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Nordestinas
  • 17/12/2019 07h38

    Nordestinos reagem a fala de Bolsonaro chamando de "energúmeno" educador Paulo Freire

    Nascido em Recife, o educacionista Paulo Freire reconhecido internacionalmente teve a honra defendida sobretudo por parlamentares região
    Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

    Presidente Bolsonaro fez dura crítica a Paulo Freire

    ( Publicada originalmente às 21h 12 do dia 16/12/2019) 

    (Brasília-DF, 17/12/2019) Diversos deputados e senadores, sobretudo do Partido dos Trabalhadores (PT) e de legendas da oposição, reagiram a fala do presidente Jair Bolsonaro que chamou nesta segunda-feira, 16, de "energúmeno" o educador recifense Paulo Freire – reconhecido internacionalmente e falecido desde 1.997.

    Muito ligado ao PT, partido que ajudou a fundar, o pernambucano Freire começou sua trajetória inovadora à frente da educação na gestão do governador Miguel Arraes (PSB) onde implantou o método de alfabetização que passou a levar o seu nome acelerando no processo, que permitiu milhares de pernambucanos terem acesso à leitura e à escrita.

    A declaração de Bolsonaro aconteceu após ele defender a decisão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de extinguir a TV Escola a qual afirmou, ainda, que o projeto elaborado graças a uma parceria com a Fundação Roquete Pinto estaria deseducando a população brasileira.

    Repercussão

    Vice-líder da minoria, o deputado José Guimarães (PT-CE) comentou que o "energúmeno" seria o ministro Weintraub, desconhecido – destaca ele – por 68% da população brasileira conforme pesquisa Datafolha.

    "Paulo Freire – referência internacional em Educação. Sua metodologia é replicada em importantes universidades como Oxford. Patrono da Educação Brasileira. Weintraub – inexpressivo, ataca docentes e alunos, critica as universidades. Quem é mesmo o energúmeno, Bolsonaro?", perguntou o petista cearense.

    "Já dizia aquela lei universal: "o que me incomoda no outro está mal resolvido em mim". Pois bem, Paulo Freire, que tanto fez pela educação brasileira, foi chamado de "energúmeno" por quem nada fez pelo ensino. Quem é o energúmeno mesmo?", questionou novamente José Guimarães, compartilhando em suas redes sociais uma reportagem do site “The Intercept” intitulada "Harvard e Oxford adoram Paulo Freire".

    Amplo currículo

    O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), não classificou a fala do presidente da República. Apenas destacou que o seu conterrâneo foi agraciado em vida por mais de 35 títulos de "doutor honoris causa" por várias universidades das Américas e da Europa. Além de ter sido o vencedor do prêmio Unesco de educação no ano de 1.986.

    "Paulo Freire – Um dos mais notáveis pensadores da pedagogia mundial. O brasileiro mais homenageado da história, com pelo menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América. Prêmio da UNESCO de Educação para a Paz em 1986", registrou o senador petista.

    Fundo do poço

    Pelo PDT, o líder da legenda no Senado – Weverton afirma que a declaração de Bolsonaro aponta para o "fundo do poço" em que o país se encontra na área.

    "O presidente chamar um dos maiores educadores brasileiros de 'energúmeno' mostra a profundidade do poço no qual a educação do nosso país está sendo jogada. É absurdo atrás de absurdo. Mas o que esperar de um governo que tem aversão a conhecimento e livre pensar?", perguntou o pedetista maranhense.

    Ataques ao ideário

    Aliada da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), a deputada Natália Bonavides (PT-RN), afirmou que os ataques sucessivos de Bolsonaro a figura e ao pensamento de Paulo Freire demonstram uma "obsessão" contra o que representa o ideário do educador.

    "O que Bolsonaro e seus ministros da educação não toleram, é a perspectiva de que a educação pública possa ser libertadora. Por isso a obsessão em atacar Paulo Freire. Uma educação libertadora ameaça aqueles que desejam total obediência. Viva Paulo Freire!", exclamou.

    Repúdio

    Prefeita de São Paulo entre 1.989 e 1.992, a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) que teve Paulo Freire à frente da secretaria municipal paulistana de Educação repudiou a nova agressão feita pelo presidente brasileiro a um dos maiores educadores que o país já teve.

    "Bolsonaro não perde a oportunidade de permanecer calado. Insiste em atacar Paulo Freire, por que é um presidente inimigo da Educação. O Patrono da Educação Brasileira dispensa apresentações", falou Erundina.

    "[Freire é] o terceiro pensador mais citado em trabalhos acadêmicos do mundo. Patrono da educação brasileira. Tem o único livro brasileiro entre os 100 mais populares em universidades de língua inglesa. Só tem um energúmeno nessa história toda: Jair Bolsonaro", comentou citando a nota do PSOL sobre mais um ataque do presidente brasileiro ao educador.

    (por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)

     


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