataque ao mercado de Natal de Magdeburgo, em 20 de dezembro, perpetrado por um médico, também ele refugiado da Arábia Saudita. Segundo a ministra do Interior, Nancy Faeser, o agressor tinha opiniões islamófobas e manifestou o seu apoio à Alternativa para a Alemanha (AFD), mas o incidente cristalizou o sentimento anti-imigração numa região do leste da Alemanha já conquistada pela AFD
Segundo uma sondagem do instituto alemão INSA, a AFD tem atualmente 20,5% das intenções de voto, atrás da CDU/CSU (31%), que aproveitou a rejeição da coligação SPD-Verdes-FDP. A CDU é liderada por Friedrich Merz, um potencial futuro chanceler, que propõe uma política mais liberal do ponto de vista económico do que a de Merkel e mais conservadora do ponto de vista social, por exemplo, na questão da migração.
Merz, que ascendeu durante a era Helmut Khol, está empenhado numa Europa mais integrada. Quer relançar as relações com a França e a Polónia, critica a forte dependência da Europa em relação aos Estados Unidos e pede o envio de mísseis de cruzeiro Taurus para a Ucrânia.
Romênia: uma corrida presidencial tensa após a ingerência estrangeira e a ascensão do populismo anti-UE
A Romênia vai realizar novas eleições presidenciais em 2025, depois que o Tribunal Constitucional anulou o primeiro turno das eleições. A decisão do tribunal surgiu na sequência de preocupações com a interferência estrangeira numa eleição em que a candidata centrista e pró-UE Elena Lasconi e o candidato de extrema-direita e pró-russo Călin Georgescu passaram ao segundo turno.
A decisão foi tomada na sequência de provas da interferência russa nas eleições, em particular do impulso artificial que Georgescu recebeu nas plataformas de redes sociais, especialmente no TikTok. Até então, Georgescu era relativamente desconhecido do público, mas o seu apoio online alarmou as autoridades.
No entanto, as eleições legislativas, que não foram anuladas, terminaram com uma vitória dos sociais-democratas.
Se prevê que uma nova votação presidencial tenha lugar no primeiro semestre de 2025. Os procedimentos oficiais lançados pela Comissão Europeia contra o TikTok, ao abrigo da Lei dos Serviços Digitais, permitirão compreender melhor o funcionamento dos algoritmos da plataforma durante as eleições.
Polónia: um teste ao governo de Tusk
As próximas eleições presidenciais de maio na Polónia poderão se tornar em um referendo ao governo liderado por Donald Tusk, no poder desde dezembro de 2023, que reúne partidos da esquerda ao centro-direita. Embora o primeiro-ministro Tusk (Plataforma Cívica) tenha uma influência significativa na governação quotidiana, o presidente continua a desempenhar um papel crucial. O atual presidente Andrzej Duda, do partido da oposição Lei e Justiça (PiS), que ocupou o cargo durante oito anos antes do regresso de Tusk, utilizou o seu poder de veto para bloquear muitas das políticas do governo.
A corrida presidencial é agora um confronto entre os candidatos dos dois principais partidos: Rafał Trzaskowski, presidente da Câmara de Varsóvia pela Plataforma Cívica (PO), e Karol Nawrocki, um historiador, que representará o PiS. Embora a corrida seja renhida, as sondagens de opinião sugerem que a Plataforma Cívica deverá sair vencedora.
Itália: eleições serão importantes para a estabilidade do atual governo Meloni
No próximo mês de setembro, Giorgia Meloni terá pela frente um importante teste eleitoral, uma vez que se realizarão eleições em seis regiões: Apúlia, Campânia, Marcas, Toscânia, Vale de Aosta e Veneto.
Essas eleições permitirão obter um retrato da opinião pública italiana sobre o governo relativamente estável de Meloni, pelo menos para os padrões italianos. Em novembro passado, os partidos da coligação foram ultrapassados pela coligação de centro-esquerda nas eleições regionais da Emília-Romana e da Úmbria, o que constituiu um revés para Meloni.
A região do Veneto será objeto de um escrutínio particular, dada a sua grande população e a longa história de ser governada pela Liga populista, um dos principais atores da coligação no poder.
Na Apúlia, o eurodeputado Antonio Decaro, presidente da comissão parlamentar do Ambiente e do Partido Democrático, poderá se candidatar a governador.
República Theca: o risco de um forte eixo eurofóbico na Europa Central
Na República Tcheca, as eleições legislativas terão lugar em outubro de 2025.
As últimas sondagens dão ao ANO (que tem assento entre os Patriotas pela Europa no Parlamento Europeu), liderada pelo populista Andrej Babiš, 34,5% dos votos, bem à frente do Partido Democrático Cívico (ODS) - que faz parte dos Conservadores e Reformistas Europeus no Parlamento Europeu -, liderado pelo primeiro-ministro conservador Petr Fiala, que deverá ganhar 13,7%, seguido do partido de centro-direita STAN (do PPE) com 11%.
