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  • Contato Brasil, 19 de maio de 2024 03:25:32
Magno Martins
  • 01/02/2021 08h16

    Refém de Maia, refém do Centrão

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    Bolsonaro e membros do Centrão( Foto: Arquivo do colunista)

    (Recife-PE) Nos dois primeiros anos do seu Governo, o presidente Bolsonaro choramingou a má vontade do Congresso para avançar nas reformas exigidas pela sociedade e na falta de uma mão dupla para se enxergar um palmo à frente em projetos que pudessem consolidar novos tempos no País alavancados por uma gestão empreendedora. O culpado, embora tenha tido importante papel na reforma da Previdência, tinha nome e sobrenome: Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se despede hoje do comando da Câmara dos Deputados.

    Maia sai e passa a ter sucessores, e não apenas um sucessor, um robusto grupo que atende pelo nome de Centrão, liderado pelo alagoano Arthur Lira (PP). Casado com os conservadores e fisiologistas do baixo clero, o voto mais caro do Congresso, Bolsonaro perde o discurso da vitimização. Todo bolsonarista roxo embarca no discurso do presidente, de que deputados e senadores, que só enxergam do umbigo para baixo, não zelam pelos interesses mais nobres da sociedade.

    Era muito fácil até então culpar o Congresso. A partir desta página que se abre hoje, as vitórias do Governo terão um preço caro: o Centrão custa uma baba ao País, enfia a espada sem dó e sem piedade nos cofres da Nação toda vez em que aprova projetos e medidas provisórias enviadas ao parlamento pelo Governo. O Centrão vai encher o saco de Bolsonaro, chega com um bocão do tamanho de um jacaré. Sai a fase Bolsonaro refém de Maia, entra a fase dele prisioneiro do Centrão. Cada facada do Centrão vai ser um soco no estômago da sociedade.

    Bolsonaro ganha, por outro lado, um adversário rancoroso e temente no bloco da oposição: o próprio Rodrigo Maia, que se alia aos esquerdóides preocupados com a única pauta, a de criar de dificuldades para o Governo e alimentar um ambiente favorável ao impeachment, temática que, a princípio, sai da ordem do dia, mas que pode surgir a qualquer momento mediante a relação do presidente com o Centrão.

    Custa caro um Congresso dominado e subserviente. Na Casa Alta, o Senado, também estará tudo dominado, como já é, hoje, com Davi Alcolumbre. Sai o anão do Amapá, que nunca teve dimensão nem estatura para o cargo, entra Rodrigo Pacheco, também democrata, das alterosas montanhas mineiras de Tancredo Neves, que ensinou que o Brasil não admite nem o exclusivismo do governo nem da oposição, porque governo e oposição, acima dos seus objetivos políticos, têm deveres inalienáveis com o povo. 

    MARÍLIA AVULSA - Pelos menos até ontem, o que se sabia na bancada pernambucana na Câmara era do desejo expresso de entrar na disputa de cargos na Mesa pelos deputados Luciano Bivar (PSL), de olho na poderosa Primeira-Secretaria, e de André de Paula (PSD), cargo ainda indefinido, a depender do rateio entre os blocos previsto para hoje. Já a petista Marília Arraes pede votos há dez dias, como candidata avulsa (sem indicação do PT) para disputar o cargo que venha a ser destinado ao partido. Fala-se na 1ª Vice-Presidência ou na 2ª Vice-Presidência.

    PAUTA DA CÂMARA – O Congresso começa o ano legislativo, a partir de amanhã, um dia após a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado, com 30 medidas provisórias (MPs) em tramitação. Dessas, 29 foram editadas em 2020 e 12 estão em regime de urgência, ou seja, obstruem a pauta da Câmara ou do Senado. A partir do dia 4 de fevereiro, e até o fim do mês, 6 MPs perdem a validade. Entre elas, está a MP do setor elétrico. Aprovada na Câmara dos Deputados já no fim de dezembro na forma de um projeto de lei de conversão (PLV 42/2020), o texto remaneja recursos no setor elétrico para permitir a redução de tarifas de energia e precisa ser apreciado até o próximo dia 9.

    PAUTA DO SENADO – Em 2020, o Senado sabatinou 70 autoridades. Para 2021, restaram apenas nove indicações nas comissões. Outras 21 já passaram por esta etapa, mas ainda precisam ser votadas pelo Plenário. As indicações aprovadas em 2020 foram para missões diplomáticas, agências reguladoras, para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). As sabatinas foram feitas por CAS (Comissão de Assuntos Sociais), CRE (Comissão de Relações Exteriores), CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e CI (Comissão de Infraestrutura) em um sistema de drive-thru e por totens espalhados pela Casa, para proteger especialmente os senadores do grupo de risco.

    CAETANO NA BRIGA – Um grupo de artistas e influenciadores digitais lançou uma campanha nas redes sociais a favor do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que disputa a eleição para presidente da Câmara pela oposição. O cantor e compositor Caetano Veloso compartilhou, por meio do Twitter, vídeo em que o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) anuncia apoio a Rossi. Caetano endossou o discurso de Ciro considerando que Baleia Rossi é a alternativa “contra Bolsonaro”. E ainda passou um pito no prefeito do Recife, João Campos, que se aliou a Lira, implorando para ele ajudar Baleia.

    CAMINHONEIROS DIVIDIDOS – A possibilidade de uma paralisação de caminhoneiros a partir de hoje aos moldes da greve de 2018 é cada vez mais remota. Lideranças ouvidas do movimento avaliam que a tendência é haver protestos pontuais. A categoria é bastante dividida e não há união em torno do tema. É um cenário muito diferente do visto há dois anos atrás. Os caminhoneiros reivindicam o fim da política de paridade de preços com o mercado internacional praticada pela Petrobras. Criticam os aumentos de 5,05% e 4,98% nos preços da gasolina e do diesel, respectivamente.

    CURTAS

    SEGURANÇA – Ministro da Infraestrutura, escalado por Bolsonaro para negociar com os caminhoneiros, Tarcísio Freitas garante que não haverá paralisação da categoria. “Não devemos ter greve. A mobilização é baixa. Sabemos que a situação é super difícil para eles. Mas, a maioria tem uma compreensão incrível do momento pelo qual passamos e não vai aderir”, diz ele.

    RISCO INSTITUCIONAL – Candidata avulsa à presidência do Senado, Simone Tebet (MDB-MS) fala em crise institucional se Pacheco for eleito no Senado. “Infelizmente, como nunca vi até então, nós temos um Executivo com ingerência no Congresso. Não é apenas ingerência legítima, com pedidos de apoios republicanos. Estamos falando de cargos públicos externos, emendas extraorçamentárias na ordem de R$ 3 bilhões distribuídas para deputados, para senadores”, disse.

    Perguntar não ofende: Caetano Veloso prega no deserto ao tentar fazer a cabeça de João Campos para trocar o apoio a Lira por Baleia Rossi?

     


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