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- Contato Brasil, 20 de abril de 2024 05:30:00
( Publicada originalmente às 20h 36 do dia 05/03/2020)
(Brasília-DF, 06/03/2020) A mudança na direção da presidência da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) ocorrida na última terça-feira, 3, irritou boa parte da bancada federal pernambucana. Pelo menos foi o que apurou a reportagem da Política Real.
Um dos padrinhos da indicação do ex-senador Douglas Cintra (PTB-PE) para o cargo que assumiu em dezembro e que foi exonerado, agora, menos de três meses depois, falou a reportagem em tom de que estava mandando um aviso ao governo: "a partir de agora vamos exigir isonomia em todos os casos".
Cintra, que na época quando assumiu a função enfrentava uma verdadeira resistência de bolsonaristas, que o acusavam de ser aliado do PT por ter sido suplente do ex-senador Armando Monteiro (PTB-PE) que foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, tinha dois padrinhos pela sua indicação dentro da bancada de Pernambuco na Câmara.
Um deles é Fernando Rodolfo (PL-PE). O outro, um dos mais bolsonaristas da bancada, conversou com a reportagem – na condição de manter o anonimato – afirmando que "não faz sentido" essas campanhas nas redes sociais contra as biografias de pessoas só porque se aliaram, em certo momento, com um outro governo.
"Mas já que é assim, então vamos exigir tratamento isonômico a partir de agora em todas as indicações. O que vale para um tem que valer para todos", reclamou nessa quarta-feira, 4, no plenário Ulysses Guimarães da Câmara durante a sessão do Congresso Nacional que manteve o veto do presidente Jair Bolsonaro e que impede que o relator do orçamento da União, deputado Domingos Neto (PSD-CE), passe a ter autonomia para aplicar R$ 30 bilhões.
A escolha de Cintra, apesar de requerida por dois deputados pernambucanos, foi avalizada pelos coordenadores da bancada pernambucana, os deputados Augusto Coutinho (SD-PE) e Wolney Queiroz (PDT-PE), em conjunto com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). E todos foram surpreendidos na última terça quando o nome do petebista aparecia exonerado no Diário Oficial da União(DOU). Mas, procurados pela reportagem, não quiseram se manifestar. Apenas um deles disse reservadamente: "a luta continua".
Mas já outro parlamentar pernambucano procurado pela reportagem comentou, também na condição de anômimo, que a troca do ex-senador do PTB, Douglas Cintra, pelo neto do ex-prefeito de Campina Grande (PB), Edivaldo Cavalcanti da Cruz, aliado do ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), foi uma "clara intervenção" do novo ministro de Desenvolvimento Regional, o tucano potiguar Rogério Marinho, que está acomodando – segundo ele – nos órgãos e na estrutura da pasta "os interesses dos correligionários do PSDB".
Perguntado se a bancada federal pernambucana responderá de alguma forma a decisão que retirou Douglas Cintra do comando da Sudene, esse deputado – ligado aos partidos do "centrão" – informou que haveria, sim, medidas em que demonstrariam o descontentamento da bancada. No entanto, preferiu não antecipá-las.
(por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Araújo Jr)