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  • Contato Brasil, 26 de abril de 2024 01:30:08
Genésio Jr.
  • 21/05/2017 15h09

    E tudo vai acabar na quarta-feira?

    A democracia permite movimentos aparentemente impossíveis. Noutros regimes, este nível de exigência, não se dá

    A Justiça e Política( foto: imagem de internet)

    (Brasília-DF)  A grave crise política nacional, que fez com que pela primeira vez um Presidente da República tenha que responder um inquérito no Supremo Tribunal Federal, terá ,nesta semana, seu momento mais decisivo.

    Esta semana entrará para a história da política nacional para justificarmos como um governo parlamentar com amplo apoio congressual, e com suporte de boa parte dos principais agentes econômicos, caiu sem ser derrubado pelas ruas, ou, ao contrário, como um governo duramente atingido tanto pela Justiça como por importantes agentes orgânicos da teoria dos pesos e contrapesos, especialmente setores da mídia que o sustentava – conseguiu se manter ao nível d’água com sua nau!

    O Presidente Michel Temer recebeu o enrroladíssimo empresário Joesley Batista à noite, em março deste 2017, em sua residência oficial do Palácio do Jaburu, mesmo tendo falado pouco, pelo que se pôde depreender dos 38 minutos da gravação que é pública desde quinta-feira,18 de maio - acabou dando indicativos de que cometera um crime de responsabilidade ou até de obstrução de Justiça. Politicamente, ficou vulnerável, frágil e deu mais que razoáveis motivos para questionar sua Presidência.

    O Presidente Michel Temer fez dois pronunciamentos. Na quarta-feira,17, e na quinta-feira,18. No segundo, disse que iria pedir ao Supremo Tribunal Federal, que abriu inquérito contra ele por crime de corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa – que suspendesse tal medida, enquanto não fosse periciado o áudio que o Ministério Público Federal juntou para justificar tal medida.

    É impressionante que o Presidente da República, em meio a Lava Jato, tenha recebido o empresário Joesley Batista nas condições que temos; é impressionante que o Ministério Público Federal tenha pedido abertura de um inquérito contra o Presidente da República com base em gravações que não foram periciadas pela Polícia Federal, que tem os melhores nomes do país para fazê-lo.

    Tudo isso chega a ser bizarro! Em verdade, como nossa política está de cabeça para baixo, e com cara feia, faz algum tempo - a medida das coisas vai se esvaindo e o prumo parece que avança além da conta. Na vida é assim, quando somos exigidos fazemos mais do que achamos possível. Na vida pública, o nível de tensão que as instituições e os agentes sociais e econômicos têm enfrentado, faz com que nos vemos frente a frente com o absurdo vestido em roupa de gala.  A democracia permite movimentos aparentemente impossíveis. Noutros regimes, este nível de exigência, não se dá. 

    Esta coluna foi preparada antes dos movimentos políticos que vão marcar todo o domingo,21, e as primeiras horas do primeiro dia útil da semana, segunda-feira, 22, no entanto , dificilmente, algo de consistente valerá à pena antes do encontro dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal na quarta-feira, 24 de maio. Nessa oportunidade vai se decidir se tudo para, até se ter clareza da legitimidade do que lá está.  Nem tudo vai acabar na quarta-feira!

    Se só a política e suas impressões iniciais valessem, Temer já estaria fora, se só a Justiça e o Direito predominassem ainda nada teríamos, a não ser bons indícios para sufocar um Presidente que vive no fio da navalha.  Muito parece está errado na Política, muito parece estar errado na Justiça.

    Por Genésio Araújo Jr., jornalista

    Email: [email protected]

     

     


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