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- Contato Brasil, 09 de maio de 2025 13:40:29
(Brasília-DF, 18/04/2025) Na quarta-feira, 16, a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia chegou ao Brasil um dia após ser condenada junto ao marido, o ex-presidente Ollanta Humala, por lavagem de dinheiro num processo envolvendo o governo da Venezuela e a construtora brasileira Odebrecht. No dia do julgamento,15, ela entrou na Embaixada brasileira em Lima e pediu asilo diplomático ao Brasil, que foi concedido
Em seguida, a ex-primeira-dama e um de seus filhos obtiveram um salvo-conduto do governo peruano para deixar o país. Mãe e filho pousaram no aeroporto de Brasília no fim da manhã dessa quarta. Segundo seu advogado, ela seguiria para São Paulo.
O Terceiro Tribunal Colegiado do Tribunal Superior Nacional concluiu que Humala e Heredia aceitaram fundos de origem ilícita da Venezuela e da Odebrecht para financiar suas campanhas eleitorais de 2006 e 2011. Ela foi condenada a 15 anos.
Os promotores afirmam que Humala e Nadine receberam US$ 3 milhões em contribuições ilegais da Odebrecht, usados para financiar sua campanha presidencial de 2011.
Eles também são acusados de terem recebido US$ 200 mil do então presidente venezuelano Hugo Chávez, de quem eram próximos, para bancar a campanha de 2006, quando Humala acabou derrotado.
Tanto o ex-presidente quanto a ex-primeira-dama negam qualquer irregularidade e argumentam que houve perseguição política nas investigações no Peru, assim como ocorreu, na visão deles, com a Lava Jato no Brasil.
A decisão foi tomada após um julgamento que se arrastou por mais de três anos e deixou o Peru com mais um ex-presidente condenado por corrupção, uma situação que se tornou comum para os presidentes do país nos últimos anos.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil reforçou que a situação de Nadine Heredia acontece "nos termos da Convenção de Asilo Diplomático, assinada em Caracas, em 28 de março de 1954, da qual ambos os países são parte".
O acordo foi assinado entre os governos dos Estados membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) e permite a concessão de asilo a perseguidos políticos.
Nesta sexta-feira ,18, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou em entrevista à GloboNews que o Brasil concedeu asilo diplomático a Heredia e ao filho dela, de 14 anos, por "razões humanitárias".
"Ela foi recentemente operada por uma questão grave de coluna vertebral, está em recuperação, precisa continuar em tratamento, e estava acompanhada de um filho menor", disse o ministro.
"O marido condenado está detido e, portanto, o filho menor também estaria abandonado ou desprotegido. Foi com base em critérios humanitários."
Vieira afirmou que os mesmos motivos humanitários levaram o governo peruano a conceder "imediatamente" os salvos-condutos para que a ex-primeira-dama e o filho deixassem o país.
De acordo com um dos advogados do ex-presidente peruano Ollanta Humala no Brasil, Marco Aurélio de Carvalho, Heredia tem câncer e já havia solicitado permissão para viajar ao Brasil para tratamento, mas o pedido foi negado na ocasião, porque o julgamento da ex-primeira-dama ainda estava em andamento.
Jornais peruanos criticaram o governo brasileiro por conceder asilo à ex-primeira-dama, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas críticas.
"Entre corruptos, se protegem", disse a manchete do jornal Diario Trome de quinta-feira ,17.
Já o jornal El Comercio de sexta destaca avaliação do ex-chanceler peruano Francisco Tudela, que afirma que Heredia não deveria ter recebido o benefício.
"O asilo do Brasil a Nadine Heredia é irregular, foi outorgado a quem não se qualifica", disse o diplomata ao periódico.
O jornal Correo classificou o asilo concedido a Heredia como um ato de zombaria em relação à decisão judicial: "Uma ri da justiça e outro vai para a prisão", diz a chamada de capa do jornal, referindo-se ao casal.
( da redação com informações da BBC Mundo. Edição: Genésio Araújo Jr.)