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  • Contato Brasil, 26 de abril de 2024 09:27:30
Nordestinas
  • 03/04/2020 08h00

    Em entrevista, Bolsonaro volta a se posicionar contra o isolamento social, atacar “alguns governadores” e dizer que o governo só aguenta situação na restrição de pessoas por três meses

    Na oportunidade, ele comentou as quatro Medidas Provisórias publicadas nesta quinta que garantirão recursos para trabalhadores formais e informais, além dos repasses feitos a estados e municípios
    Foto: Imagem do site da Jovem Pan

    Bolsonaro dá entrevista a Jovem Pan, de São Paulo

    ( Publicada originalmente às 21h 26 do dia 02/04/2020) 

    (Brasília-DF, 03/04/2020) Em entrevista ao programa “Pontos nos is” da rádio “Jovem Pan” de São Paulo (SP) na noite desta quinta-feira, 2, o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) voltou a se posicionar contra o isolamento social implementado pelos governos estaduais e prefeituras que cumprem recomendação do Ministério da Saúde. Ao mesmo tempo em que atacou “alguns governadores” sem nominar nenhum deles e dizer que o governo federal só aguenta a atual situação na restrição de pessoas por três meses.

    Na oportunidade, Bolsonaro comentou as quatro Medidas Provisórias (MPs) publicadas pelo governo nesta quinta no Diário Oficial da União (DOU) que garantirão os recursos necessários para que os trabalhadores formais e informais do país, assim como as pequenas e microempresas possam se manter com o mínimo necessário enquanto persistir a orientação para que as pessoas não saiam de casa. Ele, comentou também os repasses feitos a estados e municípios, mas avisou que a União está chegando num limite.

    “É uma satisfação falar com vocês, principalmente, na linha que vocês tem adotado: a verdade acima de tudo, não entrando numa certa histeria como nós estamos presenciando nos últimos 30 a 40 dias. Então temos que buscar a solução. A questão da vida não pode estar dissociada na questão dos empregos, que uma está colado da outra. Temos que combater o vírus, sim, mas não deixar que os empregos sejam destruídos no Brasil”, iniciou.

    “Eu agora pouco assinei quatro Medidas Provisórias aqui no Palácio da Alvorada. Uma destinando R$ 9 bilhões para compra de material de saúde, outra de R$ 16 bilhões que vai para os Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios. A receita deles caiu muito, mas tem governador que exagerou, foi além do necessário, no meu entendimento. Então vamos pagar um preço altíssimo e dizer a eles que o governo não tem como bancar isso por muito tempo”, complementou.

    Especificação das medidas

    “Outra Medida Provisória de R$ 51 bilhões que eu estou chamando de Medida Provisória trabalhista. É uma maneira que nós temos que atender os micro e pequenos empresários para ele manter o pessoal empregado e uma parte do salário o governo pagará. Então a gente aguenta e a previsão é três meses também. Eu costumo dizer: é uma ponte que uma enxurrada levou embora e o governo está agora com essa ponte virtual que custa caro para todos nós contribuintes. E nós temos que daqui a três meses, voltar perto da normalidade da nossa economia”, acrescentou.

    “E a quarta Medida Provisória, R$ 98 bilhões, eu sancionei ontem, mas é um crédito que visa, a gente chama de corona voucher [que dará] R$ 600,00 para os informais e autônomos. Então essa despesa aqui a previsão é gastá-la também em três meses. Então essas medidas são as hoje. Mas, agora, a nossa despesa total que vai ter que pagar a conta um dia, já está na casa de R$ 600 bilhões. Uma conta que a gente não esperava, uma conta caríssima, mas bem demonstra a preocupação do governo federal em lutar pela vida. E dar meios a população para enfrentar isso daí”, informou.

    Volta ao trabalho

    Bolsonaro sinalizou também que os dados de óbito causados no país pelo novo coronavírus (Covid-19) não justificam a “histeria” em que a imprensa e diversas autoridades estão agindo tentando conter o avanço da doença para evitar que o sistema de saúde do país entre em colapso. Ele comentou que é necessário ter preocupação com a saúde, mas também com o emprego e a renda das pessoas.

    “Agora, eu costumo dizer, [é uma] a preocupação minha, nós temos dois problemas: é o vírus e é o desemprego que não pode ser tratada de forma dissociada disso daí. Eu no último domingo (29) como chefe de Estado e comandante, eu fui ver o povo [na periferia de Brasília] em Ceilândia e em Taguatinga. É triste, é desesperador o que a gente vê. Esse pessoal junto aos informais que a gente calcula no Brasil está na ordem de 38 milhões de pessoas. E esses levaram uma paulada no meio da testa logo no começo com as medidas por alguns governadores. Não foram todos, foram alguns. Que ao meu entender [aplicaram] um remédio exagerado”, avaliou.

    “Esse pessoal, a gente sabe, não tem poupança, e quando tem geladeira em casa, ela está um quarto ou metade ocupada e isso já acabou. Eles clamam pela volta ao serviço. E clamam baseado em quê? É o que eu tenho falado. Nós temos que pegar as nossas estatísticas de zero a 30 anos, zero de óbito no Brasil. De 30 a 30, 3% de óbito. E você pode ver, mesmo assim se você for pesquisar, é gente que tinha algum problema de saúde, doença pré-existente, cardíaco, insuficiência respiratória, tinha uma pneumonia, ou algo qualquer”, continuou.

    Restrição sem cabimento

    Retomando o discurso contra o isolamento social, Bolsonaro afirmou que a “grande massa trabalhadora”, no seu entendimento, seguindo“alguns protocolos” médicos, “poderia estar trabalhando”.

    “Eu sempre defendi, desde o começo, uma forma diferente do isolamento. Quem toma conta do idoso, neste momento, são seus filhos, são seus netos. Agora quando você isola e leva ao desemprego, junto com o desemprego vem a subnutrição, o organismo fica mais debilitado e essa pessoa vai ficar mais propensa a contrair o vírus, não é? Esse próprio vírus aí, o coronavírus, ele vai ter uma possibilidade de letalidade até maior. Então esse é o grande problema que nós temos pela frente”, destacou.

    “Estou pegando um gráfico aqui, 90% das pessoas acima de 60 anos de idade [representam] os óbitos no Brasil. Obviamente, nós queríamos que não teria nenhum óbito, mas quase todas as pessoas, quase todas [que faleceram], tinha uma doença grave. Isso, obviamente, com seus estados de saúde, não resistiram à chegada do vírus”, emendou.

    (por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)


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