• Cadastre-se
  • Equipe
  • Contato Brasil, 19 de abril de 2024 07:46:54
Nordestinas
  • 09/10/2020 13h00

    ENFRENTANDO A CRISE: Pobreza caiu de forma única em meio a pandemia, porém 15 milhões podem voltar a pobreza extrema no ano que vem, diz FGV Social

    Marcelo Néri deu a boa nova, mas fez o alerta
    Foto: site FGV

    Marcelo Néri divulgou a boa nova e alerta

    (Brasília-DF, 09/10/2020)  A Fundação Getúlio Vargas, com o seu núcleo FGV Social, divulgou nesta sexta-feira, 9, o estudo “Covid, Classes Econômicas e o Caminho do Meio: Crônica da Crise até Agosto de 2020, coordenado pelo pesquisador Marcelo Néri, um notório especialista em renda e pobreza apontando que 15 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza até agosto de 2020, uma queda de 23,7%, especialmente por conta do auxílio emergencial.

    “De maneira geral, a gente observou um boom social inédito, mesmo comparando com períodos pós-estabilização, que foram períodos de boom social. Em toda a série estatística a pobreza nunca esteve num nível tão baixo, são 50 milhões de brasileiros. A queda foi realmente inédita, de acordo com as séries estatísticas”, disse Néri. A comparação é feita com os dados fechados de 2019. As FGV define pobreza por aqueles que tem renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo (R$ 522,50). Marcelo Neri disse que apesar de o país ainda registrar 50 milhões de pobres após esta queda, este é o nível mais baixo de toda a série estatística.

    “De maneira geral, a gente observou um boom social inédito, mesmo comparando com períodos pós-estabilização, que foram períodos de boom social. Em toda a série estatística a pobreza nunca esteve num nível tão baixo, são 50 milhões de brasileiros. A queda foi realmente inédita, de acordo com as séries estatísticas”.

    A redução de pobreza chegou a 30,4% na Região Nordeste e a 27,5% no Norte do país. No Sul, a redução foi de 13,9%; no Sudeste de 14,2% e no Centro-Oeste a queda na pobreza chegou a 21,7%.

    Segundo a FGV Social, essas regiões têm maiores parcelas do público-alvo do Auxílio Emergencial. “O Brasil, nos nove meses do auxílio emergencial, até o final do ano, pretende gastar R$ 322 bilhões, cerca de nove meses são nove anos de Bolsa Família, uma injeção de recursos bastante substantivo”, destaca o pesquisador.

    Mercado de trabalho

    Neri disse, também, que as camadas com renda acima de dois salários mínimos per capita perderam 4,8 milhões de pessoas na pandemia e os dados do mercado de trabalho demonstram forte retração.

    “Houve uma queda de renda de 20%. O índice de Gini teve um aumento muito forte, que é o índice de desigualdade. A renda do trabalho da metade mais pobre caiu 28%. Então guarda um certo paradoxo na pesquisa. As rendas de todas as fontes tiveram um aumento espetacular, principalmente na base da distribuição, enquanto a renda do trabalho, que deveria ser a principal renda das pessoas, teve uma queda igualmente espetacular, especialmente também na base da distribuição. O que explica esse paradoxo é a atuação do auxílio emergencial, que atingiu no seu pico com 67 milhões de brasileiros”.

    Com a queda no topo e a subida na base das classes de renda, as camadas intermediárias tiveram um aumento de 21,4 milhões de pessoas, o que equivale à quase metade da população da Argentina. Neri lembra que a diminuição na pobreza é temporária e tende a ser totalmente revertida após o fim do auxílio emergencial.

    “O boom social ocorrido em plena pandemia é surpreendente, mas enseja uma preocupação, porque a sua principal causa, que é o auxílio emergencial, generoso, que foi concedido, ele cai à metade agora em outubro, e depois é totalmente extinto em 31 dezembro. Então, a nossa estimativa é que esses 15 milhões que saíram da pobreza vão voltar à velha pobreza de maneira relativamente rápida. Isso equivale a cerca de meia Venezuela em termos populacionais”, disse o pesquisador.

    A pesquisa aponta também que ainda não foram definidos novos programas sociais para contornar a crise atual, bem como há “cicatrizes trabalhistas de natureza mais permanente abertas pela crise”.

     (da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)


Vídeos
publicidade