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- Contato Brasil, 22 de dezembro de 2024 15:25:18
Os últimos dados do PNAD, divulgados ontem, apenas confirmam o que já é um dado histórico do País pelo menos desde as primeiras décadas do século XX: somos um das nações mais injustas do mundo!
De acordo com o PNAD, 104 milhões de brasileiro – portanto metade da nossa população – vivem com apenas R$ 413,00 mensais. Na outra ponta, os 1% considerados mais ricos - 2,1 milhões de pessoas - têm uma renda média mensal de R$ 16.297,00. O detalhe aqui, no escopo do PNAD, é considerar o valor de pouco mais de dezesseis mil reais uma renda média de pessoas ricas. Se considerarmos os valores em euro dos salários mínimos europeus, ficaremos mais incomodados ainda. Na França, na Alemanha e na Espanha são, respectivamente, de 1.521,00; 1.557,00 e 1.050,00 euros. O que equivale em reais: 7.149,33; 7.364,61 e 4.966,50 dado o euro a R$ 4,73. O salário médio na França, por exemplo, é de 2 mil euros. Ou seja: 9.460,00 reais.
Uma vez que o custo de vida no Brasil é significativamente maior do que na Europa, o desconforto dos números do PNAD aumenta. Para o europeu, a educação, a saúde, o transporte são acessíveis, gratuitos ou não. A alimentação é melhor e mais barata. A segurança é real. A qualidade urbana é incomparável e o lazer é evidente. Nesse sentido, os 2,1 milhões de ricos apontados pelo PNAD no Brasil, que ganham 16 mil reais, em média, por mês vivem de fato muito bem em relação aos demais brasileiros. Mesmo assim, ainda de forma bem precária se comparados aos europeus.
Numa subdivisão desse 1% mais rico, teremos uma novo universo de concentração de renda bem maior e extravagante. Desses dois milhões, ricos de fato devem ser pouco mais de 500 mil brasileiros. A saber: somos a nona economia do mundo; nosso PIB em 2018 foi de 6,8 trilhões de reais.
Do início do século XX até hoje tivemos alguns momentos de ligeira desconcentração de renda, segundo dados da tese do professo Pedro Guimarães Ferreira, “A Concentração de Renda no Brasil, 1926-2013 – UnB”. Do início da República até a Revolução de 1930 houve, digamos, nossa primeira distribuição de renda após a Abolição. Com o Estado Novo e a Segunda Guerra em particular, concentramos a renda. Entre 1945 e 1964 alguma desconcentração, com destaque para os anos JK. Nos primeiros 10 anos dos governos militares – 1964/74 – nova concentração. Entre 1974 e os primeiros anos da década de 1980, instabilidade com suave desconcentração. A partir dos anos 90, nova desconcentração na renda até 2013. O detalhe interessante é que essa variação jamais alterou a concentração de 23% da renda para o centésimo mais rico.