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- Contato Brasil, 09 de dezembro de 2024 08:22:35
(Brasília-DF) Neste domingo de Páscoa, incrível momento de renascimento, completam-se 60 anos do Golpe Militar de 1964.
Para quem foi à Praça do Ferreira, no centro de Fortaleza, no dia 29 de janeiro de 1.984, não mais que três dias depois do grande comício das “Diretas Já”, realizado na Praça da Sé em São Paulo, tem buscar, não se sabe de onde, condições para manter-se com equilíbrio para tratar dessas conjunções todas.
Não dá para aceitar, por formação acadêmica mínima, que os eventos de 1964 sejam uma redentora, uma contra revolução, um movimento.
Os atos institucionais que realizaram eleição presidencial indireta, contra a Constituição em vigo de 1.946, eliminaram a pluralidade de partidos políticos, limitaram direitos, e no A-I-5, em 1.968, acabaram com o Mandato de Segurança e o Habeas Corpus, cassaram direitos, e mais adiante, em abril de 1.977 fecharam o Congresso, temporariamente, e criaram os mandatos “biônicos”.
Isso era uma ditadura à brasileira, claro. A ditadura de 64, veio por conta de crise econômica e política, os eventos daquele 1.984 também eram fruto de uma grave crise econômica e política.
Nesse sábado, 30 de março de 2024, foi publicada pesquisa Datafolha mostrando que 70% dos brasileiros preferem a democracia, 18% pouco se importam se democracia ou ditadura e 7% preferem ditadura. Especula-se, entre diversos analistas e cientistas político, que os bolsonaristas da gema, que aceitam tudo, seriam em torno de 25% de toda a população brasileira. A pesquisa, ao se juntar a turma do “tanto faz” com os que aceitam de bom grado a ditadura, se aproxima muito disso.
Lá em 1.964, face a crise, os erros do governo João Goulart, a crise econômica e a questão da guerra fria fizeram a maioria da classe média e boa parte da imprensa ficarem a favor do golpe dos fardados. Não se esperava que durasse tanto para terminar.
Hoje, a imprensa e boa parte da classe média são contra golpe. O Brasil não é mais o país do futuro, é o país do presente. Não dá para imaginar uma das maiores economias do Mundo aceitando quartelada.
A crise da democracia é mundial. Já tratei dessa crise noutros momentos. O segredo da democracia sempre foi permitir que o livre mercado, gerando oportunidades, proporcionasse avanço da renda e aumento de uma classe média mundial. As classes médias mundiais estão se reduzindo e com a sensação de uma corrupção disseminada , onde as classes políticas cuidam mais de seus interesses do que das populações.
Evidente que as redes sociais facilitaram isso, esse sentimento e essa exposição de motivos. Não se precisa ser procurado pela imprensa para o povo expor o que pensa, ele fala nas redes sociais. Falar o que está errado e não dá certo sempre ecoa mais que os que dá certo.
As dificuldades de popularidade do atual Governo, justo neste momento especial dos 60 anos do Golpe que abreviou nossa democracia, não são particularíssimas do atual presidente, mas derivam da crise que o regime democrático vive.
O descontentamento é geral. A democracia até que não está tão ruim assim. Vamos tentar entender nosso tempo, antes que seja tarde!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: [email protected]