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Nordestinas
  • 13/11/2020 12h40

    ECONOMIA: Boletim Regional do BC aponta recuperação desigual com destaque para o Norte do Brasil; veja o relatório do Nordeste

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    Foto: TradeMap

    Banco Central traz novas revelações

    (Brasília-DF, 13/11/2020) O Banco Central divulgou o seu Boletim Regional, que vem a ser uma publicação trimestral do BCB que apresenta as condições da economia por regiões e por alguns estados do país. Sob o enfoque regional, enfatiza-se a evolução de indicadores que repercutem as decisões de política monetária – produção, vendas, emprego, preços, comércio exterior, entre outros.  O BC entende que esse tipo de estudo” contribui para a avaliação do impacto das políticas da Autoridade Monetária sobre os diferentes entes da Federação, à luz das características econômicas locais e das gestões políticas regionais.”.  O Norte do Brasil teve destaque.

    Indicadores recentes da atividade sugerem recuperação desigual entre setores na economia brasileira.  A atividade econômica do Norte apresentou o maior ritmo de recuperação após o impacto da pandemia.

    No Nordeste, a atividade econômica, no trimestre encerrado em agosto, recuperou parcialmente a retração ocorrida no trimestre anterior, favorecida pelo aumento de mobilidade e reabertura de atividades econômicas, pela recomposição da renda decorrente do auxílio emergencial (AE) e pela expansão do crédito.

    As especificidades da economia do Centro-Oeste contribuíram para arrefecer os impactos da pandemia no nível de atividade da região. A vocação agrícola e a produção recorde de grãos impulsionaram as indústrias de processamento de alimentos e os serviços de logística, mitigando os efeitos adversos durante o período mais crítico de restrição de circulação e funcionamento das empresas

    Os principais indicadores de atividade do Sudeste sinalizaram recuperação da economia no trimestre encerrado em agosto, após queda acentuada no trimestre anterior.

    Na região Sul, os principais indicadores corroboram recuperação gradual da economia, em linha com a evolução relativamente mais positiva da crise sanitária.

    Veja os dados do Nordeste:

     

    Relatório Nordeste:

     

    A atividade econômica nordestina recuperou, no trimestre encerrado em agosto, parte da queda verificada no trimestre anterior, em decorrência da pandemia da Covid-19, embora o ritmo esteja aquém do assinalado nas demais regiões. Em contexto de aumento de mobilidade e reabertura de atividades econômicas, a recomposição da renda decorrente do auxílio emergencial e a expansão do crédito contribuíram para a retomada do comércio, indústria e, em menor escala, dos serviços. Há sinais de melhora no mercado de trabalho, especialmente nos segmentos mais afetados pelo distanciamento social.

    O IBCR-NE avançou 2,8% no período, em relação ao trimestre encerrado em maio, quando decrescera 7,1%, no mesmo tipo de comparação.   Observa-se heterogeneidade dos estados da região para os quais se calcula o IBCR, com crescimentos de 8,3% no Ceará e de 6,3% em Pernambuco, e retração de 1,1% da Bahia. É possível que diferentes estágios da pandemia – os primeiros foram atingidos mais cedo e estariam em estágio mais avançado de normalização gradual do funcionamento das atividades – influenciem os resultados. Na margem, com dados dessazonalizados, o indicador regional cresceu 1,1% em agosto comparativamente ao mês anterior, situando-se 3,4% abaixo do nível pré-pandemia (média de janeiro a fevereiro).Indicadores mais tempestivos como os de licenciamento de veículos, expectativas, vendas com cartão de débito e consumo de energia sugerem continuidade do crescimento.

    Indicadores de demanda mostraram recuperação refletindo reaberturas de atividades comerciais e maior disponibilidade de serviços somado aos repasses do auxílio emergencial, cuja cobertura passou de 54,8% do total de domicílios da região em maio para 58,8% em setembro (PNAD COVID19), impulsionando a compra, principalmente de bens.

