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Nordestinas
  • 12/03/2020 07h39

    CONGRESSO X PLANALTO: Após acusação de Alessandro Vieira que parlamentares querem aprovar o PLN “por dinheiro”, Kátia Abreu afirma que senador por Sergipe é hipócrita

    Ao defender a rejeição do PLN 04, o senador do Cidadania disse que matéria é “contra o Brasil”; pedetista de Tocantins respondeu que senador de Sergipe age da mesma forma que ela para angariar recursos para o seu estado
    Foto: Roque Sá/ Ag. Senado

    Kátia Abreu partiu para o ataque contra Alessandro Vieira

    ( Publicada originalmente às 19h00 do dia 11/03/2020) 

    ( reeditado) 

    (Brasília-DF, 12/03/2020) A disputa entre Planalto e Congresso surgida em torno dos Projetos de Lei ao Congresso(PLNs) que divide o orçamento impositivo que desagrada o Presidente Bolsonaro gera disputas públicas entre os congressistas.   Após o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) acusar os parlamentares favoráveis ao Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 04/20, encaminhado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), para destinar R$ 15 bilhões conforme definição do relator do orçamento da União, deputado Domingos Neto (PSD-CE), de agirem “por dinheiro”, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) disparou contra o colega chamando-o de hipócrita.

    A discussão entre ambos aconteceu em meio ao processo de votação do PLN na sessão da Comissão Mista do Orçamento (CMO). Na oportunidade, ao defender a rejeição da matéria, o senador do Cidadania disse que o projeto é “contra o Brasil”. Em resposta, a pedetista de Tocantins respondeu que senador de Sergipe age da mesma forma que ela para angariar recursos para o seu estado. A proposta foi aprovada pelo colegiado conforme o texto enviado pelo governo e aguarda, agora, a deliberação pelo plenário do Congresso Nacional em sessão conjunta das duas Casas legislativas.

    “Eu faço aqui um alerta à Casa e faço direcionado à minha amiga, senadora Kátia Abreu. Nós não estamos votando contra ou a favor de Jair Bolsonaro. Nós estamos votando contra ou a favor do Brasil. Ter um orçamento que seja exequível, eficiente, com normativo que seja viável é importantíssimo. Retrocedemos nas últimas 24 horas. A decisão do relator de não mais utilizar as emendas que ele já tinha acatado é péssima – com todo o respeito, eu sei que é uma negociação política, é uma péssima ideia. Piorou ainda mais o projeto. É muito claro, é muito evidente o que está sendo feito aqui. Não faz sentido para o Brasil. Repito, estamos nos avizinhando de uma crise grave. O orçamento vai precisar ser manuseado com velocidade. Estamos optando de uma forma acelerada, ao mesmo tempo em que uma sessão do Congresso está aberta, açodadamente, transmitindo para a população brasileira uma coisa que eu acredito que não é verdade, que o desespero é pelo dinheiro”, comentou Alessandro Vieira.

    Críticas aos novatos

    Na resposta, a senadora Kátia Abreu aproveitou para passar a limpo toda a discussão em torno do orçamento impositivo desde a fala do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, até as falas e gestos do presidente Bolsonaro convocando a população para ir às ruas no próximo domingo, 15, “contra os políticos de sempre” para manter o orçamento da União sobre controle do governo federal. Assim como o comportamento de “vestais da honestidade” que alguns novos parlamentares apresentam ser.

    “Então, na verdade, nós estamos com pressa atrás de dinheiro, podem pegar as notas taquigráficas. Então, de certa forma, ele evoca meu nome e depois faz a acusação. Então, diretamente, ele está me acusando de estar aqui na CMO atrás de dinheiro. E eu quero dizer ao povo brasileiro que eu não compactuo com hipocrisia, porque, atrás de dinheiro, ele também está, porque, no ano passado, ele aprovou aqui um PLN, com o apoio de todos nós, e levou 50 milhões para o estado dele. Qual é o problema de um parlamentar levar recursos para o seu estado? Eu vou dizer que não apoio? Vou apoiar sempre, porque eu também quero o apoio dele para levar 100, 200 para o meu Tocantins”, se manifestou a senadora pedetista.

    “Nós estamos fazendo aqui o abraço dos afogados. Quem mandou essa discussão para cá foi o Presidente Jair Bolsonaro. Ele assinou com sua caneta. Que País é esse em que estamos vivendo? Que exemplo vamos dar para a sociedade se um Presidente não honra a assinatura que dá? Ele assinou e mandou para cá. Lá no meu Tocantins chamamos isso de quiabá! Acho que não foi isso que o Bolsonaro fez, porque se ele quiser, vem aqui e retira o PLN 4. Então, se é isso o que ele quer, que vista calça de manhã e de tarde – não só até meio-dia, não – e tire o PLN 4 daqui. Agora, minha gente, eu não aceito. Sr. Presidente, eu sou mulher e visto saia e calça. Eu honro a palavra que falo”, complementou a senadora do Tocantins.

