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( Publicada originalmente às 10h 00 do dia 30/04/2025)
(Brasília-DF, 01/05/2025). Na manhã desta quarta-feira, 30, o Banco Central(BC) divulgou a sua Estatísticas Monetárias e de Crédito com os dados atualizados até março de 2025. Os números revelam aumento nas taxas de juros, porém, mesmo assim, houve avanço na oferta de crédito
Em março, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro atingiu R$18,8 trilhões (156,7% do PIB), com alta de 0,2% no mês, refletindo, principalmente, os acréscimos de 0,5% nos títulos públicos de dívida e de 1,6% nos títulos de dívida securitizados, compensados pelo decréscimo de 2,0% nos empréstimos externos, impactado pela apreciação cambial no mês. Em doze meses, o crédito ampliado cresceu 13,3%, com avanços de 16,3% nos títulos de dívida e de 9,3% nos empréstimos do sistema financeiro nacional.
O crédito ampliado às empresas somou R$6,6 trilhões em março (54,7% do PIB), com ligeiro decréscimo no mês, 0,1%, ressaltando-se a elevação de 1,1% em títulos de dívida e o recuo de 2,0% nos empréstimos externos. Em relação a março de 2024, o crescimento de 14,5% do saldo do crédito ampliado às empresas decorreu, principalmente, das elevações de 24,1% em títulos de dívida e de 14,6% nos empréstimos externos.
O crédito ampliado às famílias situou-se em R$4,3 trilhões (36,2% do PIB), com expansões de 0,7% no mês e de 11,7% em doze meses, refletindo, basicamente, o desempenho dos empréstimos do SFN.
Operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN)
O saldo das operações de crédito do SFN avançou 0,6% no mês, totalizando R$6,5 trilhões em março. Esse desempenho resultou dos avanços de 0,5% e de 0,7% nas carteiras de crédito às pessoas jurídicas e às pessoas físicas, respectivamente, cujos saldos situaram-se em R$2,5 trilhões e R$4,0 trilhões, na mesma ordem. Comparativamente ao mesmo período do ano anterior, o ritmo de expansão do crédito do SFN desacelerou, passando de 11,0%, em fevereiro, para 9,9% em março. Nas mesmas bases de comparação, o crédito destinado às empresas e às famílias também desacelerou, passando de 9,9%, em fevereiro, para 7,4% em março no tocante às empresas e de 11,7% para 11,5% relativamente às famílias.
O saldo das operações de crédito com recursos livres somou R$3,7 trilhões em março, com incrementos de 0,6% no mês e 8,6% em doze meses. O crédito livre para pessoas jurídicas aumentou 0,5% no mês e 5,0% em doze meses, alcançando R$1,5 trilhão. Esse desempenho decorreu, principalmente, da evolução das carteiras de desconto de duplicatas e outros recebíveis (6,6%), impulsionado por fatores sazonais, capital de giro com prazo até 365 dias (4,5%) e conta garantida (4,6%), atenuado, em parte, pela redução dos estoques de antecipação de faturas de cartão de crédito (-7,2%), financiamento a exportações (-2,5%) e adiantamentos de contratos de câmbio – ACC (-2,6%).
O saldo das operações de crédito livre às pessoas físicas somou R$2,2 trilhões em março, com incrementos de 0,6% no mês e 11,3% comparativamente a março de 2024. Esse desempenho decorreu, basicamente, das expansões das carteiras de cartão de crédito à vista (1,6%) e de financiamento para aquisição de veículos (1,0%).
O saldo das operações de crédito com recursos direcionados registrou crescimento mensal de 0,7% e de 11,7% em doze meses, somando R$2,7 trilhões em março. Por segmento, o crédito direcionado às empresas alcançou R$911,4 bilhões, com altas de 0,5% no mês e de 11,8% comparativamente ao mesmo período do ano anterior, enquanto nas operações pactuadas com as famílias o saldo aumentou 0,8% e 11,7%, na mesma ordem, atingindo R$1,8 trilhão.
As concessões nominais de crédito do SFN atingiram R$600,5 bilhões em março. Nas séries com ajuste sazonal, as concessões diminuíram 0,8% no mês, com redução de 3,7% nas operações pactuadas com pessoas jurídicas e incremento de 2,2% nas com pessoas físicas. Nos doze meses acumulados até março, as concessões nominais cresceram 15,0%, com acréscimos de 18,2% nas operações com contratadas com pessoas jurídicas e de 12,5% nas pactuadas com pessoas físicas. As concessões médias diárias, em março, cresceram 8,1% comparativamente ao mês anterior, ressaltando-se a ocorrência de um dia útil a menos em março em relação a fevereiro.
A taxa média de juros das novas contratações de crédito atingiu 31,3% a.a. em março, com incrementos de 0,9 p.p. no mês e de 3,1 p.p. em doze meses. Nas operações pactuadas com empresas, a taxa média de juros aumentou 1,9 p.p. no mês e 3,9 p.p. comparativamente ao mesmo período do ano anterior, situando-se em 22,8% a.a. Nas operações pactuadas com famílias, a taxa média de juros alcançou 35,4% a.a., com acréscimo mensal de 0,5 p.p. e de 2,6 p.p. em doze meses
O spread bancário, que mede a diferença entre as taxas médias de juros das operações de crédito e o custo de captação, aumentou 0,1 p.p. no mês e manteve-se estável na comparação com igual período do ano anterior, situando-se em 19,4 p.p.
