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Nordestinas
  • 25/09/2020 13h50

    NAÇÕES UNIDAS: Papa Francisco, na ONU, fala que a pandemia mostrou que as nações tem que ficar mais unidas ainda, tratou de vacinas, Amazônia e dos mais pobres

    Ao falar sobre as consequências da pandemia, o Papa se mostrou particularmente preocupado com os trabalhadores, que perdem sempre mais espaço para a “robotização”
    Foto: Vatican News

    Papa Francisco no vídeo de sua participação na ONU

    (Brasília-DF, 25/09/2020) O Papa Francisco se manifestou nesta sexta-feira,25, por conta da 75ª Asembleia Geral das Nações Unidas(ONU). Essa manifestação foi por meio virtual como os outros líderes internacionais.  Numa fala de 26 minutos, ele defendeu que as lideranças mundiais atuem em conjunto para fazer o enfrentamento da pandemia do Covid-19, defendeu que a chegada da uma futura vacina deve atender prioritariamente os mais pobres, falou da questão do meio ambiente onde se deve evitar a destruição.

    “A pandemia nos mostrou que não podemos viver sem o outro, ou pior ainda, um contra o outro. As Nações Unidas foram criadas para unir as nações, aproximá-las, como uma ponte entre os povos; usemo-lo para transformar o desafio que enfrentamos em uma oportunidade para construir juntos, uma vez mais, o futuro que queremos.”, disse.

    Francisco afirmou que o mundo em conflito necessita que a ONU se transforme numa oficina de paz cada vez mais eficaz, em que os membros do Conselho de Segurança, sobretudo os Permanentes, atuem com maior unidade e determinação. E citou como exemplo “nobre” a recente adoção de um cessar-fogo global durante a pandemia.

    E por falar em crise, o Papa disse que dela saímos ou melhores ou piores e que nesta conjuntura crítica, é “nosso dever repensar o futuro da nossa comum”.

    “A crise sanitária nos levou a uma encruzilhada: ou enveredamos pelo caminho de uma renovada corresponsabilidade e solidariedade mundial ou percorremos a estrada do isolamento e deixamos de lado os mais vulneráveis. “Esta segunda opção não deve prevalecer”, advertiu Francisco.

    Francisco  renovou seu apelo aos responsáveis políticos e ao setor privado para que tomem as medidas adequadas para garantir o acesso às vacinas contra a COVID-19. “Se tiver que privilegiar alguém, que seja o mais pobre”, afirmou.

    Meio Ambiente

    Quanto a crise ambiente, o Papa citou a Amazônia e suas populações indígenas. E recordou que a crise ambiental está indissoluvelmente ligada a uma crise social, reiterando que a Santa Sé seguirá desempenhando seu papel no cuidado da casa comum.

    Crianças e Mulheres

    Francisco foi contundente ao denunciar a situação de milhões de crianças no mundo, agravada com a pandemia. Citou os menores migrantes não acompanhados, as crianças vítimas de violência, maus-tratos, pedofilia, trabalho escravo, crianças sem direito à saúde e educação e, pior, sem direito à vida.

    “Imploro, pois, às autoridades civis que prestem especial atenção às crianças a quem lhes são negados seus direitos e dignidade fundamentais, em especial seu direito à vida e à educação. Não posso evitar de recordar o apelo da jovem valente Malala Yousafzai, que há cinco anos, na Assembleia Geral, nos recordou que “uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo".”

    Defender as crianças, prosseguiu o Papa, é também defender a família, hoje vítima de “colonialismos ideológicos”. A desintegração da família acarreta a fragmentação social, recordou.

    Francisco dirigiu um pensamento especial às mulheres, nos 25 anos da Conferência de Beijing. Não obstante os progressos, muitas mulheres ainda ficam para trás, vítimas de exploração e violência, “A elas e as que vivem separadas de suas famílias, expresso minha proximidade fraterna”, pedindo ao mesmo tempo uma luta mais incisiva contra “práticas perversas que denigram não somente as mulheres, mas toda a humanidade”.

    Trabalhadores e pobres

    Ao falar sobre as consequências da pandemia, o Papa se mostrou particularmente preocupado com os trabalhadores, que perdem sempre mais espaço para a “robotização”. “A solidariedade não pode ser uma palavra ou uma promessa vazia”, disse, acrescentando ser necessário encontrar novas formas de trabalho capazes de satisfazer o potencial humano, no respeito da sua dignidade. Em outras palavras, é necessário um “marco ético” mais forte.

    Francisco usou uma das expressões mais enfáticas do seu discurso ao afirmar que a cultura do descarte hoje em vigor é um “atentado contra a humanidade”.

    “De fato, é doloroso ver quantos direitos fundamentais continuam sendo violados com impunidade. A lista dessas violações é muito extensa e nos mostra a terrível imagem de uma humanidade violada, ferida, sem dignidade, liberdade e possibilidade de desenvolvimento.”

    Nesta lista de violações, Francisco incluiu a perseguição religiosa, que pode resultar em genocídio. Entre as vítimas, estão também cristãos: “quantos sofrem ao redor do mundo, às vezes obrigados a deixar suas terras ancestrais, isolados de sua rica história e cultura”.

    Este atentado contra a humanidade produz conflitos por toda a parte, “crises humanitárias se transformaram no statu quo, onde os direitos à vida, à liberdade e à segurança pessoal não estão garantidos”.

    Muitos desses conflitos provocam migração forçada, em que os deslocados sofrem violações nos países de origem, trânsito e destino. “Isso é intolerável, todavia, hoje é uma realidade que muitos ignoram intencionalmente!”, denunciou o Papa, pedindo o respeito dos tratados internacionais.

    Armas

    O último tema tratado pelo Papa foi o das armas, afirmando que não haverá progresso no campo da paz e do desenvolvimento se “recursos preciosos” forem destinados à corrida armamentista, inclusive nuclear.

    Diante de uma tecnologia sempre mais refinada e letal, a mensagem de Francisco é clara: “É preciso desmantelar as lógicas perversas que atribuem à posse de armas a segurança pessoal e social. Tais lógicas só servem para incrementar as ganâncias da indústria bélica, alimentando um clima de desconfiança e de temor entre as personas os povos”.

    (da redação com informações de assessoria e Vatican News. Edição: Genésio Araújo Jr)

     


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