    “Não encaminhei voto, não quero encaminhar voto. Vossas Excelências fazem questão de nos denegrir e de nos destruir. Quando vocês saírem lá fora, daqui a 8 anos, disserem que são senadores e levarem pedradas, não interessa. Não reclamem, porque a imagem [que] fica é contra o Congresso, não é contra senador a, b, c ou d. Dos que fizeram oposição [ao governo Dilma], nenhum voltou para cá. Então, quero lembrar ao povo brasileiro, de forma respeitosa, que a grande maioria daqui está composta de pessoas do bem. Aqui não tem o que nasceu privilegiado, que é o estandarte da honestidade. Nossa colega, Selma, outra senadora, chegou como o “Moro de saias”, mas foi condenada no TRE por unanimidade, condenada no TSE por unanimidade. E se acha uma vítima. Quer dizer que só ela é vítima, só ela é vestal, que foi condenada! Imagine se fosse eu a condenada, o que ela estaria fazendo comigo. E eu não falei uma palavra. É a primeira vez que estou falando. Todos que chegaram, vestais da honestidade e da moral, foram os primeiros a cair aqui dentro. Aqui todo mundo é honesto, todo mundo tem moral”, completou.

    Bateria de críticas

    Por fim, Kátia Abreu disparou as baterias contra o general Heleno e os militares que, segundo ela, ficaram livres de uma reforma previdenciária robusta que fizesse a caserna ter as mesmas regras duras que foram estabelecidas para os civis.

    “Que a polícia venha buscar os bandidos, e não nós. Não somos polícia, não somos delegados, não passamos em concurso de juiz nem de promotor. Somos políticos eleitos pelo povo brasileiro. E, se aqui vieram, eu tenho respeito aos votos que receberam. Então, nós estamos aqui simplesmente nos destruindo. Em que pese aprovarmos a reforma da Previdência, nós aprovamos, à nossa custa e ônus, uma reforma que exclui militares, privilegiados. Depois, votamos uma reforma específica para eles”, proferiu.

    Polêmica não faltou na Comissão Mista de Orçamento

    “O tal General Heleno nos mandou para aquele lugar. Mas eu queria que nós tivéssemos mandado os militares para aquele lugar na reforma da Previdência. Então, estou cheia dessa hipocrisia! Querem agradar ao Bolsonaro e esse cidadão que acabei de citar, esse militar, acaba fazendo picuinha, querendo fazer sucesso com o chapéu alheio. Nós votamos aqui a diminuição dos ministérios do Bolsonaro. Vocês se esqueceram disso? Nós diminuímos sete ministérios, como ele pediu”, seguiu.

    “Nós votamos coisas que nunca conseguimos, como capital estrangeiro de 100% para as empresas aéreas, porque ele pediu. Nós votamos o pacote anticrime. Não ficou 100% do jeito que queriam, porque nesta Casa não existe unanimidade. A unanimidade é burra. Esta é uma Casa democrática, e nós podemos nos aproximar de um consenso. Mas não há unanimidade. Nós fizemos um marco regulatório no saneamento, depois de 40 anos. Vossas Excelências que não estavam aqui não sabem. Foi um debate amplo e longo e já sancionamos”, finalizou.

    Contra resposta

    Na contradita, Alessandro Vieira afirmando que queria dizer a mesma coisa que a pedetista falara, partiu para o ataque frisou que ninguém vai vencer no grito, ocasionando assim mais um bate-boca entre eles em que a senadora Kátia afirmou ser ele “desonesto”.

    “Não há absolutamente nenhuma acusação a parlamentar, o que eu disse foi o contrário. Se a senadora Kátia Abreu por um motivo ou outro não entendeu ou não pôde ouvir, o que eu disse, senadora, foi o oposto. O que eu disse foi que essa pressa exagerada, esse atropelo do presidente Davi Alcolumbre mantendo ao mesmo tempo a ordem do dia e a comissão de orçamento vai ser traduzido para a sociedade dessa forma e completei o que eu não acredito ser verdade, está aí registrado. Eu não trabalho com duas conversas. Para pontuar do jeito como está o padrão de reunião agora, a senhora me verbalizou aqui neste plenário, aí de onde a senhora está, que não vai dar 30 bilhões para esse doido administrar. Alguém acha aqui que é no grito que se ganha as coisas? Gritar todo o mundo grita”, emendou o senador sergipano.

    (por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)


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