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Nordestinas
  • 16/07/2020 07h47

    PNAD: Números revelam a intensa desigualdade social e regional na educação; Nordeste, norte e pretos ainda vivem muitas dificuldades, aponta IBGE

    Veja os números
    Foto: Pensar Educação, Pensar Brasil

    Ofertar educação no Brasil é ver a desigualdade social e regional em destaque

    ( Publicada originalmente às 14 h 20 do dia 15/07/2020) 

    (Brasília-DF, 16/07/2020) O IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quarta-feira, 15, sua pesquisa PNAD contínua 2019 com foco no chamado “Módulo Educação”.  Os números mostam alguma evolução, mas ainda continuam muito ruins mostrando uma destacada desigualdade social e regional. Destaque-se que as pessoas de 25 anos ou mais com ensino médio completo cresceu no Brasil, passando de 45,0% em 2016 para 47,4% em 2018 e 48,8% em 2019, mais da metade (51,2% ou 69,5 milhões) dos adultos não concluíram essa etapa educacional.

    No Nordeste, três em cada cinco adultos (60,1%) não completaram o ensino médio. Entre as pessoas de cor branca, 57,0% tinham concluído esse nível no país, enquanto essa proporção foi de 41,8% entre pretos ou pardos.

    A pesquisa está divulgando pela primeira vez dados sobre abandono escolar. Das 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos do país, 20,2% (ou 10,1 milhões) não completaram alguma das etapas da educação básica, seja por terem abandonado a escola, seja por nunca a terem frequentado. Desse total, 71,7% eram pretos ou pardos.

    Os resultados mostraram ainda que a passagem do ensino fundamental para o médio acentua o abandono escolar, uma vez que aos 15 anos o percentual de jovens quase dobra em relação à faixa etária anterior, passando de 8,1%, aos 14 anos, para 14,1%, aos 15 anos. Os maiores percentuais, porém, se deram a partir dos 16 anos, chegando a 18,0% aos 19 anos ou mais.

    Entre os principais motivos para a evasão escolar, os mais apontados foram a necessidade de trabalhar (39,1%) e a falta de interesse (29,2%). Entre as mulheres, destaca-se ainda gravidez (23,8%) e afazeres domésticos (11,5%).

    No total, 56,4 milhões de pessoas frequentavam escola ou creche em 2019. A taxa de escolarização foi de 35,6% (3,6 milhões) para crianças de 0 a 3 anos, 92,9% (5 milhões) na faixa de 4 e 5 anos, 99,7% (25,8 milhões) dos 6 aos 14 anos – percentual próximo à universalização –, 89,2% (8,5 milhões) de 15 a 17 anos, 32,4% (7,3 milhões) de 18 a 24 anos e 4,5% (6,1 milhões) para 25 anos ou mais.

    O atraso ou abandono escolar atingia 12,5% dos adolescentes de 11 a 14 anos e 28,6% das pessoas de 15 a 17 anos. Entre os jovens de 18 a 24 anos, quase 75% estavam atrasados ou abandonaram os estudos, sendo que 11,0% estavam atrasados e 63,5% não frequentavam escola e não tinham concluído o ensino obrigatório. Por outro lado, a taxa de frequência líquida das pessoas de 15 a 17 anos cresceu 2,1 p.p em relação a 2018, com mais de 70% dessa faixa etária na etapa escolar adequada.

    Entre as pessoas de 15 a 17 anos de idade, ou seja, em idade escolar obrigatória, 78,8% se dedicavam exclusivamente ao estudo. No entanto, considerando as 46,9 milhões de pessoas de 15 a 29 anos de idade, 22,1% não trabalhavam, não estudavam, nem se qualificavam, sendo que entre as mulheres esse percentual foi de 27,5% e entre pessoas pretas e pardas, 25,3%.

    A rede pública de ensino é responsável por 74,7% dos alunos na creche e pré-escola, 82,0% dos estudantes do ensino fundamental e 87,4% do ensino médio. Já a rede privada atendeu 73,7% dos estudantes de graduação e 74,3% dos alunos de pós-graduação.

    Dentre outros indicadores, a pesquisa mostrou ainda que a taxa de analfabetismo está em 6,6%, o que corresponde a 11 milhões de pessoas, sendo que mais da metade (56,2% ou 6,2 milhões) vive na região Nordeste. Para pretos e pardos, a taxa é 5,3 p.p maior do que para brancos (8,9% e 3,6%).

    Veja números do Nordeste e Norte:

    Mais da metade dos analfabetos vive na região Nordeste

    A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais no Brasil ficou em 6,6% em 2019, o que corresponde a 11 milhões de pessoas. Mais da metade dos analfabetos (56,2% ou 6,2 milhões) viviam na região Nordeste e 21,7% (2,4 milhões de pessoas) viviam no Sudeste. Em relação a 2018, houve uma redução de 0,2 p.p. na taxa de analfabetismo, correspondendo a aproximadamente 200 mil analfabetos a menos em 2019.

    Quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos. No grupo etário de 60 anos ou mais, a taxa foi de 18,0%, o que corresponde a quase 6 milhões de pessoas.

    Por sexo, na população de 15 anos ou mais, a taxa das mulheres ficou em 6,3% e dos homens, em 6,9%, tendo caído mais para as mulheres do que para os homens em relação a 2018: 0,3 p.p e 0,1 p.p, respectivamente. No grupo etário de 60 anos ou mais, a taxa foi igual para homens e mulheres (18,0%), se mantendo estável para os homens, mas caindo 1,1 p.p para as mulheres.

    Taxa de analfabetismo dos pretos e pardos é 5,3 p.p maior que a dos brancos

    Já na análise por cor ou raça, chama atenção a magnitude da diferença entre pessoas brancas e pretas ou pardas. Em 2019, 3,6% das pessoas de 15 anos ou mais de cor branca eram analfabetas, percentual que se eleva para 8,9% entre pretos ou pardos (diferença de 5,3 p.p.). No grupo etário de 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo dos brancos alcançou 9,5% e, entre as pessoas pretas ou pardas, chegou a 27,1%.

    No Nordeste, três em cada cinco adultos não completaram o ensino médio

    Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, mais da metade da população de 25 anos ou mais tinha o ensino médio completo. Por outro lado, no Nordeste, 60,1% dos adultos não tinha completado o ensino médio.

    Mais da metade das mulheres (51,0%) do país tinha, ao menos, o ensino médio completo, enquanto entre os homens esse percentual foi de 46,3%. Com relação à cor ou raça, 57,0% das pessoas brancas haviam completado esta etapa, já entre pretas ou pardas, esse percentual foi de 41,8%, uma diferença de 15,2 p.p.

    Além disso, a média de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais de idade passou de 8,9 anos, em 2016, para 9,4 anos, em 2019. Para as mulheres, a média foi de 9,6 anos e, para os homens, 9,2 anos. Com relação à cor ou raça, mais uma vez, a diferença foi considerável: 10,4 anos de estudo para as pessoas brancas e 8,6 anos para as pretas ou pardas.

    Apenas 2,2% das crianças de 0 a 1 ano da região Norte estão na creche

    A taxa de escolarização das crianças de 0 a 1 ano passou de 12,5% em 2018 para 14,4% em 2019, com grande variação regional: enquanto no Norte a taxa foi de 2,2%, em 2019, no Sul era de 25,8%. Já entre a crianças de 2 e 3 anos, a taxa salta para 55,4% em 2019, tendo aumentado 1,6 p.p em relação a 2018. A faixa etária mais velha da educação infantil, de 4 a 5 anos, registrou um percentual bastante elevado de escolarização, porém sem alcançar a universalização.

    Entre as crianças de 0 a 1 ano, 67,0% não frequentavam creche por opção dos pais ou responsáveis e, entre as crianças de 2 a 3 anos, esse percentual foi de 53,5%. O segundo motivo mais apontado foi a não existência de escola/creche na localidade, falta de vaga ou não aceitação de matrícula por causa da idade da criança, que, para 0 a 1 ano atingiu 27,5% e, para 2 a 3 anos, 39,9%.

    Quase 75% dos jovens de 18 a 24 anos estão atrasados ou abandonaram os estudos

    Em 2019, a taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos, independentemente do curso frequentado, foi de 32,4%. Por sua vez, 21,4% desses jovens frequentavam cursos da educação superior e 11,0% estavam atrasados, frequentando algum dos cursos da educação básica. Já 4,1% haviam completado o ensino superior e 63,5% não frequentavam escola e não concluíram o ensino obrigatório.

    Esse panorama nacional diverge entre as grandes regiões. No Centro-Sul, o atraso escolar dos estudantes de 18 a 24 anos ficou entre 8,0% e 9,6% e o percentual de pessoas que não estudavam por já terem completado o ensino superior variou de 4,8% a 5,7%. Já no Norte e no Nordeste, esse atraso foi maior, em torno dos 15,0%, enquanto o percentual de não estudantes com uma graduação completa não passou de 3,0%.

    Pessoas de 15 a 29 anos não completam o nível superior para trabalhar

    Em 2019, 23,8 milhões de pessoas de 15 a 29 anos com nível de instrução até o superior incompleto não frequentavam escola, curso de educação profissional ou pré-vestibular. Mais da metade (53,0%) eram homens e 65,7% eram de cor preta ou parda. Além disso, 58,1% tinham o ensino médio completo ou superior incompleto e 41,9% eram sem instrução ou com, no máximo, ensino médio incompleto.

    Entre as grandes regiões, o Sudeste concentrou o maior percentual de pessoas nesta situação, 39,8%, seguido do Nordeste com 29,8%. Por outro lado, o menor percentual foi registrado no Centro-Oeste, 7,3%.

    ( da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)

     


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