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  • 21/01/2021 07h49

    CRISE NA PANDEMIA: Governadores querem que governo Bolsonaro melhore canais diplomáticos com China e Índia

    Iniciativa encabeçada pelo governador piauiense, Wellington Dias, acontece depois que a médica Margareth Dalcomo, em discurso emocionado, lamenta que Fiocruz não receberá insumos da China para produção, no Brasil, da vacina de Oxford
    Foto: Arquivo da Política Real

    Governadores querem que Brasil e China se entendam

    ( Publicada originalmente às 18h 40 do dia 20/01/2021) 

    (Brasília-DF, 21/01/2021) Num ofício encaminhado nesta quarta-feira, 20, ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), assinado por 16 dos 27 governadores do país, e subscrito pelos demais, os gestores estaduais pedem que o governo federal melhore os seus canais diplomáticos, sobretudo, com países como a China e a Índia, com vistas que o Brasil possa receber os insumos necessários para fabricação das vacinas e que estão retidas, desde dezembro, pelo governo chinês, que alega entraves técnicos nos trâmites que impedem o envio dos materiais ao território brasileiro.

    Encabeçada pelo governador piauiense, Wellington Dias (PT), que coordena a temática sobre a vacinação dentro do fórum nacional dos governadores, a iniciativa acontece depois que a médica Margareth Dalcomo, num discurso emocionado, lamentou, durante um evento promovido pela arquidiocese da Igreja Católica do Rio de Janeiro (RJ) em conjunto com a universidade Fundação Cesgranrio, onde recebeu uma comenda em homenagem ao dia de São Sebastião, que acontece nesta quarta, que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) não receberá mais os insumos da China para fabricação, no Brasil, da vacina produzida pela universidade inglesa de Oxford, em parceria com o laboratório sueco AstraZeneca.

    Os 16 governadores que assinam a missiva endereçada ao presidente brasileiro, fazendo um apelo para que o Ministério das Relações Exteriores deixe a ideologia de lado foram, além de Wellington Dias, os governadores de Alagoas, Renan Filho (MDB); do Amapá, Waldez Góes (PDT); do Ceará, Camilo Santana (PT); do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB); do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); do Pará, Hélder Barbalho (MDB); da Paraíba, João Azevedo (Cidadania); de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT); do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB); de São Paulo, João Dória Jr. (PSDB) e de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD).

    “A carta que protocolamos hoje para o presidente Jair Bolsonaro ela faz um apelo em sintonia com o povo brasileiro. Para que o presidente da República, e toda a diplomacia brasileira, e também juntos estaremos juntos, governadores do Brasil, estamos conclamando também líderes do Congresso, do Judiciário, ex-presidentes, quem puder ajudar, para que a gente possa ter esse diálogo com o governo da China, da Índia, da Rússia, para garantir que o Brasil tenha a garantia [sic] do cumprimento do cronograma, que é para a entrega, do IFA, das condições de vacina, tanto da AstraZeneca, [quanto das] vacinas da CoronaVac, como da Sputink. Neste momento temos que pensar todos juntos, independente das diferenças, no povo brasileiro”, comentou o governador do Piauí em vídeo gravado pela sua assessoria.

    “Eu agora pouco lia algumas notícias que me chegavam e que vou compartilhar com os senhores e, realmente, é um momento crucial. Isso me emociona por que eu fiquei muito surpresa quando eu recebi essa sua convocação [fala em direção ao cardeal da arquidiocese do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta], por que eu recebi como uma convocação, tá bom cardeal, mas agora é a hora da sociedade brasileira mostrar realmente o que eu tenho tentado chamar como médica e como cidadã de consciência cívica. É absolutamente inaceitável, que nesse momento, no Brasil, nós tenhamos acabado de receber a notícia de que as vacinas não virão da China e que não virão da Índia”, contou a pesquisadora e pneumologista da Fiocruz.

    “Mas al ler as notícias que eu acabo de receber, que eu ainda preciso conversar com a presidente da minha fundação, para dizer como vou me manifestar a frente da opinião pública, o que é que justifica que neste momento um país como o Brasil, a décima, ou nona, economia do mundo, não tenha uma capacidade competitiva de servir, de nós cumprir a obrigação, para a qual nós fomos formados como médicos, nós que somos pesquisadores que trabalhamos e que temos uma vida pública, o que é que pode justificar, neste momento, cardeal dom Oroni, que o Brasil não tenha as vacinas disponíveis para a sua população. Isso é absolutamente injustificado! Não há nada e nenhuma explicação que possa justificar isso que nós acabamos de saber, que depois de nós termos feito um acordo de cooperação, como fizemos, estabelecido ponto a ponto, desde agosto do ano passado, que uma instituição pública como a Fundação Oswaldo Cruz tenha a sua linha de produção absolutamente pronta e toda IFA, insumo farmacêutico necessário, pronto e pago para chegar ao Brasil e que questões diplomáticas tenham fracassado até esse ponto”, reclamou a médica Dalcomo.

    “Então eu ao acabar de saber disso, eu gostaria de compartilhar em primeira mão com os senhores, por que seguramente eu vou me manifestar sobre isso em nome da minha instituição e não há nada, que possa justificar. Eu acho que ao longo destes dez meses, 11 meses, mais que uma gestação, eu tenho tentado, como tanto de nós, como tantos colegas que não de modo abnegados, por que nós não somos abnegados, nós cumprimos a nossa obrigação, estão neste momento em centros de terapias intensivas com pacientes gravíssimos, dando notícias, nós que acompanhamos pacientes desde o primeiro momento, quantas coisas nós vivemos, quantos testamentos nós vimos ser trocados, quantos casamentos nós ajudamos a serem feitos, quantas pessoas nós ajudamos a morrer, quantas notícias tristes nós demos as famílias. Quando aquela porta de se fecha e nunca mais aquela pessoa virá ninguém. Então essa vivência não nos tornou mais poderosos, não mais sábios, nos tornou mais humildes, nos tornou mais atentos e é com essa atenção que eu lhes digo: não há nada, neste momento, que justifique a não se a desídia absoluta, a incompetência diplomática do Brasil, que não per mita que cada um dos senhores aqui presentes, as suas famílias, aqueles que vocês amam, estejam amanhã, nos próximos meses, de acordo com o cronograma elaborado, recebendo uma única solução que há para uma doença como a covid-19”, finalizou em tom de desabafo a cientista da Fiocruz.

     

    (por Humberto Azevedo, especial para a Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)

     

     

     


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