A vitória de Babis reforçaria um eixo de extrema-direita na Europa Central, que inclui Victor Orbán, da Hungria, e Robert Fico, da Eslováquia. O antigo primeiro-ministro multimilionário foi apelidado de "Trump checo". Anti-elite e anti-migrante, se opõe a uma maior integração da União Europeia e se mostra complacente em relação à Rússia. Muitos temem ataques contra a democracia na república Tcheca se ele voltar ao poder.
Croácia: a reeleição de um "nacionalista"
Em 12 de janeiro, os croatas vão eleger o seu presidente da República num segundo turno. Zoran Milanovic, o atual chefe de Estado, é candidato à reeleição. Ele é candidato independente, mas é apoiado por uma coligação liderada pelo Partido Social Democrata.
Zoran Milanovic apanhou todos de surpresa durante as eleições parlamentares de abril passado, quando decidiu se candidatar como cabeça de lista do SDP em Zagreb. A sua candidatura foi rejeitada pelo Tribunal Constitucional.
O presidente se diz um "nacionalista". Se opõe ao apoio do governo à Ucrânia e à participação de soldados croatas na missão de formação de soldados ucranianos liderada pela OTAN. Lidera com 37,4% nas sondagens, à frente de Andrej Plenkovic (20,8%), o candidato apoiado pelo partido do primeiro-ministro, a União Democrática Croata (HDZ) - que tem assento no Parlamento Europeu juntamente com o Partido Popular Europeu (PPE) - e que defende o reforço dos laços da Croácia com os seus aliados ocidentais.
Reino Unido: a vitória dos trabalhistas no ano passado traduziu-se num apoio duradouro?
No dia 1 de maio, o Reino Unido realizará as suas primeiras eleições desde as eleições gerais de julho passado, em que o Partido Trabalhista regressou ao poder e Keir Starmer se tornou primeiro-ministro.
Esta votação para os conselhos de condado de Inglaterra será um teste fundamental para os trabalhistas, revelando se a sua vitória no ano passado será o início de um apoio duradouro ao partido.
De acordo com a Sky News, as sondagens sugerem que os trabalhistas e os conservadores estão atualmente empatados em torno dos 20% - um nível historicamente baixo de apoio a ambos os partidos - com o Reform UK, o partido populista de Nigel Farage, ficando apenas a cinco pontos de distância. Atualmente, o Reform UK não tem assento nos conselhos locais.
Bielorrússia: uma eleição com uma oposição silenciada
As eleições presidenciais bielorrussas de 2020 foram marcadas por fraude eleitoral generalizada, repressão violenta da oposição e repressão brutal dos manifestantes que contestavam os resultados. As eleições, em que o ditador Alexander Lukashenko obteve uma vitória contestada com 80% dos votos, foram amplamente condenadas, tendo a União Europeia e outros países recusado reconhecer o resultado. Alexander Lukashenko está no poder desde 1994.
Desde então, o grupo bielorrusso de defesa dos direitos humanos Viasna informou que mais de 50.000 pessoas foram detidas por motivos políticos.
Com as próximas eleições marcadas para 26 de janeiro, pouco se espera que mude. Lukashenko já avisou que poderá cortar totalmente o acesso à Internet durante a corrida presidencial de 2025, se surgirem protestos semelhantes aos de 2020, de acordo com a agência noticiosa estatal Belta, em novembro.
Rússia: uma conclusão precipitada
Nas próximas eleições russas, em setembro, os eleitores irão votar nas eleições gerais da Duma para preencher os lugares vagos na câmara baixa do parlamento, bem como para governadores em 18 regiões, parlamentos regionais em 11 regiões e representantes do governo local em várias áreas.
No entanto, existem preocupações crescentes quanto à imparcialidade destas eleições. A liberdade dos meios de comunicação social continua a ser severamente restringida e os opositores políticos continuam a ser objeto de uma dura repressão, personificada pela morte do líder da oposição Alexei Navalny. Estas questões lançam uma longa sombra sobre a integridade do processo eleitoral.
Noruega: a viragem à direita da UE chegará à Noruega?
No dia 8 de setembro, a Noruega vai realizar eleições parlamentares que irão decidir a composição do Storting, com 169 lugares, e indicar quem poderá vir a ser o próximo primeiro-ministro. Jonas Gahr Støre, líder do Partido Trabalhista, de centro-esquerda, ocupa atualmente esse cargo.
Tal como se verifica em toda a Europa, as últimas sondagens sugerem uma tendência para os partidos de direita. O Partido do Progresso, de extrema-direita, deverá sair vencedor - prevê-se que a sua quota de 10% dos votos em 2021 duplique até 2025. O Partido Conservador, de centro-direita, liderado pela antiga primeira-ministra Erna Solberg, está no seu encalço.
Irlanda: virar a página depois de Higgins
Ainda não foi fixada uma data oficial, mas os irlandeses irão às urnas em novembro de 2025 para eleger um novo presidente, pondo fim aos 14 anos de mandato do popular Michael D. Higgins. Embora em grande parte cerimonial, o papel do presidente tem responsabilidades constitucionais importantes, como a assinatura de projetos de lei e a representação da Irlanda na cena mundial.
