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  • Contato Brasil, 29 de abril de 2024 03:32:13
Humberto Azevedo
  • 03/05/2023 17h24

    Bolsonarista usa retórica de esquerda para atacar PL das fake news

    Ultradireitista Marcos Pollon leu o poema “No Caminho, com Maiakóvski” escrito para combater a ditadura militar nos anos 60 e defender às diretas já nos anos 80 como forma de militar contra a regulamentação das plataformas que operam nas redes sociais

    O bolsonarista Pollon, durante discurso, com cartaz defendendo os mesmos interesses do Google, Meta (facebook, instagram etc) e twitter, que também se posicionaram contra a aprovação da proposta que regulamenta as redes sociais

    O deputado bolsonarista Marcos Pollon (PL-MS) subiu à tribuna do plenário Ulysses Guimarães na noite desta terça-feira, 2 de maio, para fazer um duro discurso usando retórica esquerdista para atacar o Projeto de Lei (PL) das fake news, que estava pautado para ser apreciado naquela sessão.

     

    “Na primeira noite eles se aproximam / e roubam uma flor / do nosso jardim. / E não dizemos nada. / Na segunda noite, já não se escondem: / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada. / Até que um dia, / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz e, / conhecendo nosso medo, / arranca-nos a voz da garganta. / E já não podemos dizer nada”, iniciou o sul-mato-grossense Pollon lendo o poema intitulado “No Caminho, com Maiakóvski” do jornalista e poeta niteroiense Eduardo Alves da Costa, escrito na década de 60 como manifesto de revolta à intolerância e violência impostas pela ditadura militar que governou o país entre 1º de abril de 1964 e 15 de março de 1985.

     

    O texto, citado pelo ultradireitista Marcos Pollon, amplamente difundido nos anos 60 para combater a ditadura militar e defender, mais tarde, nos anos 80, às diretas já, ganhou interpretação totalmente oposta a sua essência como forma de militar contra a regulamentação das plataformas que operam nas redes sociais para manter o atual cenário de “terra de ninguém” que impera no ambiente cibernético, onde discursos de ódio, de simpatia às causas do fascismo e nazismo, com ajuda da indústria das fake news, prosperam.

     

    “[No Caminho, com Maiakóvski] … é [um dos] mais belos poemas da língua portuguesa. (...) sem dúvida o mais popular — [foi] transformado em bandeira contra a ditadura (...), em pôster, cartões postais, estampa de camiseta da campanha Diretas Já”, comentou em seu site, o maranhense Antonio Lisboa Carvalho de Miranda — integrante da Associação Nacional de Escritores, e doutor em ciência da comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em biblioteconomia na Loughborough University of Technology, da Inglaterra.

     

    Procurado por este blog para saber por qual motivo utilizou um texto da retórica esquerdista para embasar seu pronunciamento, Pollon não respondeu até o fechamento desta edição.


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