( Publicada originalmente às 14h00 do dia 30/09/2020) 

(Brasília-DF, 01/10/2.020) A possível indicação do nome do desembargador federal piauiense, Kássio Nunes Marques, para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) repercutiu enormemente nesta quarta-feira, 30, nas redes sociais. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos áulicos do "centrão" comemorou a suposta informação. Já a maioria dos bolsonaristas reclamaram.

Atual vice-presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da primeira região, de Brasília, no Distrito Federal (DF), o nome do magistrado teria sido confirmado pelo próprio presidente brasileiro aos seus ministros e também para o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), para suceder o atual ministro Celso de Mello que se aposenta no próximo dia 13 de outubro da mais alta Corte do país.

Alguns ambientalistas reclamaram que Nunes Marques liberou, em sentença de 3 de setembro de 2.018, o uso de glifosato no Brasil. O glifosato é um herbicida aplicado nas folhas de plantas daninhas que nascem espontaneamente no meio das lavouras e prejudicam a produção agrícola e, altamente tóxico. Dinamarca, Suécia e Noruega, entre outras nações, já proibiram o seu uso em suas lavouras.

A informação de que o piauiense Kássio Nunes Marques será o próximo ministro do STF foi publicado inicialmente pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal "O Globo" e confirmada em apuração posterior pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A "Coluna Esplanada" trouxe, ainda, a informação de que o magistrado, se confirmada sua indicação por Bolsonaro, surpreenderá "pelo seu perfil". Segundo este veículo, Kássio, então advogado, era ligado ao PSB e ao ex-governador do Piauí, Wilson Martins.

A "coluna Radar" da revista "veja" aponta que o piauiense "no STF é [uma] vitória do 'centrão', mas [que também] alegra petistas: Gilmar Mendes e outros integrantes do STF foram avisados por Bolsonaro sobre a preferência pelo nome do desembargador". A coluna, editada pelo jornalista Robson Bonin, informa em tempo que "na sua posse na vice-presidência do TRF-1, em 2018, o magistrado foi prestigiado pelo governador do Piauí, o petista Wellington Dias, como registrou a imprensa piauiense".

Procurado pela reportagem da Política Real para se manifestar sobre a possível indicação do magistrado piauiense pelo presidente Bolsonaro para a Suprema Corte, a assessoria do governador Wellington Dias não retornou até o fechamento desta edição.

Kássio Nunes Marques, de acordo com o site "Jota", especializado em assuntos jurídicos, informa que o piauiense "ingressou no TRF-1 em 2011, indicado pela OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], pela regra do quinto constitucional, e foi escolhido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Atualmente, integra a quarta seção do tribunal"

Repercussão

Veja como foi a repercussão da possível indicação do piauiense Nunes Marques para o STF, nas redes sociais.

"A escolha do Centrão para o Supremo? Kássio Nunes é vice-presidente do TRF-1 e seu nome estava certo para outra vaga: a de Napoleão Maia, no STJ [Superior Tribunal de Justiça]", comentou o perfil do site "O Antagonista".

"Sem dúvida, [essa] escolha do presidente Jair Bolsonaro seria um gesto de reconhecimento da capacidade do povo do Piauí e de todo o Nordeste. Atual desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ele é considerado um dos desembargadores federais mais produtivos entre seus pares e todos que conhecem a sua trajetória sabem da competência e comprometimento do dr. Kássio Nunes com o seu trabalho", comemorou Ciro Nogueira.

"Todos nós do Piauí estamos na torcida para que se concretize a indicação do dr. Kassio Nunes como novo ministro do Supremo Tribunal Federal, que seria o primeiro piauiense em mais de 50 anos no STF", complementou o senador piauiense e presidente nacional do Partido Progressista (PP).

"Olha, se confirmada a indicação de Kássio Nunes para o STF, posso dizer que será a surpresa (no mundo jurídico, claro) do ano", se manifestou o advogado Augusto Arruda Botelho que ganhou projeção nacional ao participar do quadro o grande debate da "CNN" contrapondo as teses defendidas pelo advogado, blogueiro e youtuber bolsonarista, Caio Coppola.

"[O] desembargador Kássio Nunes, do TRF da 1ª Região ocupará a vaga de Celso de Mello. Não me surpreendeu em nada. Trump tem maioria no Senado americano. Esse não é o cenário de Bolsonaro. O tempo dirá quem é Kassio Nunes. Até agora, só sabemos que ele não é juiz federal e conseguiu chegar no TRF da 1ª Região por uma cota da OAB", comentou o editor do site bolsonarista Terça Livre, Allan dos Santos.

"Se hoje o Supremo tem lagosta e vinhos caros, agradeça a Kássio Marques Nunes. É esse sujeito que está sendo cogitado para o STF? Agora pelo menos sabemos quem manda no Brasil. 'Ah, mas Kassio Nunes é católico.' É? Leonardo Boff também acha que é. O próximo ministro do STF deve ser um conservador. Bolsonaro não pode nomear o cara que liberou buffet de luxo ao supremo", se irritou o bolsonarista Ian Maldonado compartilhando uma notícia publicada em 6 de maio de 2.019 que trazia a informação de que Nunes Marques fora o responsável pela derrubada da liminar que barrava licitação do STF.

"Parece que o desembargador Kássio Nunes foi indicado para o TRF-1 pela Dilma! Bom, se for isso mesmo, já sabemos que terrivelmente anti-comunista ele não é!", reclamou o bolsonarista Luiz Camargo em seu perfil no twitter.

"Olha, se for verdade que [o indicado para o STF] é o Kássio Nunes me parece que não é uma boa escolha. Ciro Nogueira, em junho do ano passado, já havia falado dele", comentou um outro bolsonarista, Gabriel de Núrsia, que diz em sua página no twitter que "a saída não está na República". Ele fez esse comentário ao compartilhar uma notícia de 17 de junho de 2.019 em que o senador Ciro Nogueira já estava confiante de que o desembargador do TRF-1 chegaria ao STF, em breve.

"Nosso Kássio é uma figura respeitadíssima no mundo jurídico hoje. Tenho certeza que vai chegar a tribunais superiores, ou STJ, ou Supremo. É uma figura muito querida e respeitada", falava o presidente nacional do PP em junho do ano passado.

"Esse tal de Kássio Nunes, que dizem que será indicado à vaga de Celso, derrubou a liminar que proibia glifosato porque 'os produtos foram aprovados por todos os órgãos públicos competentes', todos aparelhados [pelo ministro do Meio Ambiente] Ricardo Salles", pontuou o internauta ambientalista Marco Amd2, compartilhando uma notícia publicada pelo Canal Rural, de setembro de 2.018, que trazia a informação de que "o documento, assinado pelo desembargador federal Kássio Nunes Marques, diz que nada justifica a suspensão dos registros dos produtos que contenham como ingredientes ativos abamectina, glifosato [...] sem análise dos graves impactos que tal medida poderia trazer à economia do país e à população em geral.

(por Humberto Azevedo, especial para a Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)