    As vendas do comércio ampliado cresceram 33,2% no trimestre encerrado em agosto em relação ao terminado em maio com dados dessazonalizados da PMC divulgada pelo IBGE, após retração de 25,2%. Houve retomada das vendas de automóveis e comerciais leves, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), dessazonalizados pelo Banco Central. Em agosto o comércio ampliado se encontrava 7,3% acima do patamar do primeiro bimestre (10,7% no conceito restrito).

    Diferente do verificado no setor de bens, a reação nos serviços foi modesta e mais tardia. Na PMS do IBGE, com dados dessazonalizados, houve alta de 3,2% em agosto ante julho, com crescimento em todos os estados à exceção de Alagoas e Sergipe.

    Avaliações qualitativas, divulgadas pela CNC, de sentimento dos agentes mostram que a confiança dos empresários do comércio cresceu mais do que a dos consumidores, que se mostram preocupados com a evolução do mercado de trabalho. O Icec atingiu em setembro patamar de 95,7 pontos ante 70,5 pontos em junho. O ICF alcançou 65,6 pontos, com pequena recuperação nas expectativas de renda e emprego.

    Dados mais contemporâneos mostram evolução favorável da demanda. As vendas com cartão de débito no comércio e serviços elevaram 2,0%, na comparação da média de quatro semanas até 20 de outubro com a das quatro semanas imediatamente anteriores. Destacaram-se alojamento e alimentação (18,6%) – marcando também o retorno gradual do turismo na região – vestuário e calçados (7,3%), cabeleireiros e outros serviços pessoais (6,3%) e postos de combustível (2,6%).

     

    Os reflexos da pandemia no mercado de trabalho foram mais acentuados na região do que na média do país, em parte pela maior participação de trabalhadores informais3 (53,8% e 41,1% de acordo com a média de 2019 da PNAD Contínua). Da redução de 3,1 milhões do número de ocupados no trimestre encerrado em junho em relação ao mesmo período do ano anterior, 2,7 milhões corresponderam a informais, com ênfase no comércio, serviços às famílias e construção civil.

    Com dados isentos de influência sazonal, a taxa de desocupação da região avançou a seu maior nível histórico da PNAD Contínua, iniciada em 2012, alcançando 15,8% no segundo trimestre (0,9 p.p. acima do primeiro trimestre). Ocorreram retrações de 12,5% na força de trabalho e 13,4% na população ocupada. A queda de 8,0% da massa salarial ante idêntico trimestre de 2019 foi compensada pelo auxílio emergencial.

    Mais recentemente, contudo, observa-se retorno gradual ao trabalho, com crescimento das horas efetivamente trabalhadas4 em todos os meses, de acordo com dados da PNAD COVID19 (maio a setembro). Em média, o crescimento mensal do indicador na região foi 9,0% ante 5,9% da média nacional, mas ocorre sobre uma base deprimida; diversas atividades encontram-se abaixo das horas habitualmente trabalhadas. A expectativa é que a ociosidade do mercado de trabalho permaneça alta. Em contexto de restrições de diversas atividades ainda em curso, o aumento da busca por emprego – pelo retorno das pessoas que suspenderam a procura por conta da pandemia – deve continuar a pressionar a taxa de desocupação.

    No mercado formal, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, houve contratações líquidas de 83,4 mil postos no trimestre encerrado em agosto (42,4 mil no mesmo período de 2019). Com dados dessazonalizados, o índice de emprego formal retraiu 1,0% no trimestre encerrado em agosto ante o anterior.

    A expansão do crédito tem contribuído para sustentar a demanda. No trimestre encerrado em agosto, o saldo de crédito foi impulsionado pela recuperação no segmento livre a pessoas físicas e direcionado a pessoas jurídicas. No segmento de pessoas jurídicas houve crescimento total de 4,6% no período (ante 3,7% em maio), refletindo as necessidades de capital de giro – a demanda das micro, pequenas e médias empresas foi em parte atendida pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC). Para pessoas físicas, houve expansão de 3,3% (retração de 1,4% no trimestre anterior), destacandose cartão de crédito à vista, crédito consignado e financiamento imobiliário.

