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( Publicada originalmemente às 14 h 30 do dia 03/07/2025)
Com La Nacion
(Brasília-DF, 04/07/2025). Segundo o jornal “La Nacion”, às 12h30 desta quinta-feira, 03, a mesma hora de Brasília, após deixar a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, quando se encontrou, de forma protocolar com o presidente da Argentina, Javier Milei, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou no apartamento localizado na Rua San José, 1111, onde Cristina Kirchner está em prisão domiciliar.
Foi uma entrada rápida, reforçada pelo chefe de segurança do ex-presidente, Diego Carbone, que o aguardava na porta. Alguns ativistas se aglomeraram contra as barreiras para recebê-lo. Além disso, outros membros da comitiva de Lula cruzaram a porta.
Lula obteve autorização da Justiça para visitar a ex-presidente, que está presa cumprindo pena por corrupção em obras públicas.
Em mensagem nas redes sociais, Cristina Kirchner publicou fotos do encontro com o brasileiro.
“HOJE RECEBEMOS O COMPANHEIRO @LulaOficial em minha casa, onde estou em prisão domiciliar por decisão de um Judiciário que há muito tempo deixou de esconder sua subordinação política e se tornou um partido político a serviço do poder econômico”, escreveu a ex-presidente.
E acrescentou: “Lula também foi perseguido, também usaram a guerra jurídica contra ele até prendê-lo, também tentaram silenciá-lo. Não conseguiram. Ele voltou com o voto do povo brasileiro e de cabeça erguida. Por isso, hoje, SUA VISITA FOI MUITO MAIS DO QUE UM GESTO PESSOAL: FOI UM ATO POLÍTICO DE SOLIDARIEDADE. Os olhos do mundo observam atentamente enquanto a ARGENTINA EXPERIMENTA UMA VERDADEIRA E AUTÊNTICA DERROTA AUTORITÁRIA NAS MÃOS DO GOVERNO MILEI; NO QUE PODEMOS IDENTIFICAR COMO TERRORISMO DE ESTADO DE BAIXA INTENSIDADE.”
Em outra parte da mensagem, o ex-presidente observou: “Ontem mesmo, pudemos ver como Bullrich prendeu vários companheiros. Todos eles... mulheres, jovens e ativistas. Ele fez isso a pedido de José Luis Espert, para quem seus oponentes só merecem “cadeia ou um tiro”, assim como vimos em 18 de junho, quando identificaram e assediaram pessoas que marchavam para se mobilizar na Praça de Maio.”
“Custou-nos muito construir a DEMOCRACIA ARGENTINA para permitir que ela seja desmantelada passo a passo agora. No entanto, essa mesma democracia ESTÁ HOJE SENDO VAZIA POR DENTRO POR UM GOVERNO QUE SE AUTODIZ “LIBERTÁRIO”… MAS SÓ DÁ LIBERDADE AOS MAIS RICOS. Podemos ver isso diariamente nas violações da liberdade de imprensa. A Repórteres Sem Fronteiras já apontou que a Argentina foi o país com o maior declínio da liberdade de imprensa no mundo… 47 lugares nos dois anos em que Milei foi presidente. E isso antes mesmo do fotojornalista Pablo Grillo ficar em coma por documentar a marcha dos aposentados”, argumentou Cristina Kirchner.
E ele continuou: "E o que veio depois?... UM PLANO SECRETO DE INTELIGÊNCIA NACIONAL, AUTORIZANDO ESPIONAGEM DOMÉSTICA a qualquer um que "corroa a confiança" na narrativa oficial. E quem decide o que corrói a confiança? Caputo? Karina? Conan?"
Em outro trecho de sua mensagem, a ex-presidente criticou a ministra da Segurança, Patricia Bullrich. "E como se não bastasse, AGORA BULLRICH QUER QUE A POLÍCIA FEDERAL POSSA MONITORAR O QUE AS PESSOAS PUBLICAM NAS REDES SOCIAIS SEM MANDADO JUDICIAL, ALÉM DE PRISÕES PREVENTIVAS SEM NENHUM CRIME... Você está reclamando do país?... Você está zombando do governo em uma plataforma de rede social?... Aí talvez a polícia venha bater na porta. Já vemos isso acontecer em outros países, e parece que eles querem importar isso também. Essa é a tendência autoritária...", disse ela. E acrescentou, em letras maiúsculas: "Este é o terrorismo de Estado de baixa intensidade que a Argentina está vivenciando. ESTÃO TRANSFORMANDO O PAÍS EM UM EXPERIMENTO CONTINENTAL. Assim como Pinochet fez do Chile o laboratório dos Chicago Boys, hoje querem que nosso país seja o campo de testes para Milei e os Caputo Boys. Mesma cartilha: SALÁRIOS DE FOME, PRIVATIZAÇÃO TOTAL, SUBMISSÃO ABSOLUTA AO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL."
A ex-presidente não parou por aí. "O que completa esse quadro sombrio... é o que estamos vivenciando: a imprensa reprimida por medo do presidente, das ordens do chefe ou da perda de publicidade; leis repressivas; líderes da oposição impedidos de pisar em suas sacadas. Tudo isso faz parte de um ataque preventivo à capacidade de organização do povo. Principalmente diante do que vem depois de outubro, quando Caputo já anunciou que a verdadeira motosserra está chegando: reforma da previdência, reforma trabalhista e reforma tributária", alertou.
Então, Cristina Kirchner lançou um desafio e pediu à oposição que se organizasse. “Mas não vai dar certo para eles. E eles sabem que SE O POVO FALAR, SE SE ORGANIZAR, SE SE DEFENDER... NÃO CONSEGUIRÁ. Assim como as centenas de milhares que se mobilizaram na Praça de Maio em 18 de junho. Eram muitos para se intimidarem. E, além disso, NÓS, ARGENTINOS, SOMOS MUITOS PARA FICARMOS SOZINHOS, ASSUSTADOS E VIGIADOS”, disse ela.
Ele reforçou seu descontentamento listando os aumentos de tarifas. "Ei, Milei... com essa onda de frio que estamos tendo... o que você está fazendo? A única coisa que você consegue pensar é em colocar mais 6,4% de acréscimo nas contas?... TARIFAS AO ALTO, aquecedores desligados, você falando sobre como fez um bom trabalho no Mercosul... e VOCÊ SAIU DE MAR DEL PLATA SEM GASOLINA? Qual é, mano... CONTINUA VENDENDO FUMAÇA... pena que não esquenta", concluiu sua postagem em prisão domiciliar.
O presidente brasileiro também deu sua versão do encontro em sua conta no X. Ele descreveu Cristina Kirchner como uma “amiga” e “companheira” das “ideias de justiça social e combate à desigualdade”.
Permissão judicial
O advogado de Cristina Kirchner, Carlos Alberto Beraldi , teve que apresentar um pedido formal de autorização para a visita da presidente brasileira aos juízes da Segunda Vara Federal de Direito Oral, Jorge Gorini, Gonzalo Giménez Uriburu e Andrés Basso. Ele obteve autorização ontem.
O juiz Gorini havia determinado que, durante a visita de Lula, a tranquilidade do bairro não deveria ser perturbada, como já havia acontecido no passado com manifestações de apoio ao ex-presidente.
( da redação com La Nacion. Edição: Política Real)