Nas operações de crédito livremente pactuadas, a taxa média de juros situou-se em 44,0% a.a., com altas de 0,5 p.p. no mês e 3,6 p.p. em doze meses. Nas novas contratações de crédito livre destinado às pessoas jurídicas, a taxa média de juros alcançou 24,6% a.a., com incrementos de 0,8 p.p. no mês e de 3,5 p.p. em doze meses. Nesse cenário, foi determinante para a expansão da taxa média do segmento de pessoas jurídicas, o incremento de 9,0 p.p. na taxa média das operações de cheque especial.
Nas operações de crédito livre às famílias, a taxa média de juros aumentou 0,3 p.p. no mês e 3,0 p.p. na comparação com igual período do ano anterior, atingindo 56,4% a.a. Esse resultado foi determinado, basicamente, pelo avanço de 2,5 p.p. na taxa média praticada nas operações de cartão de crédito rotativo.
Em março, o efeito da alteração na composição dos saldos (efeito saldo) mostrou-se determinante para a elevação das taxas médias de juros do crédito livre, atenuado, em parte, pelo efeito da variação das taxas de juros (efeito taxa), conforme mostra a tabela a seguir.
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de toda a carteira de crédito do SFN, situou-se em 22,3% a.a. em março, avançando 0,1 p.p. no mês e 0,4 p.p. em 12 meses.
O percentual de inadimplência das operações de crédito total do SFN, considerados os atrasos superiores a 90 dias, alcançou 3,2% da carteira, mantendo-se estável no mês e em doze meses.
Nas operações livremente pactuadas, o percentual de inadimplência manteve-se estável no mês e observou redução de 0,1 p.p. em doze meses ao atingir 4,4% da carteira. A inadimplência da carteira de crédito livre às empresas e às famílias situou-se, respectivamente, em 2,8% e 5,6%, com estabilidade no mês e comportamentos distintos em doze meses, com redução de 0,4 p.p. para as pessoas jurídicas e aumento de 0,2 p.p. relativamente às pessoas físicas.
O endividamento das famílias situou-se em 48,2% em fevereiro, com queda de 0,3 p.p. em relação ao mês anterior e elevação de 0,4 p.p. em doze meses. O comprometimento de renda aumentou 0,1 p.p. no mês e 1,3 p.p. em doze meses, alcançando 27,2%, maior nível desde julho de 2023.
Agregados monetários
A base monetária alcançou R$443,3 bilhões no mês de março, elevação de 0,5% no mês e 6,1% em doze meses. No mesmo período, o volume de papel-moeda em circulação diminuiu 0,5% e as reservas bancárias cresceram 4,5%.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, apresentaram-se expansionistas as operações com títulos públicos federais (R$24,2 bilhões, resultado de resgates líquidos de R$52 bilhões no mercado primário e vendas líquidas de R$27,8 bilhões no mercado secundário) e as do setor externo (R$2,1 bilhões). No sentido contracionista destacaram-se as operações do Tesouro Nacional (R$4 bilhões), as com derivativos (R$9,9 bilhões) e os depósitos de instituições financeiras (R$20,4 bilhões, influenciados principalmente por recolhimentos de depósitos voluntários a prazo, -R$23,7 bilhões, liberação de recursos de caderneta de poupança, R$2,1 bilhões, e de recursos de depósitos de garantias em espécie vinculadas a Linhas Financeiras de Liquidez – LFL, R$1 bilhão).
Os meios de pagamento restritos (M1) somaram R$606,8 bilhões, redução de 3,3%, decorrente da diminuição dos depósitos à vista e do papel-moeda em poder do público em 5,3% e 1,1%, respectivamente. Considerando-se dados dessazonalizados, o M1 retrocedeu 2,3% no período.
Os agregados monetários no conceito M2 aumentaram 0,3% no mês, com saldo total de R$6,6 trilhões, refletindo o aumento do saldo dos títulos privados emitidos por instituições financeiras (1,0%), que totalizou R$5,0 trilhões em março. No período, o saldo dos depósitos a prazo registrou variação de 0,7%, enquanto os saldos das letras financeiras e das letras de crédito variaram, respectivamente, 0,3% e 2,5%. O saldo dos depósitos de poupança atingiu R$1,0 trilhão após contração de 0,6%. O M3 avançou 0,6% em março, totalizando R$12,1 trilhões, resultado do crescimento do M2 e do saldo das quotas de fundos monetários que totalizou R$5,3 trilhões (0,6%). As operações compromissadas com títulos públicos federais avançaram 0,4%, enquanto as operações com títulos privados aumentaram 15,3%. O M4 cresceu 1,0% no mês, totalizando R$13,6 trilhões. Em 12 meses, a variação foi de 10,8%.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)