Estados Unidos vão revogar visto de entrada no país de presidente da Colômbia, Gustavo Petro
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Com agência.
(Brasília-DF, 27/09/2025) Também neste sábado, 27, os Estados Unidos disseram que revogarão o visto do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, depois que ele pediu a soldados norte-americanos que desobedeçam a Donald Trump durante um discurso em um protesto em Nova York.
O Departamento de Estado dos EUA disse que os comentários de Petro em um protesto pró-Palestina na sexta-feira foram "imprudentes e incendiários".
O líder colombiano estava nos EUA para a Assembleia Geral da ONU, onde no início desta semana pediu uma investigação criminal sobre os ataques aéreos do governo Trump contra supostos barcos de tráfico de drogas no Caribe.
Petro já estava voltando para Bogotá quando os EUA anunciaram que cancelariam seu visto, segundo a imprensa colombiana.
Petro compartilhou um vídeo nas redes sociais em que discursa em espanhol para uma grande multidão usando um megafone na sexta-feira.
Ele pediu a formação de um "exército de salvação mundial, cuja primeira tarefa é libertar a Palestina".
"É por isso que, daqui de Nova York, peço a todos os soldados do Exército dos EUA que não apontem seus rifles para a humanidade", disse ele. "Desobedeçam à ordem de Trump! Obedeçam à ordem da humanidade!"
Petro acrescentou: "Como aconteceu na Primeira Guerra Mundial, quero que os jovens, filhos e filhas de trabalhadores e agricultores, tanto de Israel quanto dos EUA, apontem seus rifles não para a humanidade, mas para os tiranos e os fascistas."
O departamento de Estado dos EUA criticou duramente os comentários, dizendo que ele "instou os soldados americanos a desobedecerem ordens e incitar a violência".
Em comentário nas redes sociais, o departamento disse que a revogação do visto foi "devido às suas ações imprudentes e incendiárias".
O ministro do Interior da Colômbia, Armando Benedetti, escreveu no X na sexta-feira à noite que o visto do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é que deveria ter sido anulado, e não o de Petro.
"Mas como o império o protege, ele está descontando no único presidente que foi capaz de lhe dizer a verdade na cara", disse ele.
As relações entre Petro — que lidera o primeiro governo de esquerda da Colômbia — e o governo Trump pioraram nos últimos meses.
O líder colombiano usou seu discurso na ONU para lançar uma crítica contundente aos ataques dos EUA contra barcos suspeitos de serem usados para transportar drogas, argumentando que os EUA não tinham como objetivo controlar o tráfico de drogas, mas atender à necessidade de usar "a violência para dominar a Colômbia e a América Latina".
O presidente colombiano disse que alguns dos mortos pelos ataques podem ter sido da Colômbia, que é o maior produtor de cocaína do mundo, e acusou autoridades americanas de serem aliadas a gangues de traficantes enquanto seu governo estaria tentando persuadir agricultores a não cultivarem coca.
Petro comparou os ataques aéreos a um "ato de tirania" em uma entrevista à BBC.
Washington alega que as ações fazem parte de uma operação antidrogas dos EUA na costa da Venezuela, cujo presidente, Nicolas Maduro, é acusado pelos americanos de comandar um cartel.
Os EUA também negaram vistos para Mahmoud Abbas, o presidente palestino, e 80 autoridades palestinas, impedindo-os de comparecer à Assembleia Geral da ONU, apesar de líderes mundiais geralmente serem autorizados a comparecer à sede do órgão, independentemente de suas relações com os EUA.
( da redação com informações da BBC. Edição: Politica Real)