    A produção do setor agrícola não foi afetada pela pandemia e beneficiou-se de regime de chuvas dentro da média histórica. Em 2020 a produção de grãos no Nordeste deverá atingir 22,3 milhões de  toneladas, de acordo com informações do LSPA do IBGE de setembro, alta de 16,4% em relação ao colhido em 2019.

    A indústria cresceu de forma disseminada entre os segmentos. Dados da PIM-PF do IBGE mostram que a atividade industrial nordestina, cresceu 17,9% no trimestre encerrado em agosto ante o finalizado em maio, segundo dados dessazonalizados (expandiram doze dos quatorze ramos pesquisados). Em setembro e início de outubro, dados setoriais de consumo de energia elétrica da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) sugerem continuidade da retomada da produção industrial nordestina, com destaque para os estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Maranhão.

    Quadros extraídos do documento Boletim Regional

    A confiança dos empresários nordestinos registrou melhora na percepção da atividade. O Icei, divulgado pela CNI, avançou 27,0 pontos em setembro, para 61,2 pontos, ante 34,2 pontos em abril, recuperando, em setembro, patamar do início do ano.

    O saldo da balança comercial do Nordeste, apresentou superavit, US$1,0 bilhão, nos nove primeiros meses do ano. O resultado reflete efeitos econômicos causados pela pandemia da Covid-19, sobretudo, na redução das importações, 31,3%, no período (-15,3% nos preços e -18,9% no quantum). A retração nas compras foi registrada em todas as categorias, com maior ênfase em combustíveis. As exportações retraíram 8,3% no período (-16,6% nos preços e 10,0% no quantum). Produtos básicos foi a única categoria a apresentar expansão (soja em grãos e demais produtos básicos).

    No âmbito fiscal, os governos estaduais, capitais e demais municípios da região Nordeste apresentaram superavit primário de R$6,1 bilhões nos doze meses encerrados em agosto de 2020. Quando apropriados juros por competência, o resultado nominal dos governos regionais do Nordeste alcançou superavit de R$3,2 bilhões até agosto. A dívida pública totalizou R$76,1 bilhões em agosto de 2020, apresentando alta de 7,1% frente ao registrado em dezembro de 2019.

    A arrecadação do ICMS atingiu, nos três primeiros trimestres de 2020, R$62,1 bilhões, representando queda nominal de 2,2% ante igual período de 2019, segundo a Cotepe. As transferências da União, excluídos os valores destinados ao Fundeb, decresceram 8,2% para R$49,4 bilhões, de acordo com a STN, em função da retração da atividade econômica pelos impactos da Covid-19.

    Os preços ao consumidor na região5 , medidos pelo IPCA, registraram variação de 1,35% no terceiro trimestre (-0,13% no segundo trimestre). A reversão do comportamento refletiu aumento nos dos preços livres, 1,02% ante 0,48%, e nos preços monitorados, 2,33% ante -1,87%, repercutindo reajustes nos preços de óleo diesel, gasolina, energia elétrica residencial e gás de botijão. A variação do IPCA acumulada em doze meses atingiu 3,63% em setembro de 2020.

    Em síntese, ainda que com diferenças entre os estados analisados, observa-se reação da atividade econômica no Nordeste após os efeitos mais agudos da pandemia. Em geral, dados econômicos mais tempestivos sugerem continuidade da retomada, acompanhando a reabertura gradual das atividades e o retorno ao trabalho. A perspectiva para o mercado de trabalho contudo, é desafiadora, com o encerramento de medidas de apoio à renda e emprego e do fim do auxílio emergencial.

    ( da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)

     

     


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