( Publicada originalmente às 11h 11 do dia 14/01/2020) 

(Brasília-DF, 15/01/2020) As eleições municipais brasileiras são famosas por tentativas de nacionalização, mas que não tiveram muito êxito. Tradicionalmente, as eleições municipais brasileiras acabam sendo dominadas pelas questões locais. As eleições deste ano de 2020 serão as primeiras sem coligações proporcionais e muitos arriscam dizer que a onda de polarização generalizada na política brasileira deverá chegar nas eleições municipais. Até o momento, vem chamando atenção que alguns líderes nas disputas das capitais nordestinas são ligados mais às pautas do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que do presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidnete Luiz Inácio Lula da Silva.

A possibilidade de polarização tende a obrigar arranjos que estão fazendo com que algumas lideranças com mandato no Congresso Nacional se licenciem dos cargos ou que o façam mais adiante. O primeiro caso a chamar atenção foi do senador e ex-governador do Ceará, Cid Gomes(PDT-CE), que se licenciou do cargo em dezembro. O seu suplente imediato é o empresário Prisco Bezerra(PDT), que vem a ser irmão do atual prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio(PDT). Cid não escondeu que entre os motivos para sua licença para “assuntos particulares” foi voltada para atuar no PDT local. O PDT alinhado com o PT no estado do Ceará, entrou em rota de colisão contra o PT nacional face seguidas declarações críticas tanto do ex-ministro Ciro Gomes(PDT) como do próprio Cid contra o ex-presidente Lula.  Outro senador que já anunciou que vai se licenciar do cargo para cuidar das eleições municipais é o presidente nacional do Progressistas, senador Ciro Nogueira(PP-PI).

Nogueira anunciou que deverá se licenciar do cargo por “ assuntos particulares” em junho para se voltar às eleições municipais em seu Piauí. O Progressistas vem sendo um dos partidos que mais tem crescido na segunda metade do primeiro ano do Governo Bolsonaro como um dos mais importantes do chamado centro, também chamados “centrão”.  O  chamado “centrão”comanda a maioria das estatais nordestinas do Governo Federal.

O climão político em Pernambuco, em que o PSB da família Arraes em disputa aberta entre os deputados federais João Campos(PSB-PE) e a Marília Arraes(PT-PE) assim como o afastamento entre membro do clã Arraes e Campos( Renata Campos, viúva de Eduardo Campos) poderá fazer, segundo especulações, que alguns desses nomes se afastem do mandato para se voltar ao processo eleitoral de Recife e Pernambuco.

Existem especulações sobre afastamentos do cargo de deputados, especialmente, em vários  estados nordestinos.

Pro-Moro

Existe a possibilidade de se instalar um fato novo na política nordestina, especialmente nessas eleições minicipais.  Os candidatos que lideram as pesquisas nas disputas das principais capitais nordestinas, pelo menos por enquanto, são todos mais alinhados com a pauta anticorrupção e anticriminalidade do ministro da Segurança Pública e Justiça, Sérgio Moro, que do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No Ceará, de Cid e Ciro Gomes, quem lidera as pequisas para a prefeitura de Fortaleza é o deputado federal Capitão Wagner(Pros-Ce). Em Maceió, o deputado federal JHC(PSB-AL) lidera com folga a pré-disputa local. É o mesmo com o deputado Pastor Sargento Isidoro(Avante-BA), que se notabilizou por dizer que “pra conversar com doido só outro doido”. Em São Luis, Eduardo Braide(Podemos-MA), que já disputou a eleição municipal é outro que lidera pesquisa. Em Teresina, o deputado Capitão Abreu(PTB-PI), não chega liderar a pesquisa mas é um dos mais lembrados para a disputa de outubro. Todos esses nomes, alguns alinhados ou não com os governos estaduais, alguns petistas, chamam atenção por serem unânimes na pauta de segurança pública e anticiminalidade proposta pelo ministro Sérgio Moro,. mais que a Bolsonaro ou a Lula.

Muitos deles, como Wagner e JHC buscam tirar fotos com Moro e não com Bolsonaro. Eduardo Braide saiu do PSC e foi para o Podemos que é o “Partido da Lava-Jato”. A eleição de Recife, “contaminada” pela disputa nas famílias Arraes e Campos poderá ganhar o fato novo a delegada Patrícia Domingos, que atua na anti-corrupcão e foi tirada do cargo, simpática a Moro, poderá entrar, também, na disputa da capital de Pernambuco. Ele ainda não é filiada a partido político.

Fica cada dia  mais evidente que as disputas municipais de 2020, especialmente no Nordeste, podem ser nacionalizadas com o ingrediente do fator político chamado Sérgio Moro.

( da redação com texto e edição de Genésio Araújo Jr)