Embora nenhum candidato tenha entrado formalmente na corrida presidencial, o meio de comunicação irlandês “The Journal” está especulando sobre potenciais candidatos. Entre os nomes mencionados se encontram caras conhecidas de Bruxelas: a antiga Comissária Europeia Mairead McGuinness e a antiga deputada europeia Frances Fitzgerald - ambas do partido de centro-direita Fine Gael.
A câmara alta do Parlamento irlandês, o Seanad, também será renovada, embora através de um processo indireto. Quarenta e nove senadores serão eleitos por licenciados, enquanto 11 serão nomeados pelo primeiro-ministro e por painéis profissionais. Os resultados finais são esperados a partir de 30 de janeiro. Estas eleições se seguem a dissolução da câmara baixa, o Dáil, em 8 de novembro.
Geórgia: eleições confirmarão a orientação pró-russa do país, enquanto prosseguem os protestos pró-europeus?
Em outubro de 2025, a Geórgia vai realizar eleições, um ano após as disputadas eleições parlamentares ganhas pelo partido Sonho Georgiano, amplamente acusado de ser pró-russo. O país é palco de uma luta de influências entre a Rússia e o Ocidente, enquanto as tropas russas ocupam 20% do território georgiano desde 2008.
A decisão do novo governo, de 28 de novembro, de adiar o processo de adesão do país à UE até 2028, provocou uma onda de manifestações em Tbilisi e noutras cidades do país. A Geórgia obteve o estatuto de país candidato a adesão à UE em dezembro de 2023, mas o processo foi suspenso pela UE, que invocou a instabilidade democrática do país.
O dia 29 de dezembro marcou o fim do mandato da presidente pró-europeia Salome Zurabishvili, que foi substituída pelo antigo futebolista pró-russo Mikheil Kavelashvili. Em 14 de dezembro, Kavelashvili foi eleito pelo parlamento, no qual o Sonho Georgiano tem a maioria, numa votação que foi boicotada pela oposição. Na medida que se intensifica o estrangulamento das forças pró-europeias, os manifestantes têm enfrentado uma reação pesada por parte das autoridades. Entretanto, Salome Zurabishvili recusa-se a reconhecer o novo presidente .
Moldavia: emboscada pró-russa em que estão previstas eleições legislativas para 2025
Visto coimo Estado-tampão da Ucrânia, a Moldávia está enfrentando tentativas de interferência russa com uma campanha de desinformação. O referendo sobre a adesão à União Europeia, no outono de 2024, foi vencido pelo "sim" (50,35%). Entretanto, a presidente pró-europeia Maia Sandu foi reeleita num segundo turno.
Para as eleições legislativas de 2025, o partido da presidente (o Partido de Ação e Solidariedade - PAS) está atuando para manter a sua posição. Se não conseguir obter uma maioria, terá de enfrentar outras forças políticas, nem todas apoiadoras do "Sim" no referendo. Para Maia Sandu, estas eleições serão "uma batalha final" no caminho da Moldova para a adesão à UE, num país onde a oposição política pró-russa continua a ser forte.
Albânia: os mesmos dois partidos políticos lutando pelo poder
Na Albânia, o presidente Bajram Begaj marcou as eleições legislativas para 11 de maio de 2025, depois de uma consulta ter sido boicotada pelo Partido Democrático (PD), o principal partido da oposição, que acusou o presidente de apoiar uma data pré-determinada pelo Partido Socialista.
Nesta eleição, o Partido Socialista do primeiro-ministro Edi Rama e o Partido Democrático (PD) estão no jogo: o PD tentará pôr termo aos três mandatos consecutivos do Partido Socialista. Há vários anos que o país atravessa uma grave crise política, estando o debate político fortemente polarizado entre o PD e os socialistas, herdeiros do regime comunista e do Partido do Trabalho de Enver Hoxha.
A oposição acusou o governo de mandar para a prisão figuras da oposição por razões políticas. Esta falta de pluralidade política, associada à resistência interna à luta contra a corrupção, torna as negociações de adesão à UE um desafio, tendo as negociações de adesão à UE começaram, oficialmente, em 2022.
Em maio de 2025, pela primeira vez, os albaneses que vivem no estrangeiro terão a oportunidade de votar.
Kosovo: o partido pró-independência manterá a sua maioria?
No Kosovo, o movimento da Autodeterminação (Vetëvendosje), o partido do primeiro-ministro Albin Kurti, está bem colocado para vencer de novo as eleições legislativas de fevereiro de 2025. Desde a sua vitória esmagadora por supermaioria em 2021, a oposição não tem tido líderes capazes de desafiar Kurti.
Após as eleições de fevereiro, a questão será saber se o seu partido conseguirá assegurar uma maioria ou se terá de incluir no governo partidos da oposição ou representantes da comunidade sérvia.
O Srpska Lista, partido de etnia sérvia, tem laços estreitos com a Sérvia, que não reconhece a independência do Kosovo, declarada em 2008 e apoiada pelas principais potências ocidentais. Depois de lhe ter sido recusado o direito de concorrer a lugares no Parlamento pela comissão eleitoral, o Srpska Lista obteve finalmente, em 25 de dezembro, o direito de concorrer por uma instância de recurso.
( da redação com informações e textos do Euro News. Edição: Política Real)