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- Contato Brasil, 11 de dezembro de 2024 00:16:24
Gil Maranhão
Agência Política Real
(Brasília-DF, 19/05/2017) No momento em que o Palácio o Planalto corre desesperadamente atrás de votos para aprovar as reforças da Previdência e Trabalhista, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, respectivamente, a base aliada do governo Michel Temer começa a desmoronar. E o barco do governo, que acaba de completar um ano de gestão, parece perder o norte.
O alvoroço – ou descontentamento – dos governistas veio à tona após a divulgação de áudio mostrando encontro do presidente da República Michel Temer com o empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, em março deste ano. E o mais grave: o seu provável envolvimento na compra do silencio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em relação às investigações da Operação Lava Jato.
Para aprovar a reforma da Previdência na Câmara, por exemplo, são necessários 308 votos. O texto está há duas semanas com trâmite paralisado, sem ir à votação no Plenário. Na semana passada Temer trabalhava em ter 320 a 330 votos garantidos para levar a proposta para votação. Quando da aprovação da reforma Trabalhista, em abril, o governo só teve 296 votos.
PPS – menos 09 votos
Dois partidos já divulgaram notas anunciando oficialmente saída do governo. O Partido Popular Socialista (PPS), que tem 09 deputados, foi o primeiro a deixar o barco governista. É o partido do relator da Reforma da Previdência, deputado federal Arthur Oliveira Maia (BA) – que ainda não disse qual é a sua posição pessoal. Tinha também dois ministros: os pernambucanos Roberto Freire – que já entregou o cargo, e Raul Jungmann - que decidiu ficar.
Em nota divulgada à imprensa, o presidente nacional do PPS, Davi Zaia, justificou a posição da legenda. “ Tendo em vista a divulgação do conteúdo da delação premiada de sócios da JBS envolvendo o presidente Michel Temer e a gravidade da denúncia, o PPS (Partido Popular Socialista) decidiu deixar o governo federal”.
“Neste sentido, o ministro da Cultura, Roberto Freire, entregou ao presidente Temer seu pedido de afastamento do cargo nesta quinta-feira (18). O ministro da Defesa, Raul Jungmann, que também é filiado ao partido, irá permanecer na função pela relevância de sua área de atuação de segurança do Estado brasileiro neste momento de crise e indefinições”, conclui a nota.
PTN, menos 07 deputados
O Partido Trabalhista Nacional (PTN), que mudou recentemente de nome para “Podemos”, e tem 07 deputados federais, foi o segundo a abandonar o barco de Temer. O partido é liderado na Câmara pelo deputado Alexandre Baldy (GO).
Na tarde da quarta-feira, 18, o ex-PTN já estava fazendo coro, no Salão Verde do Congresso, no ato promovido por seis partidos da oposição para apresentar à imprensa pedido de impeachment de Temer – oito até o momento, após a nova crise política da República (já se encontra na Câmara outros 03 pedidos, e 01 foi arquivado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia, este ano).
Com um pé fora do barco
Cinco outros partidos da base governista na Câmara estarão realizando reuniões nos próximos dias para avaliarem o atual momento da conjuntura política nacional e decidindo se saem ou permanecem no governo.
Um deles é o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que se reúne neste sábado, 20, para tomar posição. Há meses o partido vem dando sinais de descontentamento com o Planalto e suas reformas – inclusive mais da metade dos 35 deputados federais que integram a bancada socialista votaram contra Reforma Trabalhistas, em abril.
Logo após a divulgação do áudio envolvendo Michel Temer com Eduardo Cunha, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, pediu para o único ministro do partido a integrar o governo, Fernando Coelho Bezerra Filho (Minas e Energia), entregasse o cargo.
PSD e tucanos
O PSD, que tem 37 deputados, vai se reunir no domingo, 21, para avaliar o quadro atual e o seu posicionamento, segundo informou o líder da bancada, o deputado federal Marcos Montes (MG).
Já o PSDB – que trocou o presidente nacional da legenda, Aécio Neves (MG) pelo senador Tasso Jereissanti (CE), após o envolvendo do senador mineiro com o esquema de propina da JBS, como foi denunciado pelos delatores - vai decide o seu futuro no governo na próxima semana. O partido tem 47 deputados federais e é a maior legenda de apoio ao governo peemedebista de Temer.
Pequeno, mais com votos
Partidos de menores portes, mas com votos suficientes para somarem na aprovação das reformas do governo, também revelaram desconforto com as denúncias envolvendo Temer-Cunha, e vão analisar a situação na próxima semana.
O PRB, bancada que tem 23 deputados (logo, 23 votos) e um ministro no governo - também enrolado nas delações da JBS, o deputado Marcos Pereira (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) -, marcou reunião para terça-feira, 23, para tomar sua decisão.
Não solidário à crise
O Partido Humanista da Solidariedade (PHS), quem tem 07 deputados federais, dá demonstração de que não é nada solidário à nova crise política do Brasil. O partido hesita entre sair ou ficar no barco de Temer.
Mas o líder da bancada, deputado Diego Garcia (GO), é um dos autores dos 08 pedidos de impeachment contra Temer, protocolados nesses dois dias na Secretaria Geral da Mesa (SGM) da Câmara dos Deputados.
(Por Gil Maranhão - Agência Política Real. Edição: Genésio Jr.).