• Cadastre-se
  • Equipe
  • Contato Brasil, 25 de abril de 2024 02:25:02
Nordestinas
  • 29/05/2020 08h05

    Embaixada de Israel no Brasil pede que a questão do holocausto seja deixada de lado na disputa política brasileira; várias entidades reagiram por Weintraub comparar operação Fake News a “Noite dos Cristais”

    Depois de reação negativa, Weintraub disse que tinha direito de falar
    Foto: Arquivo da Política Real

    Abraham Weintraub desagradou toda a comunidade israelita no Brasil e mais além

    ( Publicada originalmente às 19h 00 do dia 28/05/2020) 

    (Brasília-DF, 29/05/2020) A Embaixada de Israel no Brasil, através de uma mídia social, pediu nesta tarde que deixem de lado a questão do holocausto a disputa política brasileira.

    “Houve um aumento da frequência de uso do Holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza sua memória e a tragédia do povo judeu. Pela amizade forte de 72 anos entre nossos países, pedimos que a questão do Holocausto fique à margem da política e ideologias.”, diz a nota.

    Ontem, 27, em meio a crise que chegou ao Planalto por conta das medidas autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes no “Inquérito das Fake News”, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que foi convocado a falar no mesmo inquérito comparou as medidas de Moraes à “Noite dos Cristais”, um marco do início do holocausto na Alemanha Nazista.

    “Hoje foi o dia da infâmia, VERGONHA NACIONAL, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!”, disse no Twitter Weintraub.

    Hoje, 28, irritado com a repercussão negativa Weintraub disse que tinha o direito de falar sobre o assunto.

    “Não falem em nome de todos os cristãos ou judeus do mundo. FALO POR MIM! Tive avós católicos e avós sobreviventes dos campos de concentração nazistas (foto). Todos eram brasileiros. TENHO DIREITO DE FALAR DO HOLOCAUSTO! Não preciso de mais gente atentando contra MINHA LIBERDADE!”, disse, caramete cotrariado

    Reação

    A Confederação Israelita do Brasil se manistou, também

    “Não há comparação possível entre a Noite dos Cristais, perpetrada pelos nazistas em 1938, e as ações decorrentes de decisão judicial no inquérito do STF, que investiga fake news no Brasil. A Noite dos Cristais, realizada por forças paramilitares nazistas e seus simpatizantes, resultou na morte de centenas de judeus inocentes, na destruição de mais de 250 sinagogas, na depredação de milhares de estabelecimentos comerciais judaicos e no encarceramento e deportação a campos de concentração. As ações do inquérito, por sua vez, se dão dentro do ordenamento jurídico, assegurado o direito de defesa, ao qual as vítimas do nazismo não tinham acesso. A comparação feita pelo ministro Abraham Weintraub é, portanto, totalmente descabida e inoportuna, minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus, além de outras minorias.”

    O Cônsul Geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi deixou clara sua posição:

    “O Holocausto, a maior tragédia da história moderna, onde 6 milhões de judeus, homens, mulheres, idosos e crianças foram sistematicamente assassinados pela barbárie nazista, é sem precedentes. Esse episódio jamais poderá ser comparado com qualquer realidade política no mundo”.

    O Museu do Holocausto de Curitiba, em uma longa nota publicada em suas redes, que classifica não só como nota de repúdio mas também educativa, condenou a comparação de Weintraub. Em um dos trechos, a instituição diz:

    “Num contexto atual, em que o triste episódio da “Noite dos Cristais” tem sido utilizado como analogia inoportuna a operações realizadas por instituições democráticas autônomas, o Museu do Holocausto de Curitiba opta não apenas por repudiar, mas contribuir com o crescimento da nossa sociedade por meio do conhecimento histórico. Na total impossibilidade de dialogar com figuras e entidades que diariamente se recusam a compreender a essência do nazismo e insistem em utilizá-lo como recurso retórico para atacar seu espectro político “rival”, apresentamos conteúdos básicos em língua portuguesa, de fácil leitura e adequados para pessoas com qualquer grau de erudição ou de escolaridade. Acreditamos que uma sociedade consciente, desperta e munida de pensamento crítico só será uma realidade em nosso país quando o conhecimento se sobrepuser a mitos ideológicos e a práticas

    O Comitê Judaico Americano (AJC), uma das principais organizações da comunidade judaica nos Estados Unidos, também publicou em um tuíte que o repetido uso como arma política de termos referentes ao Holocausto por funcionários do governo brasileiro é profundamente ofensiva aos judeus do mundo e um insulto às vítimas e sobreviventes do terror nazista. “Isto precisa parar imediatamente”, finaliza em sua mensagem.

    ( da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr)

     

     


Vídeos
publicidade